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RAÍZA


Série de
Cristina Ravela

Episódio 6 de 20




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FADE IN
CENA 1 BANCO [INT./MANHÃ]
Há muita movimentação, pessoas andando de um lado e de outro e filas fazendo curvas.
Lá na frente está Raíza, de blusa azul, calça jeans e sua bolsa xadrez. Seus cabelos estão mais curtos na altura dos ombros e há uma presilha do lado.
A cena se aproxima. O painel indica o número 05. É a vez da garota.
Na boca do caixa ela entrega um cheque. Valor: Trezentos reais.
A cena dá um giro rápido e mostra um homem de barba feita, camisa cor creme estampada, encostado à pilastra branca. A perna está dobrada com o pé na pilastra. Ele olha o relógio, demonstra impaciência.
A cena dá outro giro para o lado de Raíza.
Esta guarda o dinheiro que é observado atentamente pelo homem.
Caminha, passa por ele que em seguida, tira do bolso um celular e disca.
HOMEM: Ela tá saindo...
Desliga, guarda o celular e sai atrás como quem não quer nada.
CORTA PARA
BANCO [EXT./MANHÃ]
Raíza passa pela tortura da porta eletrônica, desce as escadas em passos rápidos.
Um outro homem, aparentemente de uns 30 anos, olha fixo para o outro cara que vem atrás dela.
O homem de 30 anos anda por detrás dela e encosta um canivete em sua cintura. Ela, assustada, olha para frente caçando um policial.
HOMEM 2 (voz baixa): Finja que estamos juntos, gatinha.
A moça dá uma olhada de canto, força um andar vacilante e volta-se com o braço, o encarando de olhos arregalados.
RAÍZA: Hã? Que?
O cara titubeia, desvia o canivete por um instante. Medo de chamar atenção.
Raíza sai correndo, os caras se juntam e vão atrás. As pessoas olham assustadas. Alguns até são cruéis.
MULHER: Olha lá! Fica dando mole...
Raíza corre e olha para trás. Os caras insistem. Ela abre a bolsa, enfia a mão. Com dificuldade, apanha o celular e disca.
RAÍZA (tom desesperado): João! Tô sendo seguida, João! A saidinha de banco...Estão atrás de mim!
JOÃO: Não acredito! Em que rua você está? Vou ligar pra polícia!
RAÍZA (põe a mão na cabeça, aflita): Ai eu nem sei mais em que rua eu tô...
JOÃO: É bem perto do banco?
RAÍZA: Já me afastei...Tinha uma padaria de esquina quando entrei...Alô? Alô?
Raíza ouve um bip dando sinal que os créditos acabaram.
A garota entra numa viela deserta, casas de muro alto.
Disca o número a cobrar, mas não chama. Ela então joga o celular dentro da bolsa e acaba se atrapalhando com o zíper.
Olha para trás mais uma vez. Raíza se aproxima da esquina.
Um dos caras pára, lança o canivete com toda a ira. Raíza, apavorada, dá um giro pra rua da direita, avança um passo diante do muro e não dá mais tempo; A garota coloca os braços pra frente e ultrapassa o muro.
Perde o controle, bate contra o capô de um carro verde parado e rola para o chão.
Deitada, a garota vê um rapaz, bem afeiçoado e de olhar compenetrado estender sua mão.
CIPRIANO: Vem, Estou aqui pra te ajudar...
A tela se fecha num baque.


