Gato Preto-Capítulo 11

    0:00 min       GATO PRETO     CAPÍTULO 11
42:00 min    



CYBERTV APRESENTA
GATO PRETO


Minissérie de
Cristina Ravela

Capítulo 11 de 13




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ATO DE ABERTURA
FADE IN
= = FLASH-FORWARD = =
CENA 1 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA
PLANO GERAL – A família reunida, alguns sentados, outros em pé, na expectativa.
Tarsila e Wagner, arrumados para uma festa, aguardam ao lado de uma Alice nervosa. Esta cruza o olhar com Alessandro, que mantém a pose de durão; Olhares entre Walter e Noel cruzam-se em meio a burburinhos.
Avelino, segurando uma pasta com documentos, respira fundo, de cara amarrada.
            AVELINO
Eu chamei todos aqui porque preciso corrigir um erro do passado. (T) Há dez anos, cometi uma injustiça.
Enquanto ele discursa, CAM dá alguns flagras nas reações da família.
            AVELINO
Eu realmente acreditei que Maria Alice portava drogas, e isso, pra mim, era inadmissível. Pior ainda era ver o meu filho, Noel, prestando todo apoio a ela. No calor do momento, deserdei ambos e mandei embora daqui.
Walter encara-o, faz um sinal com a cabeça para Avelino prosseguir. Avelino pigarreia, trinca os dentes, mas disfarça bem.
            AVELINO
Eu impedi que o caso fosse mais além na polícia, mas, para isso, pedi que a minha irmã Tarsila nunca revogasse a herança. (T) A herança do nosso pai, que eu havia declarado não existir.
Em Alice e Tarsila, emocionadas. Noel olha para Walter, e ambos sorriem, vitoriosos.
           AVELINO
Portanto, a partir de hoje, Tarsila, Walter e Mazinho receberão suas devidas partes.
Avelino encara Noel; Olhares fuzilantes.
           AVELINO
E Maria Alice e Noel voltam para o testamento. Aqui está o documento, lavrado em cartório, caso alguém tenha dúvidas.
Avelino deixa a pasta sobre a mesa.
           AVELINO
E com isso, dou por encerrada a reunião.
CENA 2 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE NOEL – NOITE
A CAM enquadra apenas o estreito corredor e uma parte do quarto vazio. Dalí, Noel surge, de cabelos molhados, ajeitando o paletó marrom. Caminha distraído, até dar com alguém ao seu lado.
Avelino aponta a arma para o filho, enfurecido.
            AVELINO
Agora somos só nós dois, seu filho da puta.
CLOSE em Noel, assustado.
= = FIM DO FLASH-FORWARD = =
FADE OUT
FADE IN
CENA 3 INT. - DELEGACIA – DIA
Legenda: Horas antes
Paulo acaba de entrar, sorridente, conduzido por Lucas. Dá um abraço em João, em clima animado.
            JOÃO
Finalmente, Paulo! Seu advogado conseguiu o habeas corpus.
Paulo estende a mão para Luíz e puxa-o para um abraço. Dão aquele tapinha nas costas, sem cerimônia.
            PAULO
Muito obrigado! (para João) Vou ficar eternamente grato, patrão.
            JOÃO
Você faz falta na fazenda, rapaz. (ri) Vamos?
João cumprimenta Alcântara e SAI com Paulo e Luíz. Assim que eles SAEM, o delegado contorna a mesa, decidido.
            ALCÂNTARA
Menos um suspeito.
            LUCAS
Que venha o próximo.
O delegado se senta e balança a cabeça positivamente.
CENA 4 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Fachada. Um jipe marrom estacionado.
CENA 5 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE WALTER – DIA
Noel abrindo a porta, dá uma leve batida. Walter vem do banheiro, secando o rosto com uma toalha.
            WALTER
Ô Noel, chega aí!
Noel ainda espia o corredor, adentra e fecha a porta.
            WALTER
Algum problema?
Noel aproxima-se, fazendo suspense.
             NOEL
Sim, ahn... na verdade, não. Eu ouvi sua conversa com o meu pai, tio. (toca seu ombro) Quanta audácia, hen. Gostei.
Walter mostra-se abismado.
             WALTER
Você ouviu tudo?
            NOEL
Sim! Meu pai queria matar a Maria José. Essa garota tá dando sorte de ficar viva, tio. O senhor a salvou.
Walter inquieta, anda pelo ambiente, incomodado. Volta-se, de repente.
            WALTER
Eu ameacei o Avelino, Noel. Se ele não ceder, o que eu farei? Aquele vídeo não torna a vida dele tão grave assim. Ele é bom de contornar as coisas.
            NOEL
Calma, tio. Se o vídeo não representasse nenhum perigo pra ele, Maria José não teria sofrido os ataques. Ele, no fundo, tem medo de perder a reputação, então calma.
Walter põe as mãos na cintura, não satisfeito com a situação. Noel observa.
            NOEL
Tio, o senhor ficou assim porque a Alice quase morreu, né? (Walter paralisa) Digo, meu pai chegou ao extremo, por isso essa sua atitude?
            WALTER
(gagueja) Claro...(respira / disfarça) Avelino passou de todos os limites. Mas não to confiante que ele vá reparar todos os erros. Inclusive, ter te deserdado.
Noel toca em seu ombro, firme.
            NOEL
Seria um belo presente de natal se ele pedisse perdão, não é? Mas se ele pagar o que deve a vocês, ficarei feliz. Conte comigo, viu?
Walter sorri, esperançoso, e ambos abraçam-se.
CENA 6 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA
Walter vem descendo as escadas no pulo, com a sua bolsa a tiracolo. Nem vê Cícero, parado próximo à porta, comendo uns biscoitos.
            CÍCERO
(deboche)
Atrasado, filho?
Walter se assusta. Recompõe-se.
            WALTER
(grosso)
Vai depender do assunto.
            CÍCERO
Hmm...Tá nervosinho, tá? Botando as manguinhas de fora?
Walter revira os olhos e já vai saindo.
            CÍCERO
(malicioso)
Tá assim desde que a Alicezinha quase morreu, né?
Walter para, pensa rápido e dá uma olhada mortal para Cícero.
            CÍCERO
Eu vi vocês de cochicho outro dia. Você tem que disfarçar melhor a sua cara de bobo apaixonado, viu Waltinho? (risadinha irônica) Porque tio com sobrinha é incesto, sabia?
De surpresa, Walter pega no colarinho de Cícero, fazendo este derrubar os biscoitos.
            WALTER
Espalha isso pra alguém que eu esqueço que a sua filha tá jurada de morte nesta CASA!
E solta Cícero, assustadíssimo com aquela reação. Walter vai embora. Em Cícero, esfregando a mão no colarinho.
FADE TO BLACK
FIM DO ATO DE ABERTURA

