0:00 min       RAÍZA     SÉRIE
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RAÍZA


Série de
Cristina Ravela

Episódio 10 de 20




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FADE IN
CENA 1 [INT./MANHÃ]
Tocando: Future Proof - Massive Attack ->
A cena acompanha os pés de alguém. Passos apressados e curtos pelo extenso e largo corredor.
Ouvimos o som irritante da ambulância ao longe e de uma tv ligada.
Os passos caminham em direção a uma rampa e nela, desce.
A cena sobe um pouco. As janelas, que acompanham a rampa, são feitas de tijolos e, pelos seus buracos, a pessoa pára pra olhar.
[POV da pessoa]
Lá em baixo, outras pessoas, andam de um lado e de outro; Uns estão parados com olhar perdido.
Os passos continuam, dá uma volta, chegam ao térreo e pára diante de um pátio.
A cena vai subindo e mostra um grande jardim, de árvores que impedem que a luz do sol alcance os bancos feitos de cimento.
Há gente sentada e outras em pé.
VOZ MASCULINA (sussurra / rouco): Me tira daqui...(pausa) Por favor...
É um homem de mais ou menos uns 45 anos, moreno, cabelos grisalhos e olheiras profundas.
O rosto de Raíza é revelado. Está descabelada, cara limpa e com olheiras.
Um enfermeiro pega o tal senhor pelo braço.
HOMEM (olhos arregalados / para Raíza): Por favor...
Mais um enfermeiro aparece para ajudar.
ENFERMEIRO (para o outro): Vamos levá-lo daqui antes que ele comece a ter outra crise...
Raíza torna a olhar pro jardim. Veste uma blusa branca, meio larga, calça jeans e sapatilhas azuis.
Levanta as sobrancelhas, surpresa com algo que vê.
Em primeira pessoa, vemos uma garota sentada num dos bancos.
Raíza caminha pelo jardim e se aproxima. A garota olha para cima. É Ari. Cabelos desgrenhados, olheiras também e o mesmo olhar de angústia daquele senhor. Sua expressão de sofrimento é a mesma de quando as duas se reencontraram.
Ari a olha com um enorme pesar.
ARI (voz cansada): Como você foi deixar isso acontecer?...
RAÍZA: Isso o quê? (ela senta ao seu lado) Do que você tá falando?
ARI: Da raiva que te dominou...A mesma que me trouxe até aqui...
Raíza olha pros lados e observa as pessoas em atitudes estranhas. Algumas com maquiagem forte, roupas desalinhadas e andando com uma dificuldade mais estranha que as próprias atitudes.
Duas mulheres passam por ela com crachá de visitante, deixando Raíza intrigada.
RAÍZA: Por que essas pessoas se comportam assim?
ARI: A vida é cruel, Raíza...É pra cá que gente, como eu e você, somos mandadas...Quando não nos suportam mais...
Raíza olha na posição do tórax e vê que não tem o crachá de visitante. Engole a seco, com medo de perguntar.
RAÍZA: Que lugar é esse?
ARI: Você jura que não sabe?
Quando Ari acaba de perguntar, a cena vai se afastando e mostra, em segundo plano, Raíza olhando na direção do muro.
[1º PLANO]
A cena mostra uma placa acima do muro, escrito: ‘Clínica de Recuperação – Novo Horizonte’.
FADE OUT