1X06 INVISÍVEL


FADE IN
CENA 2 RUAS DA CIDADE [EXT./MANHÃ]
Raíza e Cipriano estão de mãos unidas e olhando-se profundamente.
CIPRIANO: Você está bem? Parece que estava...Fugindo?
A garota solta de sua mão, olha pro muro, incrédula enquanto massageia o próprio pulso. Depois a desprende.
RAÍZA: Eu...Eu tô bem...Não sei como eu saltei aquele muro...
CIPRIANO: Você não saltou, sabe disso...
A moça mira o rapaz e faz uma expressão de medo.
VOZ MASCULINA: Meu Deus! O que aconteceu aqui? (os dois olham para Camilo) Como é que...
CIPRIANO: ...Ela saltou o muro, não é?...
Raíza respira ofegante.
A mão de alguém aparece sobre o muro.
RAÍZA: Ai meu Deus! Eles não vão sossegar enquanto não me pegarem!
Cipriano abre a porta do carro e faz um sinal.
CIPRIANO: Vem, Entra! Vamos sair daqui.
A moça reluta um pouco.
RAÍZA: Mas eu não te conheço.
CIPRIANO: Prefere ficar aqui e ver o que eles vão fazer contigo?
Raíza e Camilo entram mais do que depressa e os três partem.
CORTA PARA
CENA 3 APTº 403 - COZINHA [INT./FIM DA MANHÃ]
Josué, com uma toalha de prato sobre os ombros, desliga o fogão, tira a toalha de si e o coloca no gancho ao lado da pia. Raíza lava as panelas.
JOSUÉ: E você entrou no carro de um desconhecido? Quantas vezes seu pai tem que...
RAÍZA: Eu sei, eu sei, eu não devia. Mas, ou era isso ou os caras me enfiavam a faca.
BRUNO (O.S): Como é isso? (Bruno entra com cara de espantado) Que história é essa de faca?
RAÍZA: Bem...Eu não queria te preocupar...
BRUNO: Desembucha.
RAÍZA: Tentaram me assaltar, pai.
Bruno nem a deixa terminar. A desvira da pia, toca em seus braços e a examina de baixo em cima.
BRUNO: Cadê? Te fizeram alguma coisa? Ai meu Deus...
RAÍZA: Pai!...Pai!...Eles não me fizeram nada.
BRUNO: Por que você não ligou pro seu tio, filha?
RAÍZA: Eu liguei, pai. Liguei pro João, mas...
BRUNO (nitidamente afobado): O João não me disse nada...Cadê aquele moleque que eu...
JOSUÉ: Não vá brigar com ele, ‘né’ Bruno? Ele, com certeza não quis preocupá-lo. O problema aqui é o que Raíza fez pra escapar...Ou diz que fez...
A garota olha pra ele e franze as sobrancelhas, chateada.
Vira-se e mescla espanto e deslumbramento.
RAÍZA: Eu ultrapassei o muro, pai! Quando pensei que ficaria encurralada eu passei invisível, pai...Isso já havia acontecido, lembra que te falei?
Bruno e o irmão trocam olhares estranhos e preocupados.
CORTA PARA
CENA 4 L.A HOUSE [EXT./FIM DA MANHÃ]
A cena mostra um carro verde parado em cima da calçada a alguns metros da boate. Dentro do carro, Cipriano aparenta uma calma irritante, enquanto Camilo aviva o olhar, extasiado.
CIPRIANO: Então você já sabe, não? Você não viu nada hoje...
CAMILO: Eu não entendo. Qual o problema do mundo saber que podemos ter uma heroína?
Cipriano se irrita, mas sem parecer violento.
CIPRIANO: Que heroína? Deixe de ser ridículo! Ela não pode ser uma heroína...
CAMILO: Mas ela salvou a minha vida!
CIPRIANO: Tenha a certeza que se ela soubesse quem era você, ela teria relutado.
Camilo abaixa a cabeça, desvia o olhar pro lado da janela e torna a olhar para ele, confuso.
CAMILO: Do que você está falando?
Cipriano olha-o de forma penetrante.
CIPRIANO: Da sua tentativa de pôr um fim em Marco...Ou em Micael...
CAMILO (olha para frente): Não sei do que fala...
Cipriano apanha um bloco de dentro de sua camisa.
CIPRIANO: Tem caneta?
Camilo abre sua bolsa, pega uma caneta e o entrega.
Cipriano escreve no bloco, arranca a folha e a mostra para o rapaz.
CIPRIANO: Tá vendo esse número aqui? É o meu celular. Me ligue avisando em que presídio você estará pra eu mandar um lanchinho. Dizem que a comida deles não é lá grandes coisas. Agora saia.
CAMILO: Espera! Como é que você sabe que...Naquele dia só estava eu e...
Cipriano lhe dá uma olhada como quem diz ‘É isso mesmo que você está pensando’ e Camilo esboça se lembrar de alguma coisa.
CAMILO (abaixa a cabeça): Eu pensava que era coisa da minha cabeça...(ele levanta a cabeça. Parece receber uma luz) Foi ela?! Nossa! Logo ela...
CIPRIANO: Pra você ver só como são as coisas; Num dia ela te atrapalha e no outro salva sua vida. Ainda acha que ela enfrentaria aquelas chamas por você?
Camilo hesita, as palavras não saem nesse instante.
CIPRIANO (cont.): Não (responde por ele) Claro que não!
CAMILO: Isso é o que você tá dizendo. É o que você faria. As pessoas não são tão cruéis assim.
CIPRIANO (falso drama, tom decepcionado): Você me parece amador no mundo dos vivos. E você não tem idade pra acreditar em contos de fadas.
CAMILO: Tudo bem. Vamos supor que ela realmente seja cruel. Você não quer que eu espalhe o que vi se não você me manda pra cadeia, certo?...Mas só? Não ganho mais nada por isso?