CAPÍTULO 11
OLHO POR OLHO
DENTE POR DENTE

PRIMEIRO ATO
FADE IN
CENA 7 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Walter saindo, injuriado. Abre a porta do jipe, prepara-se para entrar.
            HOMEM #1
(O.S)
Seu Walter Santos?
Walter espia um homem engravatado, munido de uma pasta e um documento.
            WALTER
Pois não?
            HOMEM #1
Sou oficial de justiça. Por favor, assine aqui? É uma intimação para o senhor comparecer à delegacia.
Walter pega a caneta e o documento; Assina. Após, entrega a caneta. O oficial despede-se, assentindo com a cabeça. Walter olha para o documento, preocupado.
CENA 8 INT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA / QUARTO DE HÓSPEDES – DIA
Tarsila, de frente para o espelho da penteadeira, passa batom. Alice atrás, inquieta.
            ALICE
Seja lá quem matou a Catarina, essa pessoa sabia do testamento, mas não da doença dela. Pra quê ia se arriscar, se podia esperar mais um pouco?
Tarsila fecha a tampa do batom e vira-se para a filha.
            TARSILA
Alice, eu já to achando perigoso demais essa sua estada aqui. Você e o Noel já sofreram atentados; A Maria José também. Será que vale a pena lutar por uma herança que nem devia ser de vocês?
            ALICE
A senhora tá desistindo?
            TARSILA
Eu e o seu pai só estamos aqui porque o João queria que déssemos apoio a vocês. (reluta / faz a negativa) Mas não sei. (Vai até a cama / arruma uma bolsa)
Eu só não quero me arrepender de ter apoiado isso.
            ALICE
A senhora perdeu uma herança que era sua, mãe. O Noel disse que o Walter tem uma carta na manga pra obrigar o tio Avelino a pagar o que deve.
Tarsila segura as suas mãos, sem a menor confiança.
            TARSILA
Filha...Eu adoro o Walter, melhor irmão não há. Mas ele não tem cacife pra bater de frente com o Avelino. Não tem!
Alice mostra-se vencida, abaixa a cabeça. Tarsila toca seu rosto, sorri.
           TARSILA
Mas eu não vou pedir que você desista. Faço também pelo Noel, tão injustiçado quanto você.
As duas abraçam-se. Tempo no abraço.
          TARSILA
Wagner! Vou esperar o mocinho lá embaixo, hen!
          WAGNER
(O.S)
Tô indo!
As duas riem. Tarsila segue até a porta, abre e SAI.
Alice quase senta na cama, desolada, quando Wagner vem lá de dentro, penteando os cabelos rasos.
          WAGNER
Filha, escuta, não dê ouvidos a sua mãe, tá? Agora mesmo que você tem que mostrar pra aquele velhaco quem tem poder aqui.
            ALICE
Também acho, mas não basta fazê-lo pagar o que deve; Temos que descobrir quem matou a Catarina e a Ana!
            WAGNER
Se quem matou a Catarina sabia do testamento, basta descobrirmos quem tinha acesso a essa informação.
            ALICE
O pai dela, certamente.
            WAGNER
E o advogado deles também.
Alice reage como a receber uma luz.
            ALICE
Claro! O doutor Rafael…
Em Wagner, assentindo.
CENA 9 EXT. - RUAS DA CIDADE – DIA – TEMPO DEPOIS
VISTA PANORÂMICA dos quiosques e a praia logo atrás, brilhante pela luz do sol. Poucos carros percorrem a estrada, com destaque para um táxi amarelo.
CORTE DESCONTÍNUO
O táxi adentra a PRAÇA, muito arborizada, repleta de gente e de carros, e para diante de um prédio. A porta abre-se e Alice desce. Olha para a fachada do prédio, dando uma geral na arquitetura simples, antiga, de dois andares e tom bege.
CENA 10 INT. - PRÉDIO / ESCRITÓRIO DE RAFAEL – DIA
Alice acaba de sentar numa cadeira. A sua frente, Rafael, já sentado, perante uma papelada sobre a mesa. Local típico de escritório, com pequenos armários, mesas, cadeiras, computador; Cores neutras complementam o ambiente.
            ALICE
Vejo que mesmo na véspera de natal, o senhor trabalha firme.
Rafael sorri, simpático.
            RAFAEL
Você deu sorte. Vou fechar depois de meio-dia. Mas diga lá, teve algum atrito com o Alessandro?
            ALICE
Atrito direto (Rafael ri), mas não é por isso que vim. Eu descobri, recentemente, que a Catarina tinha pouco tempo de vida.
Rafael franze as sobrancelhas; Estranha.
            ALICE
Um tumor na cabeça. Ela ia morrer de qualquer maneira, doutor. Quem a matou, não sabia disso.
Rafael, atordoado, põe a mão no queixo. Faz a negativa.
            RAFAEL
Não pode ser.
            ALICE
O senhor não sabia?