1X10 EVIDÊNCIAS

FADE IN
CENA 2 CONT.
RAÍZA (riso nervoso): Que brincadeira é essa? Eu tô bem eu não preciso me recuperar de nada...E você também! (vacila a voz) ...Não é?
ARI: Não é isso que eles pensam...Eu te avisei pra controlar seu ódio, mas agiu sem pensar...
RAÍZA (põe as mãos na cabeça): Eu não lembro de nada, Ari, de nada! (longa pausa)...Então era aqui que você estava o tempo todo?
ARI: Eu sofri tanto por que você não conseguiu entender minha mensagem...
RAÍZA: Por que você não insistiu? Aconteceram tantas coisas...(ela desvia o olhar, meio pensativa e triste)
ARI: Eu insisti! Mas parece que você não dava mais importância...
RAÍZA: Quando foi isso se você tá aqui...
ARI: Lembra que eu falei? Posso estar em dois lugares ao mesmo tempo...Mas você não vai se lembrar...Os remédios que nos dão nos fazem esquecer de muitas coisas...Se você não for me ajudar, quem irá?
Raíza olha adiante, para o muro alto.
RAÍZA: Eu vou pedir ajuda, Ari... ‘Peraí’...Onde tem um telefone aqui?
ARI: Não adianta. O único orelhão daqui não funciona.
Raíza gira os olhos e esboça um ar intrigante.
RAÍZA: Mas então...O que tanto aquela moça conversa nele?
[POV de Ari e Raíza]
A moça ao telefone, está de roupa desalinhada, batom vermelho borrado e gesticula muito.
Ari olha para a amiga de forma suspeita.
ARI: Raíza...
[POV de Raíza]
MONTAGEM
  1. Visitantes a olham com pena.
  2. Pessoas se comportando de forma estranha.
  3. Enfermeiros passam de um lado e de outro.
RAÍZA: Não pode ser...Meu pai não ia...
As duas se fitam. Raíza dá um passo para trás, olha desconfiada para os lados e mira em Ari.
Raíza corre.
RAÍZA: Eu não quero ficar aqui! Isso só pode ser um engano!
ARI: Volta aqui, Raíza!
Ari chega a puxá-la pelo braço, mas não teve jeito;
Raíza corre até o portão sob os olhares dos outros e, lá chegando, o porteiro, com olhar de medo, vai para trás do balcão. Aperta um botão.
A garota bate forte no portão, mas não consegue derrubá-lo; Está fraca.
Dois enfermeiros a pegam em seus braços e a leva arrastada pela calçada da clínica.
RAÍZA: PAI! PAI! ME TIRA DAQUI!
Os enfermeiros a arrastam até o...
QUARTO...
RAÍZA: Me solta! Me solta!
Um dos enfermeiros a força deitar na cama, mas ela reluta.
Um outro enfermeiro entra com uma seringa.
RAÍZA (desesperada): Não! Não! Pára com isso! Eu não preciso disso!
INSERT - seringa
A seringa é injetada no braço de Raíza.
RAÍZA: Aaaah!
A garota fecha os olhos e expressa dor.
De repente, não ouvimos mais o som de tv ligada, nem de outras pessoas.
Ela abre os olhos, devagar. Ouve-se o ranger da porta.
APTº 403 – QUARTO [INT./MANHÃ]
Bruno observa o estado da filha e ela o abraça, emocionada, quase chorando.
RAÍZA: Me tira daqui, pai...
BRUNO: Ué filha eu não sabia que você não gostava do apartamento.
A moça, com o rosto sobre seus ombros, começa a enxergar o cenário tal como é.
Esboça vontade de chorar, mas segura as lágrimas.
CORTA PARA
CENA 3 UNIVERSIDADE – BIBLIOTECA [INT./MANHÃ]
Ouvimos uma conversaria na biblioteca e numa das mesas está Rafaela.
Levanta, apressada, põe os livros na bolsa, de qualquer maneira. Sai da biblioteca.
Caminha em passos largos, tentando fechar a bolsa. A bolsa transversal, de cor crua, é toda pichada de fábrica e há uns botton’s coloridos.
Ela desce a rampa sem prestar atenção à sua frente.
Um senhor abre o portão quando ela, ainda está entretida com a bolsa que não fecha. O zíper empaca.
RAFAELA: Ai droga! Zíper filho de uma...(ela tromba com um homem) Ai!.
Sua bolsa cai no chão junto com uma pasta preta dele que se abre.
RAFAELA (se agacha): Ai me desculpe, como sou...(ela olha para o sujeito e vemos Marco)...Você? Você não é o?
MARCO (agachado): Marco. Eu lembro de ter te visto na casa da...Da...(finge esquecer)...Como é mesmo o...
RAFAELA: Raíza. É esse o nome dela.
MARCO: Isso! (Ele apanha seus papéis e não se dá conta que um dos cd’s da moça vem entre as folhas) Você estuda aqui, não?
RAFAELA: Sim...Eu ‘tava’ meio apressada, espero não ter te atrapalhado muito...Essa minha bolsa vou te dizer viu...
MARCO (sarcástico): Cheguei a tempo de você não diferir um palavrão para sua pobre bolsa.
Ele olha seus botton’s, mas não tem paciência para identificá-los.
MARCO: Bom, se me der licença...(ele se direciona à faculdade).
RAFAELA: Você...(ela aponta para o lado de dentro) É...
MARCO: Sou um dos beneméritos daqui. Acho que todos que podem deviam contribuir para a educação nesse país (sorriso sonso).
Rafaela sorri, surpresa e o vê entrar.
CORTA PARA
CENA 4 APTº 403 – SALA [INT./MANHÃ]
Raíza pega sua bolsa sobre a cama, põe atravessado no ombro.
BRUNO: ‘Peraí’, filha eu ainda não entendi...
Ela sai do quarto e ele anda atrás até a...
SALA...
Ela apanha as chaves na parede do lado de dentro da cozinha e vai a direção da porta.