CIPRIANO (voz tranqüila e com teor de sarcasmo): Não ir pra cadeia, não comer daquela comida e dormir junto de outros tipos, não ter que passar a vida esperando que a próxima visita será pra tentar te tirar de lá...Isso tudo não lhe diz nada?
Camilo vira o rosto, calado. Cipriano arranca o papel de suas mãos, escreve e o entrega em seguida.
CIPRIANO: Esse é o meu endereço...Talvez você queira passar lá...Agora saia.
Camilo olha o papel e abre a porta do carro. Assim que sai e fecha a porta, Camilo se abaixa e olha Cipriano pela janela.
CAMILO: A caneta.
Cipriano o devolve enquanto os dois se fitam por alguns segundos.
CORTA PARA
CENA 5 APTº 403 – QUARTO DE RAÍZA [INT./INÍCIO DA TARDE]
A cena vai passeando pelo quarto com lajotas azuis, cortina azul escuro, móveis claros e uma cama. Há um quadro na parede de frente para a cama com moldura preta e uma frase escrita: “Eu sei que não há mais nada o que fazer, mas eu vou continuar lutando”. No quadro ao lado há outra frase: “Isso também passa”.
Raíza está sentada na cama de frente para o pai. De repente se levanta, aflita.
RAÍZA (olha para o próprio pulso): Tem uma cruz aqui? (ela se volta) O senhor acha que é por isso que as coisas tem acontecido comigo?
Bruno se vira ainda sentado na cama.
BRUNO (falsa dúvida): Não sei...Pode ser.
RAÍZA: E se eu tentasse arrancar?...(tom de aflição) Pai! Não é normal o que tem me acontecido. Presenciar o futuro, passar invisível e não ser atingida por concreto...O que mais falta me acontecer?
BRUNO: Não faça isso! Sua mãe nunca tentou por medo...
RAÍZA: Minha mãe também podia presenciar o futuro?
Bruno levanta-se da cama meio impaciente, olha e desvia o olhar da porta onde Josué está encostado.
BRUNO: Eu não sei se sua mãe tinha visões ou sonhos como você; Ela nunca me falou...
Raíza cruza os braços, invocada.
BRUNO: Mas ela podia ficar invisível...Eu odiava as vezes em que ela aparecia na minha frente...
RAÍZA (interrompe): Por que ela tinha essa cruz?...Por que eu carrego essa cruz, pai?...Desde quando?
Bruno não consegue responder.
RAÍZA (cont.): Desde que sumi?
BRUNO: Filha...
RAÍZA (cont.): Aliás, quem colocou essa cruz aqui? (ela mostra o pulso) Isso é uma espécie de batismo?...Quem me batizou, pai?
Ouve-se o som abafado de um celular. Raíza abre a bolsa, apanha o celular e atende.
RAÍZA (ao telefone): Oi Rafaela!...Tudo bem...(pausa)...Minha nossa! Eu tinha até esquecido...Valeu por me lembrar, hein...(ela olha pro pai, séria) Ah não pretendo perder MAIS (ênfase) esse ano...(pausa)...Tchau.
A garota desliga.
BRUNO: o que foi?
RAÍZA: Eu tenho que garantir minha matrícula no colégio França...(ela guarda o celular na bolsa) Eu já estava esquecendo...
Ela se ajeita frente ao espelho, apanha a bolsa e põe atravessado no pescoço.
RAÍZA: Mas depois a gente continua...
Ela sai. Em seguida, Josué entra de braços cruzados.
JOSUÉ: Você realmente pretende falar mal do Cipriano pra ela?
BRUNO: Vai me dizer que você é contra?
JOSUÉ: Não...(tom perspicaz) Mas ela já te disse quem foi o salvador dela hoje?
BRUNO (medo): Você não tá...
JOSUÉ: Cipriano...
A tela se fecha num baque.
FADE IN
CENA 6 MANSÃO – ESCRITÓRIO [INT.]
Valentina está atrelada nas gavetas, mexendo e remexendo em papéis.
Usa vestido verde, curto parecendo capa de botijão de gás. Cabelos soltos, jogados na cara.
Apanha papéis e logo os coloca de volta nas gavetas, impaciente.
Caminha até uma mesa, pega uma garrafa e despeja um pouco no copo.
MARCO (O.S): Bebendo whisky a essa hora?
Valentina se volta, assustada.
VALENTINA: Aie! Vai assustar sua mãe!
MARCO (sorriso sacana, descendo as escadas): Eu até faria isso se ela estivesse aqui...
Valentina toma um bom gole e se mantém quieta.
MARCO: Vai dizer o que estava procurando ns gavetas ou vou ter que adivinhar?
Valentina pára o copo nos lábios e mira naquele tom de voz investigativo.
VALENTINA: Você anda pela casa espionando os outros?
Marco se aproxima, toma o copo de suas mãos. Toca os lábios nele olhando-a e bebe em seguida.
MARCO: Eu não espiono, querida...Eu observo. (ele devolve o copo e dá as costas) É um direito que adquiri quando vim morar aqui...
Valentina revira os olhos, irada.
VALENTINA: Você costuma ser bem mais agradável que isso...
MARCO (se volta e sorri com ar de deboche): Depende do lugar...
Os dois sorriem maliciosamente.
VALENTINA: Tá bom! Eu quero engravidar, é isso.
MARCO: Eu pensei que já...
VALENTINA (cont.): ...Do Cael.
MARCO (fecha a cara): E o que eu tenho a ver com isso?