            RAFAEL
Não. Mas também, era um assunto delicado. De família. Estranho você não saber antes, eram tão unidas.
            ALICE
(cabisbaixa)
Pois é, mas é que...(encara-o, afoita) O senhor acredita em mim, né? Ela foi assassinada.
            RAFAEL
Sim, sim, mas no que posso ajudar?
Alice desliza as mãos sobre a mesa e segura as mãos do advogado, ansiosa.
            ALICE
Eu preciso saber quem mais sabia do testamento dela. Ela veio aqui com alguém sem ser o pai dela?
            RAFAEL
Filha, ela nem esteve aqui.
            ALICE
O testamento foi feito na fazenda?
            RAFAEL
Era mais cômodo pra ela. Na ocasião, estávamos só eu, ela e o João.
Alice afasta as mãos, recosta na cadeira; Frustrada.
            RAFAEL
A menos que alguém tenha escutado atrás da porta.
Alice desvia o olhar, pensa um pouco. Até que desperta, como a receber um “estalo”.
            ALICE
É, pode ser! E só pode ser uma pessoa.
Em sua expressão misteriosa.
CENA 11 EXT. - DELEGACIA – DIA
Poucos carros de polícia; Nas três bandeiras hasteadas.
CENA 12 INT. - DELEGACIA – DIA
Walter já encontra-se diante de Alcântara. O escrivão, do outro lado, registrando tudo.
            ALCÂNTARA
Então, você é chefe de cozinha? Hmm...E não costuma circular pelo salão principal?
            WALTER
Não, senhor.
            ALCÂNTARA
Curioso, porque...Geralmente, os clientes gostam de conhecer o chefe, a pessoa que coordena os pratos…
            WALTER
Geralmente não é sempre, seu delegado. Muitos me conhecem por eu ser o irmão de Avelino.
Alcântara faz que entende, enquanto analisa Walter.
            ALCÂNTARA
E isso te incomoda? Digo, incomoda as pessoas te conheceram por causa do seu irmão, e não, necessariamente, pelos seus dotes culinários?
Walter tem dificuldade pra cruzar o olhar com o delegado. Mostra-se nervoso.
            WALTER
Eu apenas disse que as pessoas não pedem para me conhecer, porque já me conhecem. Afinal, há alguma suspeita sobre mim?
            ALCÂNTARA
Estou apenas colhendo depoimentos, pois foi descoberto que a comida que envenenou Paulo saiu do restaurante onde você trabalha.
           WALTER
(atônito)
O quê? A comida...A comida envenenada saiu da minha cozinha?!
           ALCÂNTARA
Eu já mandei chamar o (confere num papel) Wagner e Tarsila Pimentel. Gerente e caixa do mesmo restaurante. Talvez, eu tenha mais sucesso, não?
Em Walter, de atônito, passa para uma expressão de fúria.
CENA 13 EXT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA – DIA
Alice aponta do portão, avista Paulo lá dentro.
            ALICE
Paulo!
Paulo vem correndo, abre o portão.
            PAULO
Alice, que bom que você veio! Preciso muito falar contigo.
            ALICE
Eu também. É ainda sobre o testamento de Catarina /
           PAULO
(corta)
Deixa eu falar primeiro. Eu...Eu não tenho tido paz desde que tudo aconteceu.
            ALICE
Compreendo. Ser preso por um crime que não cometeu /
            PAULO
(por cima / toma coragem)
Eu cometi um crime, Alice!
BAQUE.
            ALICE
O quê?
Paulo cobre o rosto, por instantes, aflito.
            PAULO
Você vai me odiar, mas eu não posso continuar com isso. Eu to vendo o cerco se fechar.
            ALICE
Do que cê tá falando?
            PAULO
A Catarina...Ela...Ela armou o próprio acidente.
CLOSE na expressão surpresa de Alice.
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 14 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA
Walter atravessa o ambiente, enfurecido. Noel, descendo as escadas, corre até ele, preocupado. Segura seu braço.
            NOEL
Tio! Tio! O senhor não tinha que tá no restaurante?
Walter volta-se, com sangue nos olhos.
            WALTER
Não me segura, não! Que a vontade que eu tenho é de trucidar o Avelino!
Walter larga dele. Noel vai atrás.
CORTE DESCONTÍNUO
NO ESCRITÓRIO, Avelino levanta-se, exaurido.
            AVELINO
Como é que é?! Cê já tá passando dos limites, Walter!
À frente dele, Walter e Noel, de pé, firmes. Mazinho, ao lado de Avelino, afrontoso.
            WALTER
Você é quem passou. (para Mazinho) Vocês dois!
            MAZINHO
Ih, eu hen, qualé, irmão? To de boa aqui.
            WALTER
(para Mazinho)