BRUNO: O que aconteceu? Vai aonde?
RAÍZA: Vou falar com o Dcr...
BRUNO: Será que dá pra você parar um pouco?
Ela pára diante da porta.
BRUNO: O Dcr pode esperar...Você me pediu quase implorando que eu te tirasse daqui...
Raíza se volta, pára olhando para ele. Tira a bolsa e a coloca sobre o sofá onde senta.
RAÍZA: Eu sei que o senhor não vai acreditar, mas...
BRUNO: Você foi ao futuro, é isso que vai dizer?
Os dois se fitam.
O silêncio dela diz tudo.
BRUNO: Onde você ‘tava’ quando me pediu aquilo? Parecia tão...Tão aflita...
Raíza molha os lábios, abaixa a cabeça.
RAÍZA: Era numa clínica...Num sei... As pessoas, pai, andavam de forma estranha...Olhavam, mas não pareciam enxergar nada, entende? Eles pareciam todos desorientados...
BRUNO (cismado): Clínica...Pessoas desorientadas...Tem certeza que você não sabe de mais nada? (desconfiado).
Raíza se levanta, confusa. Aperta o pulso e sua expressão é de dor.
BRUNO: Você tá com medo? Medo de quê?
RAÍZA: De que tudo aquilo que vi seja verdade...
BRUNO: E o que mais você viu?
RAÍZA: A Ari, pai. Ela ‘tava’ lá, presa...
BRUNO: Presa? Mas que lugar é esse?
RAÍZA: Clínica de Recuperação...Novo Horizonte...
BRUNO: Clínica de recuperação? Será que é uma daquelas clínicas para dependentes químicos?
RAÍZA(desconfiada): É o que eu vou tentar descobrir...
CORTA PARA
CENA 5 MANSÃO – QUARTO [INT./MANHÃ]
O quarto é pouco iluminado. Das janelas, a luz é obstruída pelas cortinas verde musgo. Os móveis, rústicos, dão um ar seco ao ambiente.
A cena volta e mostra Marco, diante do notebook. Apanha os papéis que trouxera na pasta e um cd cai de suas mãos.
Tem o nome de Rafaela e, curioso, põe no drive.
Tão logo, visualiza, com os aqueles olhos azuis, as fotos em que ele e Valentina aparecem aos beijos.
MARCO: Mas não é possível que até ela tem essas fotos...Como que...(ele parece receber um estalo divino ou...Diabólico) Isso só pode ser coisa daquela...Raíza...
A tela se fecha num baque.
FADE IN
CENA 6 APTº 215 – SALA [INT./MANHÃ]
Dcr está sentado diante do computador.
Ouve-se a campainha tocar, ele levanta o rosto e sua mãe surge do corredor.
DCR: Pode deixar, mãe!
Ele olha pelo olho-mágico e abre a porta.
DCR: Oi Raíza! (ele abre mais a porta e faz um gesto com a mão) Pode...
RAÍZA: Oi...
Ela entra com as mãos nos bolsos e se volta.
RAÍZA: O que você sabe sobre a Ari?
Dcr fecha a porta e pára. Olha para trás meio baqueado.
DCR: Tudo bem contigo? Porque comigo tá tudo ótimo, sabe...Para o caso de perguntar.
Raíza larga a bolsa no sofá e se senta.
RAÍZA: Ai Dc...Foi mal é que... (ela passa as mãos por entre os cabelos) Eu tenho sonhado tanto com ela sabe...
Ela anda pela sala e vai até o computador.
DCR: Não sei não; Outro dia você disse que a viu...
Ela levanta e vai até ele.
RAÍZA: Tá, o lance é que eu a vejo muito em meus sonhos e...E ela sempre pede ajuda, Dc. Não é possível que seja somente um sonho!
Dcr olha pra tela do pc, tentando passar a imagem de desentendido.
Raíza contorna a mesa estando de frente para o pc.
DCR: Mas por que ela pediria ajuda a você? Por que a você?
RAÍZA (vira o rosto): Ah sei lá, Dc...Eu...
Ela mira, intrigada, para alguma coisa.
[POV de Raíza]
Ela olha um porta-retrato do mesmo homem que ela viu em seu mundo paralelo.
Apanha e segura em sua mão esquerda, visualizando por alguns segundos.
DCR: É meu pai...
RAÍZA: Como?
DCR: Esse da foto é meu pai...Daniel. Eu sei que você não perguntou, mas eu quis responder mesmo assim.
A garota esboça mal estar.
RAÍZA: Eu vi esse homem, Dc...Foi ele...
Dcr levanta, abismado, com uma expressão de temor, talvez.
DCR: Como assim, ‘viu’?
Raíza o olha, disfarça.
RAÍZA: No sonho, Dcr, eu sonhei com ele...
Ele toma o porta-retrato e põe no lugar.
DCR: Você e seus sonhos, hein...
RAÍZA: Pra você, o que é uma clínica de recuperação?
O amigo derruba o porta-retrato na mesa, meio nervoso, de repente.
DCR: O que essa clínica tem a ver com meu pai?
RAÍZA: Nossa! Eu não ia dizer nada, mas já que você tocou no assunto...
DCR: Ahn...Diz!
RAÍZA: Eu sonhei que vi seu pai numa clínica dessas.
Ele fica estático.
RAÍZA (cont.): ...E a Ari também ‘tava’ lá...
Dcr sai da frente do pc, tenso.
RAÍZA: E então? O que é uma clínica dessas? Você sabe?
Reação em Dcr.
CORTA PARA
CENA 7 MANSÃO – QUARTO [INT./MANHÃ]
A luz da tela do pc clareia demais o rosto de Marco. De repente, faz uma expressão curiosa.
[POV de Marco]
Na tela, ele vê mensagens instantâneas com o nome de ‘PDQ’.
Abre e tem uma surpresa.
MARCO: Raíza?...Será que é a mesma Raíza?
Sai da janela e clica em outra no qual vê fotos da Raíza com a outra de inscrição ‘PDQ’.
MARCO: Paulo?
CORTA PARA
CENA 8 APTº 215 – SALA [INT./MANHÃ]
Raíza está sentada, estupefata com as mãos sobre a boca.