VALENTINA: Você não perguntou? Então...(longa pausa)...Lembra que Cael tinha uma noiva que não podia engravidar?
MARCO: Que conversa é essa? E eu lá quero saber das antigas noivas dele...
VALENTINA: É, ele pelo menos teve uma...Agora, você...
MARCO (impaciente): Veio falar de mim ou do seu Caelzinho?
VALENTINA: Tá, escuta...Essa tal noiva não podia engravidar, então Cael aceitou que fosse feita uma inseminação artificial...
MARCO: Hã, e daí?
VALENTINA: Deixa eu terminar, pombas!...Bem, acontece que preciso engravidar se eu quiser me casar com ele...
MARCO: Em pleno século 21 você acha realmente que precisa disso?
VALENTINA: Eu acho que você não entendeu...Um homem casado, com filho terá pouco tempo para empresa. Vai precisar de alguém com mais poder para isso...
Marco caminha até a mesa, contorna-a e senta na cadeira.
MARCO: Deixa eu ver se entendi...Você quer que eu descubra em que hospital ele se cadastrou para fazer a inseminação e depois...
VALENTINA (interrompe): Exatamente! Você poderá ser o sócio maior da boate!
Marco sorri perspicaz e estranho.
MARCO: É deprimente ver como vocês mulheres fazem tudo pra agarrar um homem.
Abre a gaveta, puxa uma pasta preta e abre.
VALENTINA (surpresa): Mas eu não vi isso aí...
MARCO: A paixão é cega...
Ele a entrega um documento que a deixa radiante.
CORTA PARA
CENA 7 RUAS DA CIDADE [TARDE]
Raíza caminha em passos largos pela calçada.
A cena vai se afastando por suas costas e dá uma virada brusca para algo que está vindo atrás. Aparentemente, não há nada.
A cena se aproxima rapidamente pelas costas da garota, ela olha para trás ao mesmo tempo em que vira à direita. Coloca o pé fora da calçada e vira o rosto.
O ambiente está estranho. À medida que ela vai andando o tempo vai escurecendo.
Ela olha para trás novamente e vê a boate L.A House.
RAÍZA (em OFF): Ué...Mas...Essa rua...Eu não lembro de ter passado ao lado da boate...Como é que eu não vi...
A garota caminha rapidamente e observa o olhar de cumplicidade entre Camilo e Marco, à frente da boate. Ela atravessa a rua, espreita-se pelas paredes.
MARCO: Tudo certo pra hoje? (sorri para quem entra).
CAMILO: Só tô esperando o outro chefe chegar...
Marco olha o relógio.
MARCO: Ainda há tempo. Você sabe como fazer, não é?
CAMILO: Tá tudo no esquema. Primeiro irá começar na boate e em seguida o subsolo. Sendo assim, acho meio difícil o seu irmão querer pular a janela naquelas alturas no escritório...
MARCO: Me poupe dos detalhes; Eu só queria que respondesse sim ou não.
CAMILO: E aquele carinha lá? O da família da Raíza.
Marco faz cara de esnobe.
MARCO: Ele veio hoje de novo? (sorri indiferente) O que tem ele?
CAMILO: Não é melhor dá um jeito de despachá-lo?
MARCO: E por quê? Está com pena é?
CAMILO (cabisbaixo): É que...A moça salvou a minha vida e...
MARCO: ...Mas ainda isso?! Eu pensei que você já tivesse superado aquele dia.
CAMILO: Você sabe que pode poupar a vida dele, ‘né’?
MARCO: Os negócios estão acima da emoção, garoto.
CAMILO: Emoção, Marco? Você disse ‘emoção’?
Raíza ouve, estupefata. Um carro se aproxima e a garota vê que é Cael quem está dirigindo. Marco não responde ao rapaz e trata de sair dali. Raíza corre na direção do carro.
O carro dá uma parada brusca e buzinas são ouvidas logo atrás.
Raíza se vira, o ambiente está claro e volta à cena anterior. Ela está no meio-fio. Camilo, invisível, se esbarra nela fazendo-a perder o equilíbrio e cair de bunda no chão. A garota ainda está atordoada pelo o que acha que viu e ouviu.
RAÍZA (balbucia): O Camilo...O Camilo tem que sair da boate...
Camilo a olha, desconfiado.
As pessoas olham pra garota sem esboçar um riso. É quando Raíza observa onde está.
RAÍZA: Meu Deus! O que aconteceu:...Que mico...
Um carro vem andando devagar pra perto dela e pára. Dentro dele, Valentina levanta os óculos e se dirige a Raíza.
VALENTINA: Ô louquinha... ‘Cê’ tá doida? Levanta logo daí vai!
Raíza levanta, limpa as mãos do asfalto, sem graça.
CORTA PARA
CENA 8 CASA Nº 77 [INT./TARDE]
A cena mostra Cipriano num ambiente mal iluminado, seriamente.
CIPRIANO: Quem te deu permissão pra você ficar saracoteando por aí invisível, hein?
CAMILO: Eu não estava saracoteando...Você me pediu pra ficar na cola dela e...
CIPRIANO: Pelo visto a assustou...
CAMILO: A mim também...
CIPRIANO: Como? (cruza os braços).
CAMILO: Ela deu uma travada, achei até que tinha me visto, não sei.
CIPRIANO: Impossível...A não ser que o efeito da poção que eu te dei estava no fim.
Camilo coça o rosto, expressão de dúvida.
CIPRIANO: Até que foi bom esse susto...(ele anda até um grande espelho redondo e se volta) Se acontecer mais alguma coisa ela não vai estranhar...