Você quase matou a Alice e o Noel pro Alessandro ficar com a grana. (para Avelino) Você quase matou a Maria José usando veneno na minha comida, só para me chantagear. Eu fui traído! Traído nesta casa, AGORA CHEGA!
           AVELINO
(trinca os dentes)
Você quer parar com isso?
           WALTER
Sabe por que o delegado me chamou? Hen? Pra dizer que o Paulo foi envenenado com a comida do restaurante. Com a minha comida!
            MAZINHO
Cara, cê não tá achando…?
            WALTER
(ignora)
Se eu decidir mostrar aquele vídeo pra polícia, você vai ter que se explicar.
Avelino põe as mãos sobre a mesa, encara-o, sem receio.
            AVELINO
Você vai insistir nisso? Hen? Trouxe esse moleque pra quê? Pra servir de testemunha?
            NOEL
Não, foi pra ver a sua cara de tacho mesmo.
            AVELINO
Infeliz!
Avelino quase mete a mão, mas Walter segura a tempo. No sorriso de escárnio de Noel.
            WALTER
Pague o que deve aos seus irmãos, e ninguém vai precisar se exaurir aqui.
Avelino derruba um pote de canetas no chão, fulo da vida. Walter e Noel se afastam, no susto.
            AVELINO
Você não é ninguém pra me chantagear!
            WALTER
Não é chantagem; É apenas um acordo. E tem mais! Inclua o Noel e a Alice de volta ao testamento.
            AVELINO
Mas isso nunca!
            WALTER
ISSO, SIM!
Forte impacto em Avelino e Mazinho. Na troca de olhares entre eles.
            WALTER
Precisou o seu filho preterido voltar pra eu enxergar o ninho de cobras onde eu tava, né? Antes tarde do que nunca! (T) Vamos, Noel.
Walter vai saindo, ainda encarando os irmãos. Noel sorri, debochado, deixando ambos quicando de raiva.
CENA 15 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE AVELINO – DIA (TEMPO DEPOIS)
Avelino SAI do banheiro, enrolado apenas na toalha. Chateado, esfrega as mãos nos cabelos úmidos e segue até um grande espelho. Dá uma ajeitada nos poucos cabelos que tem, quando OUVIMOS um som de mensagem.
Avelino vai até a cama e apanha seu celular.
POV DE AVELINO – O número é desconhecido. Um clique e a mensagem abre. Trata-se de um vídeo com a seguinte inscrição:  “Isso seria o suficiente para você cumprir o acordo?”
Avelino, hesita, mas ABRE o vídeo: A imagem é do próprio Avelino, no interior do confessionário.
            BATISTA
(O.S)
A reputação de Maria Alice já foi destruída. Já pensou que a sua irmã pode sofrer represálias por conta desse boato?
            AVELINO
Boato não, verdade! Porque quando um padre espalha uma notícia, assim, como quem não quer nada, todo mundo acredita. E de mais a mais, Tarsila pode muito bem voltar pra cidade grande. Menos uma pra dar dor de cabeça.
           BATISTA
(O.S)
Percebo o quanto despreza sua família, seu Avelino. Quem dera eu ainda tivesse meu pai e minha irmã.
Avelino faz uma pausa, mas rapidamente apanha, do bolso do paletó, um punhado de dinheiro.
           AVELINO
Acho que isso aqui vai te animar, padre.
Ele enrola a grana e passa pelo vão da treliça.
CENAS ALTERNAM ENTRE OUTROS VÍDEOS
           AVELINO
Imagine ter que dividir o pouco que ele tinha com os meus irmãos?
(faz a negativa)
Aproveitei que o meu pai tava mal e fiz ele assinar os documentos da venda da casa. Aos meus irmãos, eu disse que ele tinha falido.
           BATISTA
(O.S)
Mas seu Avelino, eles tinham direito à herança, não?
            AVELINO
Seu trabalho não é questionar, é apenas me ouvir e me dar uma penca de ave-marias pra eu rezar. Tarsila ia querer a grana pra quê? Pra cuidar da filha dela? Fez o filho e queria mamar nas costas do pai? Mas nem!
            AVELINO
Maria Alice me fez um favor, isso sim! Quer saber? Ela não teve nada a ver com aquelas drogas. (desdém)
Duvido. Puxou a mãe. Justiceira, pavio curto. Mas quem mandou andar com o Noel? Na verdade, quem gosta do Noel, bicho?
            AVELINO
Eu não queria, juro! Pedi que o Mazinho fosse atrás da sua mãe pra impedir que ela se precipitasse; Ela achava que eu queria tomar a fazenda, (mente) mas eu jamais faria isso. Mazinho fez merda e ela acabou sofrendo o acidente; Seu pai acabou infartando. Mas veja, eu não queria isso /
FIM DO POV
Na cara estupefata de Avelino. Quando parece que ele vai explodir de raiva...Ele apenas arremessa o celular ao chão, espalhando as peças.
            AVELINO
EU VOU TE MATAR!
FADE OUT
FIM DO PRIMEIRO ATO