RAÍZA: É um hospício?...Por que eu veria (corrige) Por que eu sonharia que a Ari tá lá? (longa pausa entre os dois) Ela tá lá, ‘né’ Dc?
Silêncio.
RAÍZA (levantando): Olha se você não quer me dizer...
DCR: Sim! (pausa) Ela foi internada há alguns meses pela mãe...Dizem, eu disse ‘dizem’ que...Ela matou o pai e... (ele respira fundo) E para que ela não fosse presa...
RAÍZA: ...A mãe preferiu interná-la?...
DCR: Não, eu não quis dizer que a mãe dela a internou sem que ela estivesse...
RAÍZA: É claro que sim! (ela fecha a mão) A Ari pode tá sofrendo, Dcr! Tem gente que pode achar que é solução, mas aquele lugar... (ela esboça angústia) Aquele lugar é puro sofrimento, ainda mais pra quem não tá doente.
DCR (desconfiado): Como você pode ter certeza que ela não tá doente? Até onde sei você só sonhou.
RAÍZA: Foi você quem disse que pra ela não ser presa...
DCR: Não, isso foi o que insinuaram.
RAÍZA: Então você também acha que ela pode não tá louca?
Dcr vira o rosto.
DCR: Minha nossa Senhora! Onde isso vai dar?
RAÍZA: Na casa da mãe dela!
DCR: O quê? Mas eu não sei onde ela mora!
RAÍZA: Mas ela deve visitar a filha na clínica, não?
CORTA PARA
CENA 9 CLÍNICA NOVO HORIZONTE - JARDIM [ INT./INÍCIO DA TARDE]
Raíza olha tudo a sua volta.
RAÍZA (em OFF): Tudo igual como eu vi...
Alguém toca seu ombro e ela se volta sobressaltada.
Ela vê que é uma moça baixa, batom vermelho e carrega uma bolsa de pano velha.
MULHER: Mônica! Você veio!
Raíza recua.
RAÍZA: Ahn...Oi...Tudo bem?
A mulher a abraça e Raíza, tensa olha para Dcr.
DCR: Vamos?
MULHER: Não, Mônica! Fica mais um pouco.
RAÍZA (vai se afastando): Não posso...Depois (pausa) Depois eu volto.
Raíza caminha com Dcr para o outro lado do jardim.
RAÍZA: Esse lugar é horrível, Dc, Horrível!
Em outro plano...
Marco está próximo da recepção olhando para aquela cena, de olhos arregalados.
CORTA PARA
CENA 10 CASA Nº 77 [EXT.]
Marco bate na porta. Ajeita os cabelos loiros, olha para trás para quem passa e se irrita com a demora em ser atendido.
Bate umas três vezes e a porta é aberta.
CIPRIANO (debochado): Ora, ora...Você? Veio encomendar alguma poção, é?
Marco entra empurrando o rapaz para dentro como se fosse uma caixa de isopor.
CIPRIANO: Ei! Olha os modos! Não deve ter sido isso que seus pais lhe ensinaram.
MARCO: O que você tem feito pra que Raíza fique no meu caminho, hein?
Cipriano fecha a porta olhando para ele.
CIPRIANO: Nada que você não tenha gostado...
Marco pega em seu colarinho, irritado, chega a ficar vermelho.
MARCO: Eu estou falando sério! Você quer atrapalhar a minha vida, é isso?
CIPRIANO: Olha, não me interessa sua vida. Seja lá o que anda acontecendo contigo é tudo culpa dela...E sua também...
Marco o solta, indignado e Cipriano bate contra a porta.
CIPRIANO: Uma garota desprezada...Humilhada...Costuma querer se vingar...Sabia?
MARCO: Aquilo foi culpa sua! Então trate de tirá-la do meu caminho!
CIPRIANO: Mas no que ela anda te prejudicando? Ela te cobrou um compromisso, foi?
Marco dá aquela olhada mortal, mas se controla.
MARCO: Ela pode prejudicar meus negócios! Eu sei que ela tem algo que você quer...Eu posso te ajudar a conseguir.
Cipriano caminha pela sala, cabisbaixo. Contorna o sofá, o olha de forma intrigante.
CIPRIANO: Você não me serviu muito antes...Ia servir agora por quê?
MARCO: Por que acho que meu negócio vai ser bom pra você tanto quanto Camilo deve ter sido...
CIPRIANO: Então me fale dos seus negócios excusos, Marco...Talvez eu prefira algo de você que não seja exatamente da garota...
MARCO: Estamos falando dela!
CIPRIANO: Você não quer que eu a tire do seu caminho? Isso não é fácil...Se eu conseguir você terá que me pagar seja qual for o preço.
Cipriano sorri querendo rir.
FADE OUT
FADE IN
CENA 11 CLÍNICA NOVO HORIZONTE – JARDIM [TARDE]
Raíza e Dcr estão sentados cada um ao lado de Ari.
RAÍZA: Será que não há um jeito de tirarmos você daqui?
ARI: Isso que eu te pergunto, Raíza; Há algum jeito d’eu sair daqui?
Raíza e Dcr se entreolham.
DCR: Se um psiquiatra te examinar vai ver que você tá boa...
Ari vira-se para ele, desolada.
ARI: E você acha que eles não sabem disso?
Raíza olha adiante.
[POV de Raíza]
Ela vê uma mulher de cabelos escuros até os ombros, bolsa grande e roxa saindo da recepção.
RAÍZA: Dc, fica aqui com ela? Eu tenho que ir ali...
DCR: Como assim? Aonde?
Raíza levanta e dá as costas.
Em primeira pessoa, a cena vai se aproximando da tal mulher.
RAÍZA: Dona Andréa?
ANDRÉA: Raíza? O que faz aqui?
Raíza a olha no fundo de seus olhos deixando-a desconcertada.
RAÍZA: A gente pode conversar?
JARDIM...
As duas estão sentadas e ao fundo, vemos Dcr olhando para elas, preocupado.
ANDRÉA (alterada): Como você soube disso?
RAÍZA: Fiquei sabendo...
ANDRÉA: Ficou sabendo, não! Quem mais sabe disso? Anda!
