0:00 min       RAÍZA 2ª TEMPORADA     SÉRIE
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WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA 2


Série de
Cristina Ravela

Episódio 15 de 23
"Revolver"



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FADE IN
Takes da cidade do Rio de Janeiro de manhã.
CENA 1 RUA DA CIDADE [MANHÃ]
Ari, Joana e Raíza vêm caminhando enquanto conversam. Joana segura um pacote de biscoito de polvilho e divide com Ari. Raíza anda com as mãos nos bolsos da calça.
JOANA: Você nem vestiu a camisola que a gente te deu de presente? (coloca um biscoito na boca / fala de boca cheia) Nossa! Quem tava com pressa?
Ari cai na gargalhada. Raíza sorri envergonhada.
RAÍZA: Eu não ia usar aquela camisola curta e transparente, pelo amor de Deus!
ARI: Eu disse isso a ela, mas se eu não colaborasse cabeça ia rolar.
JOANA: Ah, mas foi romântico? Ai, eu adoro romantismo.
Ari a abraça, rindo.
ARI: Ela quer saber se teve velas, aromas e pétalas de rosa sobre a cama.
Raíza tira a mão do bolso e mostra o anel.
RAÍZA: Pra mim foi romântico.
Joana suspira com a cabeça encostada à cabeça de Ari.
JOANA: E a noite? Foi quente? Ele tem pegada?
Raíza ri e provoca mais risos.
ARI: Depois de ter deixado a festa pra salvar o Marco a pegada dele deve ter fervido.
Raíza fecha a cara.
JOANA: É, senti ali um baita ciúme.
RAÍZA (incrédula): Eu não fui salvar o Marco, gente, por Deus. Eu só queria evitar...
JOANA: ...Que o bandidão bonitão do Ramirez fizesse o serviço no seu lugar.
RAÍZA: Isso.
As duas se surpreendem.
RAÍZA: NÃO! Ai tá vendo? Vocês me confundem.
Joana olha meio de lado e desconfiada para Ari. Raíza vira o rosto, chateada e Ari fita algo fora da tela mudando seu semblante.
ARI: Gente, eu conheço a placa desse carro.
A câmera se afasta e um carro está a frente da tela. Ari e Raíza se entreolham receosas.
CORTA PARA
CENA 2 APTº 403 – SALA [INT.]
A porta é aberta, Ari para, preocupada e com o desespero no olhar. Joana e Raíza estão logo atrás.
Andréa, Bruno e Josué se levantam do sofá. João também está na sala.
JOSUÉ: Que bom que vocês chegaram. Dona Andréa tem uma coisa importante pra falar.
Andréa, vestida com uma blusa estampada em vermelho, calça jeans, cinto largo e muitas pulseiras douradas, se aproxima de Ari carinhosamente e toca seu rosto com as duas mãos.
ANDRÉA: Filha, chegou a hora de você voltar comigo. Agora eu tenho como cuidar de você.
Ari se mostra aflita.
FADE OUT