CAMILO: Não tô entendendo. ‘Mais alguma coisa’ como assim?
CIPRIANO (tom de mistério): Você vai saber...
FADE OUT
FADE IN
CENA 9 APTº 403 – SALA [INT./TARDE]
Raíza está sentada no sofá, corpo inclinado, braços sobre os joelhos. Bruno, ao seu lado, também se mantém na mesma posição.
BRUNO: Quantas vezes eu tenho que te dizer pra tomar cuidado na rua, hein? Me diz?
RAÍZA: Ah pai, pelo amor de Deus ‘né’? Eu já disse que alguma coisa passou por mim que me fez cair. Parecia...Não sei...Invisível, não sei explicar...
BRUNO: ...Você não viu, mas sentiu a vibração, é isso?
RAÍZA: Mais ou menos...Era um corpo eu pude sentir, mas não vi nada.
Bruno se estica, fecha a mão e quase dá um soco no ar.
BRUNO: Só pode ser um encosto, filha. Vou te levar pra uma casa espírita ou uma mãe de santo...Qual você prefere?
Os dois se olham fixamente por um instante.
BRUNO: Tá bom! Você não acha que tenha sido um encosto, num é mesmo?
RAÍZA: É aquilo que te disse.
BRUNO: E você viu o Marco e o Camilo juntos tramando algo, certo?
Raíza balança a cabeça afirmativamente. Bruno toca sua mão.
BRUNO: Minha filha, você não pode bancar a heroína o tempo todo. Lembra que você falou não querer mais se meter no futuro dos outros, hein...
RAÍZA (olha para ele, angustiada): Se eu não tivesse me metido no seu... ‘Peraí’! O senhor tá começando a aceitar que vivencio o futuro?
Bruno volta a pôr os braços sobre os joelhos.
BRUNO: Eu não tô começando nada! Não viaje!...(pausa) Aliás, não viaja mesmo; Concentre-se no presente. O melhor que você tem a fazer é treinar sua invisibilidade. Não deve ter nada pior que ser pego de surpresa...
Raíza vai virando os olhos para direção contrária ao pai com ar temeroso.
CORTA PARA
CENA 10 RUAS DA CIDADE [INÍCIO DA NOITE]
Raíza anda rapidamente pela calçada. Pára próximo entre a estrada principal e uma outra estradinha. Entra na estradinha e observa casas de um lado e barranco de outro.
O ambiente é um breu estranho. Raíza abre a bolsa, saca o celular e disca.
RAÍZA (ao telefone): Rafinha?...Oi tudo bem?(pausa)... ‘Pô’ ‘cê’ poderia dar um pulo aqui no início da estradinha?
RAFAELA (V.O): Caramba! ‘Cê’ tá sozinha? Por que não chamou seu primo ou o Dc pra ir contigo?
RAÍZA: Meu primo anda fazendo um curso aí de fotografia, sei lá...E o Dc, ‘pô’... O celular dele tá fora de área...
A cena a mostra ao longe andando ao lado do barranco e algo corre em sua direção.
RAFAELA (V.O): Esse Dcr, viu... Mas ó aguenta firme aí que vou chamar meu pai e a gente te pega de carro.
RAÍZA: Tá, mas vê se não demora, hein.
RAFAELA (V.O / brinca): Tá, daqui a umas três horas estaremos aí...
A cena se aproxima ao máximo pelas suas costas, Raíza pára, vira de imediato e algo a arremessa para o barranco.
RAÍZA: Aaah!
Ela grita, seu celular cai na calçada.
RAFAELA (V.O): Alô? Raíza!...(pausa)...Raíza!
CENA 11 BARRANCO [INT./NOITE]
Raíza rola pelo chão afora, passa pelas raízes de árvores e galhos secos caídos.
Ao chegar no final do barranco, assustada, levanta devagar.
Ouve-se o canto da coruja. Arrepia-se.
O vento cobre toda a mata fazendo um som medonho.
Raíza se agarra ao barranco, mas escorrega. Ouve passos. Seu semblante é de medo. Aperta o pulso e faz expressão de dor.
A garota corre sem rumo, olha para trás, ouve passos rápidos, mas não vê seu agressor. Ela pára.
RAÍZA (assustada): Quem taí?
A garota recebe um empurrão e cai. Tenta se levantar,tropeça, cai novamente e seu pé prende na raiz da árvore.
Com dificuldade ela arranca o pé dali, levanta, corre e é empurrada contra outra árvore.
RAÍZA: Pára! Pára! Quem taí?
Na terceira vez em que é empurrada, a blusa da garota agarra num galho e rasga. Ela pára, ofegante.
RAÍZA (flashback):
BRUNO: O melhor que você tem a fazer é treinar sua invisibilidade. Não deve ter nada pior que ser pego de surpresa...’
Se põe a correr feito uma hiena desesperada.
RAÍZA (murmura): Eu vou sair daqui...Eu vou sair daqui...Eu vou...
Arrisca-se a olhar para trás novamente e seu agressor começa a perder a invisibilidade.
RAÍZA (em OFF): Camilo!
Finge não ter visto, volta a olhar pra frente.
BARRANCO [EXT./NOITE]
Adiante, um único carro aponta na estrada.
CARRO [INT.]
O celular toca. Marco olha pro banco ao lado, pega o celular e o visor mostra o nome de Valentina. Assim que atende é interrompido antes de falar qualquer coisa.
VALENTINA (V.O): Você sabia que o doutor Miranda estava de férias, Marco? Sabia?
MARCO: E eu lá trabalho no departamento pessoal pra saber quando ele tira férias, Valentina?