RAÍZA: Isso não importa agora. O que importa é que eu já conversei com ela e...
Andréa olha adiante, levanta e indignada, faz que vai para o jardim.
RAÍZA: Não, dona...
Raíza a segura em sua mão. De repente, a imagem congela e num flash, volta.
ANDRÉA: Você não vai me impedir!
Raíza empalidece.
ANDRÉA: O que há? Tá pálida...
RAÍZA (estupefata / olhar fixo): Por favor...Dona Andréa...A senhora sabe que ela não tá louca.
ANDRÉA: E o que você pensa que sabe, garota?
RAÍZA (tom seco): Que ela não merecia estar aqui...Ela não merece.
ANDRÉA (irritada): E você quer o quê? Que eu a leve pra casa? Pra quem cuidar? Você? Claro que não! (pausa) Eu moro sozinha viu, tenho que trabalhar pra sustentar a casa e a internação dela aqui...Fora os remédios que...
RAÍZA (resmunga): Por que fez isso com ela?
ANDRÉA: Como? (pausa) Olha Raíza, eu sei que ela é sua amiga, mas francamente? Quem paga não é seu pai.
Ela olha novamente para o jardim. Vira para Raíza.
ANDRÉA: Espero que vocês não estejam atormentando mais ainda a cabeça dela.
E se afasta na direção da saída.
Assim que se afastou, Andréa apanha seu celular e disca.
ANDRÉA: Atende logo!...(o outro lado atende ) Ah até que enfim...Tô com problemas...A Ari vai ter que sair daqui...
A tela se fecha num baque.
FADE IN
CENA 12 RODOVIÁRIA [EXT./TARDE]
Raíza e Dcr estão subindo as escadas. Ele se apóia no corrimão.
DCR: Duvido que depois disso ela vai continuar mantendo a filha lá...Se não transferi-la...
RAÍZA: ‘Cê’ acha mesmo que seria o caso?
DCR: Depois que você atiçou a mãe dela? Se ela a mantém ali é por que não quer que ela vá presa e fará de tudo pra que assim seja.
RAÍZA: Ela já está presa, Dc!
DCR: Raíza (pausa) Ela é mãe; Jamais faria algo pra prejudicá-la (pausa) Não acha?
Raíza dá aquela olhada suspeita e o deixa sem resposta.
Os dois chegam ao topo e antes de descerem por outra escada, Raíza pára. Está suada e cansada.
RAÍZA: ‘Peraí’ Dc; Vou ao banheiro.
DCR: Tá bom, vai com Deus!
Os dois riem e ela caminha até o...
TOILLETE...
Raíza vai ao lavatório, molha o rosto e olha para o espelho.
[FLASHBACK]
RAÍZA: Não, dona...
Raíza a segura em sua mão. De repente, a imagem congela e num flash, volta.
[FIM DE FLASHBACK]
RAÍZA (em OFF): A Ari não pode ficar nem mais um minuto lá...
Abre a bolsa, apanha uma toalha azul, seca o rosto e vai a direção da porta.
Abre, ao mesmo tempo em que torna a colocar a toalha na bolsa.
Ao sair, se vê naquela estrada, perto da clínica.
Estranha e caminha devagar.
O portão da clínica é todo aberto. A ambulância sai e dá uma virada mostrando o carro que sai logo em seguida. É Andréa ao volante.
O carro acelera e a moça corre até a calçada.
Ao lado do carro, Raíza bate nele e estica o olho. Consegue ver Ari dentro da ambulância, mas a ambulância segue.
Ela olha-o partir, desolada. Se volta e depara-se com Dcr diante dela, preocupado.
DCR: Aconteceu alguma coisa pra você tá parada aí?
A garota está com a bolsa aberta na porta do banheiro.
RAÍZA: Você pode estar certo, Dc! Ari pode ser transferida...Se quer ajudar, me ajude a tirá-la de lá.
DCR: Quê?
CORTA PARA
CENA 13 APTº 403 – QUARTO [INT./MANHÃ]
Raíza está de blusa de alça fina branca, calça jeans preta e os cabelos amarrados. Inquieta, olha pro celular. São 15:00 hs.
[1º PLANO]
Raíza ainda olha o celular; Parece esperar uma ligação.
[2º PLANO]
Josué a observa à soleira da porta.
JOSUÉ: O que anda aprontando, hein, Raíza?
RAÍZA (vira pra ele e põe o celular na bolsa): Ih, eu hein...Eu nada...E o senhor?
JOSUÉ: Quê? Eu, o quê? Eu não fiz nada...
RAÍZA: E o João? Ainda não o vi hoje...
Ele entra no quarto.
JOSUÉ: Ele emendou o curso com uma excursão lá no...No...No...
Ouve-se o som da campainha.
RAÍZA: Depois o senhor me conta...(ela vai pra porta) Quando se lembrar...
Raíza corre até a...
SALA...
Abre a porta e dá com Dcr.
DCR: Vamos?
JOSUÉ: Mas ‘cê’ vai sair de novo?
RAÍZA: É...Tchau tio!
Josué esboça curiosidade.
CORTA PARA
CENA 14 CLÍNICA NOVO HORIZONTE [EXT./TARDE]
O céu é iluminado por alguns raios, tinge-se de um cinza escuro. Ela e Dcr estão na calçada diante da clínica.
DCR: Quer dizer que você espera que o médico que cuida da Ari vá te ouvir?
RAÍZA: Não sei (pausa) Mas não custa tentar.
Dcr alcança a campainha e toca.
O portão é aberto, eles entram.
PORTEIRO: Boa tarde.
RAÍZA: Boa tarde. Viemos pra uma visita.
O porteiro fecha a porta e vai até o balcão.
PORTEIRO: O mesmo paciente? (ele olha para Dcr).
Dcr está aparentemente desconcertado.
DCR: Ari Torgano!
O porteiro volta com um semblante sério.
PORTEIRO: Ari Torgano?...Sinto muito, mas essa paciente está proibida de receber visitas.
RAÍZA: Quê? Mas por quê?
DCR (a cutuca): Raíza.
RAÍZA (para o porteiro): Até a algumas horas a gente ‘tava’ aqui...