SEGUNDO ATO
FADE IN
CENA 16 INT. - IGREJA / QUARTO DO PADRE – DIA
A cena abre imediatamente em Batista, sendo jogado contra a parede por Avelino. Muita tensão.
            BATISTA
Por favor, eu não sei de nada!
            AVELINO
Tu não me venha com essa frase pronta não, caramba! A gravação partiu do seu confessionário. Você me gravou esse tempo todo pra me trair!
Batista respira ofegante, olha para DOIS CAPATAZES, fortes, mal encarados, cercando a porta.
            AVELINO
Eu te dei tudo. Casa, comida, profissão. E olha como tu me paga!
            BATISTA
VOCÊ MATOU MEUS PAIS!
(Avelino, chocado) Tirou o meu direito à fazenda. Tirou a minha irmã de mim!
Avelino aperta ainda mais seu colarinho.
            AVELINO
Quem te falou da tua irmã? HEN! Essa foi o maldito do João, não foi? (aperta ainda mais) Não foi? (Batista treme de medo) Você planejou tudo! Tudo pelas minhas costas! Diga, foi o Walter que te procurou? Hen? DIGA!
            BATISTA
Não! Roubaram as provas de mim.
            AVELINO
Mentira!
           BATISTA
É verdade! Foi por isso que a Ana morreu, a prova tava com ela!
           AVELINO
O quê? A Ana? Que papo é esse?
           BATISTA
Paulo me roubou, certamente a mando do seu João. Mas ele deixou com a garota. Eu juro, eu não fiz nada!
Avelino, suando de raiva, arremessa o padre contra a cama. Batista recompõe-se, rapidamente; Medo em seus olhos.
           AVELINO
Não fez, mas ia fazer, miserável! (para os capatazes) Olho nele. Isso tudo é culpa de uma única pessoa. Mas vou resolver isso é hoje!
Avelino abre a porta e sai, apressado.
Os capatazes encarando Batista, amuado, na cama.
CENA 17 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Alice está debaixo de uma árvore, celular nas mãos, como a esperar por alguém. Adiante, Noel vem correndo em sua direção.
            NOEL
(sorrindo)
Você me mandando mensagem é porque o assunto é sério, hen.
            ALICE
Cara, tu não vai acreditar. Lembra que te contei sobre a doença da Catarina?
            NOEL
Sim, sim. O que tem?
            ALICE
O Paulo me disse que ela não queria morrer doente numa cama. Então ela...Ela armou o próprio acidente.
= = FLASHBACK = =
CENA 18 INT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA / FUNDOS – DIA
            ALICE
(V.O)
A ideia era parecer um acidente mesmo, ter uma morte mais digna, segundo o que o Paulo relatou.
Paulo está encostado na parede, mastigando um fiapo de trigo. Catarina, sorrateira, vem por trás. Paulo vira-se para ela; Retira o fiapo da boca.
            PAULO
Então, dona Catarina? Vai mesmo cometer essa loucura?
            CATARINA
Eu só preciso da sua coragem, porque eu já tenho a minha.
CENA 19 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / CAMPO – DIA
Catarina, vestida de noiva, cavalga tranquilamente na direção do estábulo.
            ALICE
(V.O)
Mas o que o nenhum dos dois esperavam é que alguém estaria à espera dela. Poderia ter sido um dia a mais para viver...
CAM BUSCA Paulo, afastado dalí, embrenhando-se no meio do mato. É quando ele lança seu olhar preocupado para algo que vê.
POV DE PAULO – Catarina para diante do estábulo. Faz a surpresa, mas fala com alguém que não é visto. Sorri, distrai-se. Até que a MÃO MASCULINA mete a VARA no lombo do cavalo. Catarina assusta-se. Outra vara no lombo e o cavalo levanta, nervoso, galopa zampado.
            ALICE
(O.S)
CATARINA!
Paulo olha para Alice, bem afastada.
FIM DO POV
            ALICE
(V.O)
...Mas foi o dia da sua esperada morte.
Paulo agacha-se no meio do mato e vê Alice correr atrás de Catarina.
= = FIM DO FLASHBACK = =
Volta no rosto de Alice. Noel cobre a boca, sem acreditar.
            NOEL
A garota queria se suicidar e acabou assassinada! Meu Deus!
            ALICE
E não é só isso. Catarina morreu nas terras que a pertenciam por direito.
            NOEL
Como assim?!
            ALICE
Catarina era filha dos donos daqui. (T) Ela era irmã do padre.
Em Noel, passado.
CENA 20 INT. - CABANA – DIA
Avelino ARROMBA a porta, desfigurado em ódio. Tina vem lá de dentro, assustada.
            AVELINO
Trate de desfazer aquela praga, porque é hoje que eu acabo com aquele bastardo!
Em seu olhar furioso.
FADE OUT
FADE IN
CENA 21 INT. - CABANA – DIA
Continuação imediata da cena anterior.
            TINA
O que houve, homem?
Avelino anda por todos os lados, com as mãos na cintura; Sem sossego.
            AVELINO
O que houve é que desde que o Noel voltou, minha vida tá de pernas pro ar! Nada dá certo pra mim, nada!
            TINA
Você sabe que se fizer alguma coisa contra ele /
            AVELINO
(nervoso)
Sei, sei! Eu nunca na vida vou conseguir nada que eu quiser. Já sei dessa merda. Inventou essa praga só pra proteger o moleque, né?
            TINA
Você quis o garoto, mas eu sentia que essa relação não daria certo.
            AVELINO
(aponta o dedo)
Tu devia ter me avisado que o SEU FILHO vinha com defeito, cacete! Mas não, tu queria um belo futuro pra ele, né? Maldita hora que tivemos um caso. Maldita foi a hora!
            TINA
O que você vai fazer, Avelino?
            AVELINO
Vou meter o pau nesse gato!
Tina CAI sentada na cadeira, desolada.
CENA 22 EXT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS – DIA
Continuação da cena 17.
Noel, ainda passado por tudo que ouviu. Apoia o braço na árvore, faz cara de tacho.
            NOEL
O padre tinha uma irmã...Isso poderia explicar a obsessão dele em destruir o seu Avelino.
            ALICE
Claro, porque foi ele e o Mazinho que mataram os pais dele.