VALENTINA (V.O): Uma tal de doutora Letícia nem quis colaborar comigo...Nem oferecendo um...
MARCO (interrompe): Você ofereceu grana? Mas a que nível você desceu, hein?
VALENTINA (V.O): Há! Mas com quem eu falo?...
BARRANCO [INT.]
Raíza alcança a beira da estrada; Camilo, ao longe arremessa um pedaço de tronco. Raíza olha pra ele e recebe um golpe na cabeça.
A garota cai no meio do asfalto, inconsciente.
Um carro se aproxima...
CARRO [INT.]
MARCO (ao telefone): Você está nervosa...Procure descansar...
[POV de Marco]
Ele vê um corpo caído na estrada, faz um zigue-zague e pisa fundo no freio.
O carro derrapa e pára. Ele joga o celular no banco ao lado, abre a porta e sai. A porta fica aberta.
A imagem daquela garota de roupa suja e rasgada assusta o homem.
Abaixa-se, vira seu cabelo e se surpreende.
MARCO: Raíza?...
VOZ MASCULINA: Deixe comigo; (Marco vira o rosto para trás e vê Cipriano) Ela é minha sobrinha...
Os dois se olham meio estranhamente. Cipriano a coloca em seus braços e vai embora.
Marco observa os dois.
Close em Camilo, correndo pra dentro da mata.
FADE OUT
FADE IN
CENA 12 APTº 403 [INT./NOITE]
A campainha toca. João Batista abre e dá com a prima nos braços de Cipriano.
JOÃO: Quem é você?
Cipriano entra sem cerimônias.
JOÃO: Ei! Você não pode entrar assim!
Bruno sai da cozinha.
BRUNO: Quem é, João?...
Bruno se assusta ao ver a cena e tenta tirar a filha dos braços do rapaz.
BRUNO (indignado): O que você fez com ela? Anda, diz!
Josué chega do corredor.
JOSUÉ: Calma Bruno!...
CIPRIANO: Eu só quis ajudar...
BRUNO (pega a filha no colo): Ajudar nada! Sai pra lá! O que você fez com ela de novo?
João observa a cena, atento e curioso.
CIPRIANO (tom complacente): Eu a encontrei no meio da estrada assim mesmo...Parece que ela andou testando( ele olha ao redor, para João e em seguida para Bruno) Você sabe e acabou...Caindo de mau jeito...
Bruno entrega a filha para Josué, volta-se e segura pelo colarinho do rapaz.
BRUNO: Eu vou te mostrar o mau jeito que vou dar em você já já...
João segura os ombros do tio e evita uma briga feia.
JOÃO: Calma tio, calma.
A voz de Cipriano soa tranqüila, serena de dar raiva.
CIPRIANO: Você não vai ajudar em nada agindo assim...Não percebe que ela pode estar em sono profundo? E talvez...Um dia...Quem sabe...Ela acorde?
Bruno olha sua filha nos braços do irmão.
BRUNO: Vou levá-la ao hospital...
CIPRIANO: Você sabe que só eu posso ajudá-la, não?
BRUNO: Nem pensar! Você não toca mais na minha filha!
CIPRIANO (drástico): Ela pode morrer!
O silêncio é desconfortável.
CORTA PARA
CENA 13 APTº 403 – QUARTO [INT./NOITE]
Raíza está deitada na cama, Cipriano está com sua mão sobre sua testa, olhos fechados.
Bruno e Josué, de braços cruzados, estão à soleira da porta.
JOSUÉ (cochicha): Por que você foi deixar ele ajudá-la, hein?
BRUNO (cochicha): O interesse dele é a cruz; Ele não vai fazer nada de mal a ela enquanto não tiver o que ele quer.
João Batista espreita pelo canto do corredor. Vira-se e seu olhar é sagaz.
A moça vai acordando diante daquele rapaz simpático. A imagem se torna clara, ela aviva os olhos de surpresa e se levanta.
RAÍZA: Onde eu tô?!
CIPRIANO: Calma...Você está em casa...Tudo bem contigo?
RAÍZA: Eu lembro de você...Você me ajudou hoje cedo quando eu fugia daqueles caras.
Bruno dá um empurrão em Cipriano e toca nas mãos da filha.
BRUNO: Tá tudo bem mesmo, filha? O que aconteceu? Como isso foi acontecer?
CIPRIANO (de pé): Assim você vai acabar sufocando a garota.
Bruno vira-se pra ele.
BRUNO: Ela é MINHA (ênfase) filha. E eu não tô sufocando ninguém.
RAÍZA (para Cipriano): Você me trouxe até aqui?...Como? Eu estava sendo atacada por alguém na mata...Foi horrível...
CIPRIANO: Esquece isso. Eu fiz o que todo parente faria...
Bruno e Josué olham pra ele, indignados. João também.
RAÍZA: Parente? Não entendi.
CIPRIANO (falsa surpresa): Como? Vocês nunca disseram a ela sobre mim?...
Bruno e Josué estão sem reação.
CIPRIANO: Raíza, eu sou teu tio, irmão de sua mãe.
Raíza se levanta e senta na cama, estagnada.
RAÍZA: O cara que me salvou duas...
BRUNO: Ele não te salvou, filha; Apenas as circunstâncias...
CIPRIANO: ...Ela deve estar cansada...Muitas emoções por hoje.
Cipriano dá as costas.
RAÍZA: Obrigada!
Cipriano sorri e faz um sinal para Bruno acompanhá-lo.
CORTA PARA
CENA 14 ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT.]
Bruno está na portaria e Cipriano do lado de fora.
BRUNO: Eu não sei o que você fez...Mas não pense que é essa imagem que ela vai ter de você não, hein.
CIPRIANO: Você devia me agradecer; Além de tudo foi graças ao poder dela que você um dia foi salvo.