DCR (cochicha): Raíza! É óbvio que foi ordem da mãe dela.
RAÍZA (para o porteiro): (pausa) E quando ela poderá receber visitas de novo?
PORTEIRO: Não sei lhe dizer.
Dcr vai empurrando a garota para fora.
DCR: Vamos, Raíza...É melhor.
Os dois saem. O portão é fechado. Começa a serenar.
RAÍZA: Agora ferrou-se! A Ari pode ser transferida a qualquer momento!
DCR: Será que eles vão sair por aqui?
RAÍZA: Você quer dizer...Há um portão nos fundos?
DCR: Não, eu não sei (pausa) Mas pode ser.
Os dois silenciam.
RAÍZA (em OFF): Eu poderia entrar sem ninguém me ver, mas...(ela olha para Dcr) Como vou sair com ela? Será que...?
RAÍZA: Vai pelos fundos, Dc! Eu fico por aqui.
DCR: Mas o que você pode fazer?
RAÍZA (resmunga): É o que verei...
CORTA PARA
CENA 15 CLÍNICA NOVO HORIZONTE – QUARTO [EXT.]
Ari está num corredor diante do bebedouro.
Bebe um pouco d’água e entra no...
QUARTO...
Fecha a porta atrás de si.
O quarto é pequeno, duas camas baixas à direita, banheiro de frente, janelas altas com cortinas marrons, frigobar, um guarda-roupa e uma cadeira.
Ari chega na cama e vira-se pra sentar. Leva um susto.
[POV de Ari]
Ela vê o reflexo de Raíza de costas no espelho. Mas não a vê de frente pra ele.
Ari avança em sua direção, surpresa e feliz.
ARI: Raíza! Você finalmente veio?
Raíza vai perdendo a invisibilidade, abismada.
RAÍZA: Como é que você...
Ela olha para trás e vê o espelho.
ARI: Como ‘cê’ vai me tirar daqui?
RAÍZA (meio pensativa): Calma...Eu ainda não sei, eu...
Ouve-se passos no corredor e uma voz feminina.
As duas olham para a porta.
ARI (alterada): Deve ser a enfermeira. Ela disse que viria com os meus remédios.
Raíza a abraça.
RAÍZA: Seja o que Deus quiser...
A porta é aberta e uma enfermeira pára, estranhando, diante do que vê.
[POV da enfermeira]
Não há ninguém no quarto e ao olhar pra baixo, vê respingos d’água.
CORTA PARA
CENA 16 MANSÃO [EXT./TARDE]
Chove pouco. O tempo está escurecendo.
Adiante, Raíza e Ari, na calçada, ainda estão abraçadas e de olhos fechados.
Vemos Cael na janela, surpreso e sem entender.
MANSÃO – SALA [INT.]
Cael fecha a cortina e se volta. Marco está sentado com um jornal em mãos.
CAEL: Eu vou até o portão...Parece que é a Raíza...Não sei.
MARCO (preocupado): Mas o que ela veio fazer aqui?
MANSÃO [EXT.]
Raíza e Ari continuam do mesmo jeito.
RAÍZA (murmura): Tô com medo de abrir os olhos...
VOZ MASCULINA: Raíza?
Raíza abre os olhos, vai virando o rosto devagar. Se surpreende ao ver Cael e que está diante da mansão.
FADE OUT
FADE IN
CENA 17 MANSÃO – SALA [INT.]
Raíza está sentada no mesmo sofá que Marco. Cael contorna o sofá e senta na poltrona.
CAEL: Eu já liguei pro seu tio avisando do ocorrido. Ele ficou bastante furioso.
RAÍZA: Eu não queria te dar esse trabalho.
MARCO (sarcástico): Você veio até aqui (pausa) Não se preocupe com o resto.
RAÍZA: Cael, ela não tá louca. Se você conversar com ela (pausa) qualquer um vê que ela tá bem.
CAEL: Mas minha opinião não tem importância. Se a mãe dela diz...
RAÍZA: A mãe dela só a internou pra livrá-la da cadeia, mas...
CAEL: Mas...?
RAÍZA: Mas... Mas tenho quase certeza de que (pausa) De que a dona Andréa não vai se opor em deixar a filha sob tratamento domiciliar...
CAEL: Ou seja, você tem certeza que ela não está louca, mas também não quer que ela seja declarada sã?
RAÍZA: Se for, ela terá que responder pelo...Crime.
CAEL: Ah, é verdade.
Ele sorri, desconfiado. Recosta na poltrona e cruza as pernas.
CAEL: Mas como você tirou uma paciente de uma clínica? Particular!
Andréa, dois enfermeiros e Josué adentram a sala.
ANDRÉA (nervosa): Cadê minha filha? (grita) ARI! Onde você a escondeu, Raíza?
EMPREGADA: Eu tentei impedir, seu Cael.
CAEL: Tudo bem, pode ir.
ANDRÉA: ARI!
CAEL: Senhora, por favor, a senhora está na minha casa.
ANDRÉA: Olha, meu querido, você me desculpe, mas eu não te conheço e acho melhor nem conhecer...Essa maluca da Raíza tirou minha filha de um tratamento especializado...Você toma cuidado com ela, hein!
Marco esboça vontade de rir.
JOSUÉ: Raíza, chama logo a sua amiga antes que eu perca a paciência! Onde já se viu uma coisa dessas?
RAÍZA: Ela só sai se o dono da casa quiser e ela também.
ANDRÉA (olhando para Cael): Pois muito bem. O senhor sabe as consequências disso, não sabe? Isso dá processo.
RAÍZA: Vamos conversar, dona Andréa?
ANDRÉA: É o seguinte, minha filha: Eu só quero a Ari de volta pra clínica, ‘cê’ tá me entendendo?
JOSUÉ: Raíza, pelo amor de Deus!
RAÍZA: Pelo amor de Deus, peço eu, tio! Eu não tirei a Ari daquele inferno pra ela voltar pra lá de novo.
ANDRÉA: Como você fez, hein garota? Você não teria dinheiro pra subornar ninguém...(pausa) Ah, mas é claro! Você e ele são amiguinhos, não? E pela casa deve ser rico.