Noel arregala os olhos, pasmo. Ao fundo, Alessandro vem na direção deles, imponente, sorriso de deboche.
            ALICE
Disfarça que o boneco de fantoche tá vindo aí.
            ALESSANDRO
Ora, ora! Enquanto uns trabalham, outros vadiam.
            NOEL
(chateado)
Enquanto uns vadiam, outros matam.
Alice, tensa, olha para Noel, mas este nem se abala. Alessandro observa algo estranho entre eles.
            ALESSANDRO
(sério / mãos na cintura)
O que disse?
           ALICE
Maneira de dizer. Vamos, Noel?
           NOEL
Maneira de dizer não. Cê sabia que o nosso pai e o seu querido tio Mazinho mataram os verdadeiros pais de Catarina?
            ALESSANDRO
Que absurdo é esse?!
Alice ainda tenta segurar Noel, mas é inútil.
            NOEL
Isso tudo aqui era dela. O seu tio Mazinho é um assassino!
            ALESSANDRO
Eu vou lavar a tua boca com sabão /
Alessandro avança, mas Alice entra na frente.
            NOEL
Tá achando pouco? O nosso pai tentou matar a Maria José, mas quase mata a Alice. Não é um serviço difícil pra quem mandou matar o rebanho do seu João.
            ALESSANDRO
CHEGA! Eu vou te ensinar a nunca mais caluniar ninguém!
Alessandro pega Noel pela nuca e tenta arrastá-lo dalí.
            ALICE
Cê não vai fazer nada com ele!
Alice puxa Noel de um lado, o garoto é puxado de outro.
            NOEL
Gente, decidam-se! Please!
Noel ri; Alessandro enerva-se e joga o irmão no chão, aos risos. Alice acaba indo junto.
            ALESSANDRO
Vocês não deviam ter voltado. VOCÊS NÃO DEVIAM TER VOLTADO!
Alessandro sai batido. Noel ainda ri.
            NOEL
(imita)
Vocês não deviam ter voltado. (fala normal) Mas nós voltamos, ué!
Noel deita no chão. Alice observa Alessandro, ao longe, olhando para trás, enquanto segue.
CENA 23 INT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA / SALA – DIA
Uma empregada deixa Tina entrar, afobada. Helô vem ao seu encontro. Tina segura sua mão, muito aflita.
            TINA
Helô, preciso muito da sua ajuda.
            HELÔ
(preocupada)
O que aconteceu, mulher? Você tá gelada!
            TINA
O Avelino...Ele vai matar o nosso menino! Ele vai matá-lo!
CLOSE em Helô, chocada.
CENA 24 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / ESCRITÓRIO – DIA
Avelino, por trás da mesa, ajeita uma papelada. Mazinho observa a arrumação, confuso.
            MAZINHO
Sério que o Walter e o Noel têm uma prova contra você?
            AVELINO
Não se faça de surpreso, não, porque você deve tá adorando, né? Se faz de muito esperto, e olha quem era o lobo da família, olha!
Avelino puxa um papel, dá uma sacada; Respira fundo.
            AVELINO
Mas te garanto uma coisa: Noel não verá a cor desse dinheiro. Não mesmo.
A porta é aberta abruptamente por um Alessandro, ávido.
            ALESSANDRO
Pai, preciso te perguntar uma coisa.
            AVELINO
Depois. Agora eu tenho um comunicado a fazer. (para Mazinho) Marcou com todo mundo?
            MAZINHO
No horário marcado.
            AVELINO
Ótimo! Vamos acabar logo com essa palhaçada.
Alessandro olha para Mazinho, tentando entender. Mazinho dá de ombros, discretamente.
CENA 25 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / SALA – DIA
PLANO GERAL – A família reunida, alguns sentados, outros em pé, na expectativa.
Tarsila e Wagner, arrumados para uma festa, aguardam ao lado de uma Alice nervosa. Esta cruza o olhar com Alessandro, que mantém a pose de durão; Olhares entre Walter e Noel cruzam-se em meio a burburinhos;
Avelino, segurando uma pasta com documentos, respira fundo, de cara amarrada.
            AVELINO
Eu chamei todos aqui porque preciso corrigir um erro do passado. (T) Há dez anos, cometi uma injustiça.
Enquanto ele discursa, CAM dá alguns flagras nas reações da família.
            AVELINO
Eu realmente acreditei que Maria Alice portava drogas, e isso, pra mim, era inadmissível. Pior ainda era ver o meu filho, Noel, prestando todo apoio a ela. No calor do momento, deserdei ambos e mandei embora daqui.
Walter encara-o, faz um sinal com a cabeça para Avelino prosseguir. Avelino pigarreia, trinca os dentes, mas disfarça bem.
            AVELINO
Eu impedi que o caso fosse mais além na polícia, mas, para isso, pedi que a minha irmã Tarsila nunca revogasse a herança. (T) A herança do nosso pai, que eu havia declarado não existir.
Em Alice e Tarsila, emocionadas. Noel olha para Walter, e ambos sorriem, vitoriosos.
           AVELINO
Portanto, a partir de hoje, Tarsila, Walter e Mazinho receberão suas devidas partes.
Avelino encara Noel; Olhares fuzilantes.
           AVELINO
E Maria Alice e Noel voltam para o testamento. Aqui está o documento, lavrado em cartório, caso alguém tenha dúvidas.
Avelino deixa a pasta sobre a mesa.
           AVELINO
E com isso, dou por encerrada a reunião.
Alessandro aplaude, timidamente.
           NOEL
Nosso pai não merece aplausos, Alessandro; Ele não fez mais que a sua obrigação.
Alessandro vê os olhares de Tarsila e Walter, e abaixa a cabeça, envergonhado.
           ALICE
(irônica)
Bom, gente, agora que o meu tio Avelino cumpriu com as suas obrigações, bora pra ceia do seu João?
Tarsila, Wagner e Walter animam-se. Avelino fecha a cara, revoltado.
           AVELINO
Como assim vocês vão passar o natal com o meu inimigo?
            WALTER
Ele é seu inimigo; Não nosso. (para todos) Eu vou me arrumar. Hoje é dia de comemoração!
Apenas Tarsila, Wagner, Noel e Alice aplaudem. Alessandro, receoso, percebe a fúria em Avelino.
FADE TO BLACK