BRUNO: Não acho que você esteja interessado nos atos heróicos da minha filha.
CIPRIANO: E como não? Eu mesmo estou surpreso com meus atos! Salvei sua filha três (ele levanta três dedos) vezes!
BRUNO: Três vezes? Que três vezes?
CIPRIANO: Duas foram hoje. Que bom que eu ainda conservo a mania de aparecer na hora certa.
BRUNO: Coincidência não?
CIPRIANO: O que você chama de coincidência eu chamo de fato...Agora você vai poder dizer a ela a primeira vez que a salvei.
BRUNO: Primeira vez?
CIPRIANO: Ora, quando ela atravessou a frente do meu carro e eu a atropelei.
BRUNO: Do que...Do que você tá falando?
CIPRIANO (cínico): Da vez em que eu me vi obrigado a batizá-la para salvá-la da morte.
BRUNO: Que conversa é essa agora? Você não a batizou pra isso!
CIPRIANO: Ah Bruno...(sua voz quase some num tédio aparente) Somos inteligentes demais pra ficarmos nesse papo. E eu tenho certeza que a sua filha, inteligente que é, vai acreditar em você quando disser essa verdade...
Bruno olha incrédulo aquele cinismo estampado no rosto do rapaz.
BRUNO: Você só pode tá brincando...Pra quê isso? Tem medo de quê?
CIPRIANO: Eu não tenho medos!
BRUNO: Você quer a cruz, não é? Se eu tivesse certeza que nada de mal aconteceria a Raíza eu mesmo arrancava essa cruz dela.
CIPRIANO (tom assustado): Se você fizer isso poderá provocar graves consequências!...
BRUNO: Você já provocou.
CIPRIANO: Raíza conseguirá superar o que houve hoje...E com os meus conselhos ela não precisará temer mais nada.
BRUNO (indignado): Com os meus conselhos você quis dizer ‘né’? Por que eu não vou deixar ela seguir UM sequer seu!
CIPRIANO: Como você faz mau juízo de mim, Bruno. Prefere ver sua filha correr os perigos de hoje? Hoje ela escapou e amanhã?
Bruno mantém um olhar fixo e temeroso. Cala-se, não há mais nada a acrescentar.
FADE OUT
FADE IN
CENA 15 APTº 403 – QUARTO DE RAÍZA [INT./NOITE]
Bruno chega da porta, encontra João sentado na cama ao lado de Raíza. João olha para trás e se levanta rapidamente.
JOÃO (cara de curioso): A Raíza estava me contando que alguma coisa a perseguiu na mata...Não é estranho, tio?
BRUNO (murmura): É só isso que tem acontecido ultimamente...
JOÃO: Como?
BRUNO: Ahn...É...Você pode ajudar seu tio lá na cozinha?
João fecha a expressão no rosto, olha a prima e sai.
Bruno fecha a porta, põe as mãos nos bolsos, se volta. Mantém-se calado por alguns minutos.
RAÍZA: Ai pai...A sensação que eu tive naquela mata era de que eu não ia conseguir escapar...Mas eu fiz o que o senhor pediu; Me concentrei e fiquei invisível...Nossa, é tão estranho dizer isso.
Bruno anda até a cama, senta, a olha com certo pesar.
RAÍZA: O que foi, pai?...Tá se sentindo bem?
BRUNO: O que você achou do Cipriano?
RAÍZA: Bem...Ele é meu tio, salvou minha vida... É um cara bacana.
Bruno abaixa a cabeça e Raíza nota sua expressão angustiada.
RAÍZA: Por que nunca me falou dele?...Quem é Cipriano na verdade?
Bruno faz uma pausa longa. Torna a olhá-la, sua voz está presa.
BRUNO: Ele é o cara que salvou sua vida...
RAÍZA: Sim, isso eu sei, mas...
BRUNO: Lembra que você me perguntou quem colocou essa cruz aí?
Raíza faz uma expressão de quem está tentando se lembrar.
RAÍZA (surpresa, olha pro pulso): Tá querendo me dizer que...
Bruno não diz nada e a garota se mostra indignada.
RAÍZA: Mas por que ele fez isso? Eu pedi?...O senhor que pediu?
Bruno, novamente, faz uma longa pausa.
RAÍZA: Então, pai?...Por que ele fez isso?
BRUNO: Era a única forma de salvar sua vida...
Raíza levanta e permanece sentada, com ar de surpresa.
RAÍZA: Como assim? O que aconteceu há quatro anos que não lembro?
BRUNO: Pelo o que sei, você foi atropelada por ele e a única chance de sobreviver foi te batizando.
Bruno acaba de falar rapidamente como se estivesse decorado o texto e quisesse acabar logo com aquilo.
RAÍZA: Quer dizer que as coisas vão acontecer e não vou poder fazer nada?...Não, eu vou falar com ele...
BRUNO: E você vai dizer o quê? (ele murmura) Que você anda vendo o futuro?...Não! Isso não é coisa que se diga por aí! Se isso se espalha vão querer cobrar de você o que você não vai poder fazer pelos outros.
RAÍZA (murmura): Eu não posso viver a minha vida inteira nessa angústia!
BRUNO (murmura): Angústia maior vai ser quando começarem a te culpar por você não ter evitado o futuro de alguém! E você sabe...O futuro só a Deus pertence...(Raíza demonstra insatisfação)...Mas nem todo mundo sabe disso...
Close no rosto de Raíza.
FADE OUT
FADE IN
CENA 16 MANSÃO – QUARTO DE MARCO [INT./NOITE]
Tocando: I wish it was easy – Limp Bizkit ->