RAÍZA (irritada): Vamos conversar e depois a senhora leva a Ari daqui. Tudo bem?
ESCRITÓRIO [EXT.]
Às portas fechadas, Andréa joga a bolsa roxa sobre a poltrona.
ANDRÉA: Você quer o quê? Cuidar dela? ‘Cê’ pensa que será fácil é?
RAÍZA: Eu só quero a liberdade dela...Eu não a incentivei a sair de lá pra vê-la voltar a sofrer.
ANDRÉA: Vocês, jovens, pensam que são super heróis. Mas ó! ‘Tu’ fica esperta por que se minha filha não voltar comigo, a polícia fica sabendo desse caso...
Ela dá as costas, pega a bolsa e põe a mãos na maçaneta.
RAÍZA (olhar desafiador): Vai aproveitar pra contar à polícia o que realmente aconteceu no dia da morte de seu marido?...
Andréa franze as sobrancelhas.
ANDRÉA: Como? Do que ‘cê’ tá falando, garota?
RAÍZA: Ouvi dizer que Ari empurrou o pai, numa fúria sinistra, do telhado e...
ANDRÉA: E ele morreu, lógico...
RAÍZA (cont.): E ele foi carregado vivo pro hospital...
ANDRÉA: Morreu a caminho do hospital...
RAÍZA: Na cama. Parece que (pausa) ficou sem oxigênio o suficiente...
ANDRÉA: ‘Cê’ tá doida! Dá licença que tenho mais o que fazer...
RAÍZA (aumenta o tom): Será que há testemunhas?...O crime ainda não prescreveu, não...
Andréa está estasiada perto da porta e com a mão na maçaneta...
MANSÃO – SALA [INT.]
Raíza e Andréa entram sob os olhares curiosos de todos os presentes.
Ari está próxima da escada, tensa, segura o corrimão.
ARI: Eu não vou voltar pra aquele lugar!
Raíza vai até ela e toca seus ombros, ar singelo.
RAÍZA: Sua mãe tem uma notícia pra te dar...
Andréa hesita, mas todos estão olhando para ela.
ANDRÉA: Eu...Eu decidi...Que um tratamento domiciliar a faria muito bem...
ARI (abre um sorriso): Eu não acredito!
Ari abraça Raíza, muito feliz.
Marco esboça estranheza e Cael, surpresa.
ANDRÉA: Só que eu não posso cuidar dela (longa pausa) Se não, como vou trabalhar e pagar seus remédios?
Raíza olha para o tio Josué e este abaixa a cabeça.
RAÍZA (para Andréa): Ela pode ficar lá em casa.
CAEL: As coisas não são tão simples assim, Raíza. Ela não pode ficar aos cuidados de uma pessoa sem um documento formal.
ANDRÉA: Exatamente, Raíza. Eu não posso me responsabilizar pelos atos dela se ela não estiver sob meus cuidados.
RAÍZA: Vocês estão falando em guarda?
FUSÃO PARA
CENA 18 CASA Nº 77 [INT./NOITE]
A cena anterior vai se afastando e a vemos dentro de um espelho.
A imagem de Cipriano aparece, com semblante fechado.
CIPRIANO: Ela conseguiu...(pausa)A única vantagem disso é saber os meios como ela conseguiu...(esboça um sorriso maléfico).
FUSÃO PARA
CENA 19 APTº 403 – SALA [INT./NOITE]
Estão sentados num sofá, Raíza, Ari e João. No outro, Bruno e Josué.
Bruno apóia as mãos nos joelhos.
BRUNO: Eu não quero problemas com a justiça, hein. Acho bom vocês duas se comportarem daqui por diante.
As duas sorriem uma para a outra.
Josué não parece satisfeito.
JOÃO: Então o senhor terá a guarda dela?
BRUNO: Nada definitivo. É até a mãe dela conseguir pagar alguém pra cuidar dela.
ARI (resmunga): Tomara que nunca consiga...
BRUNO: Hã?
ARI: Ahn...Nada...Só tô feliz de estar aqui...
JOSUÉ: Esse negócio de guarda é complicado; Não tem que provar idoneidade, que não tem antecedentes criminais?
JOÃO: Com um amigo feito o Cael, as coisas andam...
Raíza lhe dá uma olhada.
BRUNO (levanta): Bem, seja como for, seja bem-vinda, Ari.
Ari se levanta.
ARI: ‘Brigada’.
Os dois se abraçam.
RAÍZA: É, Ari o seu futuro começa agora.
Bruno, sobre os ombros de Ari, sorri em tom de cumplicidade com a filha.
CORTA PARA
CENA 20 UNIVERSIDADE [EXT./NOITE]
Um carro pára diante de uma universidade. A porta é aberta, Marco fecha com delicadeza e anda até a portaria.
Alunos saem com guarda-chuva fechado nas mãos.
Rafaela desce a escadaria, atravessa o portão.
MARCO: Rafaela?
Rafaela, sobressaltada, olha para ele que sorri cinicamente.
Ele põe a mão no bolso do paletó e tira um cd dentro de uma capa branca.
MARCO: Acho que isso é seu, não? Como eu não sabia onde você morava...
A moça, assustada, apanha o cd, desconfiada.
RAFAELA: Você, por acaso...
MARCO: Não, eu não abri...Não costumo abrir cd’s que não sejam meus...
Os dois se fitam.
MARCO: Você costuma?...
CORTA PARA
CENA 21 APTº 215 – QUARTO [INT./NOITE]
O quarto está às escuras. A cena vai se aproximando da cama, vemos as pernas de um rapaz.
Dcr, deitado na cama, olha, triste, um porta–retrato.
CLOSE na foto. É seu pai.
FUSÃO PARA
CENA 22 LUGAR DESCONHECIDO
A cena entra num outro quarto pouco iluminado, passa pelos móveis e mostra a mão de uma mulher colocando as cinzas de cigarro no cinzeiro.
A cena acompanha o braço e vemos Andréa, olhando pela janela, sentada em sua cama.
ANDRÉA: Aquela Raíza, um dia me paga...Um dia...
Põe o cigarro na boca e traga...
FUSÃO PARA
CENA 23 APTº 403 – SACADA [EXT./NOITE]
Tocando: Far Away - Nickelback ->