FIM DO SEGUNDO ATO
ATO FINAL
SONOPLASTIA: Água Contida - Pitty
FADE IN
CENA 26 EXT. - MANGARATIBA / RIO DE JANEIRO – DIA
Takes pontuados de vários pontos já conhecidos; A praia; Igreja; Praça; Prefeitura; Ruelas.
Transição do dia para a noite /
CENA 27 INT. - DELEGACIA – NOITE
Lucas adentra com um celular na mão. Mostra para Alcântara, que, sem entender, pega. Na TELA do celular, numa rede social, vemos o vídeo de Avelino confessando seus crimes, sem que possamos ouvir. O delegado ergue as sobrancelhas, pasmado.
SÉRIE DE PLANOS
1. O vídeo é assistido por pessoas comuns, abismadas com a cena.
2. Um capataz mostra o vídeo para o colega. Ambos espiam Batista, no canto do quarto. O padre, confuso, sem saber o que está acontecendo.
3. Adolescentes riem, na PRAÇA, assistindo ao vídeo.
FIM DA SÉRIE DE PLANOS
CENA 28 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE WALTER – NOITE
A música TOCA no ambiente. Walter caminha, enquanto dança de olhos fechados, apreciando a música; Mergulhado em êxtase, ele sorri e estende os braços. Abre os olhos, apanha um paletó preto de cima da cama e gira a roupa até vesti-la; Rodopia e põe-se a rir, até cair deitado na cama, de braços abertos.
ÂNGULO ALTO – Em Walter, rindo, vitorioso.
A música termina no final do refrão.
CENA 29 INT. - CASARÃO / FAZENDA SANTOS / QUARTO DE NOEL – NOITE
A CAM enquadra apenas o estreito corredor e uma parte do quarto vazio. Dalí, Noel surge, de cabelos molhados, ajeitando o paletó marrom. Caminha distraído, até dar com alguém ao seu lado.
Avelino aponta a arma para o filho, enfurecido.
            AVELINO
Agora somos só nós dois, seu filho da puta.
CLOSE em Noel, assustado.
           NOEL
Cuidado com isso, pai.
           AVELINO
Tá com medo? Tá com medo de levar um pipoco nessa tua cara de pau? Desde que você voltou só me trouxe problemas. VOCÊ NUNCA DEVIA TER VOLTADO, NUNCA!
Noel vai se afastando, discretamente, para o lado da porta, enquanto leva as duas mãos para a frente, pedindo calma.
            NOEL
Pai, vamos conversar…
            AVELINO
(sacode a arma / explode)
NÃO TEM CONVERSA! Você gravou a minha conversa com a Maria José e deturpou TUDO para o Lucas. TUDO! Você transformou o Walter num paladino de quinta só pra me ferrar. (apanha o celular do bolso) Acha pouco? (Exibe a tela do celular) Isso é obra tua, né? Só pode ser obra tua!
Noel dá com o vídeo do pai.
           AVELINO
O teu joguinho acaba aqui.
Na tensão em Noel; Avelino engatilha a arma. Noel arrisca-se e dá um TAPA no braço do pai. Avelino, no susto, desvia a arma, dando tempo suficiente para Noel SAIR correndo pela porta.
CORTE DESCONTÍNUO
Noel nem desce as escadas; SALTA da grade e rola pelo chão da
SALA
Avelino atrás.
             AVELINO
VOLTA AQUI, SEU FILHO DA MÃE!
Noel quase se atrapalha, mas corre dalí.
CENA 30 EXT. - CASARÃO / FAZENDA GUERRA – NOITE
As paredes iluminadas por pisca-pisca; Mesa grande com quitutes natalinos; Cadeiras e mesas dispostas pelo terreno; Poucos convidados chegando com presentes. João e Helô fazem as honras da casa. CAM BUSCA Alice, dando uma sacada no relógio. Apanha, de uma bandeja, um avelã. Enquanto come, Maria José chega por trás.
            MARIA JOSÉ
Esperando o Noel?
            ALICE
Ahn...Sim, já era pra ele ter chegado.
Maria José apanha uma castanha; Come, encarando Alice.
            MARIA JOSÉ
Noel é muito especial, né? Um amigo presente. Não entendo como o pai dele trata-o daquele jeito. Acho ele um anjo.
            ALICE
Quem dera todos da família fossem assim, né?
            MARIA JOSÉ
Tenho que admitir que a vinda de vocês serviu pra uma coisa (Alice aguarda). Serviu pro Walter bater de frente com os irmãos. Você...Já conhecia esse lado selvagem dele?
Alice, tensa, não tem nem o que dizer, quando /
Noel, esbaforido, chega no centro da festa, já com a roupa abarrotada. Para, diante das poucas pessoas. Os presentes nem entendem.
            AVELINO
(O.S)
Tu prefere que seja aqui, é?
Noel olha para trás. Avelino já vem apontando a arma, furioso, daquele jeito.
            AVELINO
O papai Noel prefere morrer no terreno do meu rival.
            ALESSANDRO
Pai, o que tá acontecendo?
            NOEL
Não vê? Ele não aceita que eu ajudei nossos tios.
Avelino avança, pega o filho pelo colarinho com apenas uma das mãos.
            AVELINO
CALA A BOCA!
E joga Noel no chão batido.
            AVELINO
Você só trouxe desgraça! Conta pra eles, Noel, conta pra eles que você gravou a minha conversa com a Maria José e deturpou tudo para o meu amigo Lucas. Conta!
Nos olhares de estranheza de cada um. Maria José, besta, amparada por Cícero. Alice, sem acreditar.
            WAGNER
Isso é verdade, Noel?
            WALTER
E por acaso foi ele que mandou você estuprar a Maria José? (burburinhos). Foi ele quem mandou o Mazinho espancar a garota?
Avelino aponta a arma para Walter.
            AVELINO
Cala essa tua boca também, seu traidor!
            JOÃO
JÁ CHEGA! (Avelino aponta para o rival) Tu não vai matar ninguém no meu terreno! Você tá nervosinho assim porque os teus crimes estão todos na internet, né? (deboche)
E aí? Tu ainda vai querer comprar as minhas terras e ficar aqui, com a sua reputação manchada?
Helô vem lá de dentro, segurando uma bandeja com salgados. Ao ver Avelino apontando a arma para João, deixa a bandeja CAIR.
            HELÔ
Noel! Noel, vem pra cá. Avelino, pelo amor de Deus, pare com isso!
            AVELINO
Que é? Tá protegendo seu filhinho, é? O filho é meu e da Tina, então não se meta!
SURPRESA no rosto de cada um. Noel, desnorteado, levanta-se, sem saber como reagir.
            AVELINO
Quis bancar a boazinha aceitando o filho da minha amante, mas já devia tá de olho no João, né, sua ridícula do cacete? Traidora! Devia levar um teco nessa tua cara!
            JOÃO
Eu não vou admitir /
E Avelino tenta acertar uma coronhada na cabeça do rival, mas João é rápido; Segura seu braço, um TIRO é disparado no ar; GRITOS. Ambos lutam, deixando todos na expectativa. João tenta desarmar o rival; O braço de Avelino aponta ao léu, até que outro TIRO é disparado.
PÂNICO. Cara de espanto de alguns dalí. No GRITO de Maria José.
            MARIA JOSÉ
PAI!
As pessoas abrem espaço e revelam Cícero, desacordado, com um tiro no peito.
Todos olham para Avelino, reprovando sua atitude. Alessandro faz a negativa para o pai; O mesmo olhar de decepção e surpresa que ele deu a Alice, ao ver Catarina, ferida, no chão (cena 27 - capítulo 1).
Ao fundo, Tina já chegou alí e assiste a tudo, espantada.
FADE TO BLACK
FIM DO CAPÍTULO