A cena adentra um quarto e adiante está Marco, deitado na cama, camisa cor bege, calça de moletom e uma bebida na mão.
A cena vai aproximando até do outro lado da cama.
O quarto é mal iluminado, chão de lajotas verdes, persianas brancas, uma cômoda com abajur e quadros com pintura moderna.
Valentina adentra o quarto e pára.
VALENTINA (alterada): Você não devia estar na boate?
Marco mal olha para ela, tem o olhar fixo em alguma coisa.
MARCO: E você não devia estar com o seu namorado?
A moça está enfurecida.
VALENTINA: Você desligou o telefone na minha cara, deve ser por que tem alguma coisa a ver com o sumiço do doutor...
MARCO (ele mira nela): Férias, você quis dizer, não é?... Olha, hoje eu estou com dor de cabeça, já avisei ao Cael pra tocar aquilo sem mim...Por que você não vai pra casa, hein?
Valentina se aproxima, senta na cama, apóia as mãos entre os dois lados dele.
VALENTINA: Mas será possível! Você sabe o quanto é importante...
MARCO: Eu darei um jeito nisso, mas que coisa! (ele toma um gole da bebida) Agora vai...Antes que o seu namorado resolva aparecer aqui como obra do destino...
Valentina se ergue, irada. Caminha até a porta e olha para trás.
Marco está absorto, Valentina sai em seguida.
MARCO (flashback):
A imagem daquela garota de roupa suja e rasgada assusta o homem.
Abaixa-se, vira seu cabelo e se surpreende ao ver que é Raíza.
MARCO: Raíza?...
(fim do flashback – fade out)
MARCO: Obra do destino...
Ele coloca o copo sobre a mesinha de cabeceira, leva a mão ao abajur.
Apaga a luz.
A música termina
FADE OUT
FIM DO EPISÓDIO

 

Autora:

Cristina Ravela

Elenco:

Raíza (Maria Flor)
João Batista (Caio Blat)
Bruno (Juan Alba)
Josué (Caco Ciocler)
Cael (Michael Rosenbaum)
Marco (Pierre Kiwitt)
Valentina (Alinne Moares)
Rafaela (Fernanda Vasconscellos)
Cipriano (Thiago Rodrigues)

Participação Especial:

Camilo (Sérgio Marone)

Trilha Sonora:

I Wish It Was Easy – Limp Bizkit

produção:

Bruno Olsen
Cristina Ravela

Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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