Raíza e Ari, de costas e debruçadas no ferro, observam o caminho de terra que segue até a alta estrada.
Ari tem uma expressão feliz, o vento esvoaça seus cabelos. Seu semblante é calmo. A cena vai virando até ficar de frente para elas.
ARI: E o Calel, hein? ‘Cês’ são amigos há muito tempo?
RAÍZA: É Cael. (pausa) Não...O que achou dele?
ARI: Além de bonito? (as duas riem) muito prestativo...Ele te olhou de um jeito...Eu vi, hein.
RAÍZA: Nada a ver. Só não digo que você anda vendo coisas por que sei que isso te aborrece.
Ari abaixa a cabeça e depois a olha, novamente.
ARI: Como você conseguiu convencer a minha mãe a me deixar aqui?
Raíza olha adiante.
RAÍZA: Acredita que posso ter o poder da persuasão?
Elas trocam olhares confidentes.
ARI: Não duvidaria...
As duas sorriem. A cena vai se afastando da janela. As duas continuam a conversar e rirem.
Close de cima.
FADE OUT
FIM DO EPISÓDIO

Autora:

Cristina Ravela

Elenco:

Raíza (Maria Flor)

Bruno (Juan Alba)
Josué (Caco Ciocler)
João Batista (Caio Blat)
Dcr (Aaron Ashmore)
Ari (Nathália Dill)
Rafaela (Fernanda Vasconcellos)
Cael (Michael Rosenbaum)
Marco (Pierre Kiwitt)
Cipriano (Thiago Rodrigues)

Produção:

Bruno Olsen
Cristina Ravela


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


REALIZAÇÃO


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