APRESENTANDO

CHRISTIANA UBACK.......................Maria Alice Pimentel
JOÃO VÍTHOR OLIVEIRA........................…...Noel Santos
MARCO PIGOSSI.............................Alessandro Santos
OSVALDO MIL..................................Mazinho Santos
JULIANA LOHMANN...........................Maria José Guerra
LUCINHA LINS....................................Helô Castro
HERSON CAPRI…................................Avelino Santos
LUCCI FERREIRA................................Walter Santos
MURILO GROSSI............................…………...João Guerra
TONICO PEREIRA................................Cícero Guerra

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

BIA ARANTES.................................Catarina Guerra


ELENCO SECUNDÁRIO
RAPHAEL VIANA..................................Paulo Borges
CAIO BLAT.....................................Padre Batista
CLÁUDIA NETTO..............................………………Tina
DANI BARROS...................................Tarsila Santos
MARCO RICCA..................................Wagner Pimentel

ATORES CONVIDADOS NESSE CAPÍTULO

RICARDO PEREIRA....................................Alcântara
SÉRGIO MARONE..........................................Lucas
GENÉZIO DE BARROS.....................................Rafael
SÉRGIO MENEZES..........................................Luíz

TRILHA SONORA

ÁGUA CONTIDA...........................................Pitty



Essa obra não possui nenhum vínculo/contrato com os atores citados acima.

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