2x15

Revolver


FADE IN
CENA 3 APTº 403 – QUARTO DE RAÍZA [INT.]
Ari está revoltada jogando suas roupas de qualquer jeito para dentro da mala sob o olhar de Bruno e Raíza.
ARI: As coisas não deviam ser assim. Eu devia ter direito à escolha, poxa!
Bruno a envolve num abraço e ela larga a roupa, triste, lacrimejando.
BRUNO: Você sabia que ia ser assim. Eu não posso pedir sua guarda definitiva, a não ser que você não tivesse sua mãe pra cuidar de você.
ARI: Ela vai me jogar numa clínica de novo na primeira oportunidade. Eu tô dizendo.
RAÍZA: Eu vou ficar de olho, Ari. Esteja onde você estiver eu estarei por perto.
Ari enxuga as lágrimas, nada confiante.
CORTA PARA
CENA 4 APTº 403 – SALA
Andréa, Josué, João e Joana observam Bruno surgir no corredor com uma mala. Ari vem abraçada a Raíza.
João para na frente dela e a olha complacente.
JOÃO: Você vem nos visitar?
Ari olha para Raíza. João pega sua mão carinhosamente.
ARI (leve desconforto): (balança a cabeça afirmativamente / segura o choro) É. Virei.
João puxa delicadamente sua mão na intenção dela se abaixar, mas Ari se mantém.
ARI: Tchau, João. Espero melhoras. É muito bom a gente ser livre...De verdade.
João engole a seco e ela abraça Raíza bem apertado.
RAÍZA (segura o choro): Não fique assim. Você não vai embora pra sempre.
JOSUÉ: A dona Andréa está esperando, gente.
Joana vai até Ari e sorri, triste.
JOANA: Se você não vier eu vou te visitar, hen.
Provoca risos por parte de Ari e Raíza. Joana abraça Ari.
JOANA: Vai com Deus.
ARI: ‘Brigada’.
Andréa está impaciente e revira os olhos por aquela cena.
Ari, Bruno e Raíza se aproximam da porta e Ari para diante de Josué. Os dois se fitam, ela nada diz e continua até a porta.
Uma última olhada para trás e ela vai embora. Josué disfarça a satisfação. João está, pela primeira vez, abalado e Joana cabisbaixa.
CORTA PARA
= = Passagem de tempo = =
CENA 5 FACHADA – HDM CONSTRUTORA [MANHÃ]
Corta para o interior do escritório de Marco.
Cael está sentado com a perna apoiada sobre a outra. Logo atrás a porta é aberta e Marco para, sorri debochado. Fecha a porta.
MARCO: Pensei que eu nunca teria a honra de sua visita.
Ele dá um tapinha em seu ombro e Cael dá uma olhada seca pra ele.
CAEL: Isso não é uma visita de cortesia.
Marco contorna a mesa, ajeita o paletó e senta.
MARCO: Vou pedir um café. Quer?
CAEL: Eu só vim lhe fazer uma pergunta. O que você quer para devolver o apartamento de Raíza?
Marco não esperava por essa, disfarça a surpresa.
MARCO: Devolver o apartamento? Do que está falando?
CAEL: Não se faça de tolo. Eu sei que você comprou o apartamento dela. O que eu ainda não sei é o que você vai querer pra devolver as chaves.
Marco está com o cotovelo apoiado no braço da poltrona e a mão na boca, num ar sarcástico.
MARCO: Ah, e...Por que eu compraria um apartamento pra devolver depois?
CAEL: Se a moeda de troca tiver mais valor...
MARCO: Que imagem você faz de mim.
Ele se levanta e contorna a mesa.
MARCO: Eu apenas gosto de novidades.
Cael se levanta e o segura, já perdendo a paciência.
CAEL: Eu não sou palhaço! Você nunca faz nada sem pensar antes.
Marco o encara analisando seu comportamento.
MARCO (provoca): Você não está assim por causa de ontem não, é? (pausa) Deve ter sido chato preparar uma festa e a anfitriã largar tudo por mim, não acha?
INSERT – Corredor
Bruno se prepara para bater na porta, mas para ao ouvir vozes.
VOLTA À CENA
Clima. Cael lhe acerta um SOCO. Marco cai sobre outra poltrona, alisa o ferimento na boca.
MARCO (alfineta): A verdade é como lâmina, não é?
CAEL: Ela te salvou para logo depois ser minha (Marco o encara com raiva). E se te salvar foi tão importante pra você, aproveite, por que é a única coisa que você terá dela.
Os dois se encaram com fúria.
CORTA PARA
CENA 6 FACHADA – LOJA 1320 [MANHÃ]
Dcr está de costas, no alto de uma escada de aço acabando de pregar uma placa – “Verde Natural” - acima da porta. Animado, dá uma olhada. Passa a mão no rosto, cansado, enquanto segura uma chave de fenda, coça os olhos de repente e tateia a base da escada para se apoiar.
Tenta descer, mas acaba por pisar em falso e cair desajeitado.
A mão de alguém o apoia pelas costas. Ele se volta, recuperando o fôlego.
RAÍZA (brinca): Problemas com altura?
Dcr passa a mão nos olhos, ainda zonzo.
DCR (ri): Foi só um mal estar. (aponta pra cima) E aí? O que achou?
Raíza olha, mas não dá atenção.
RAÍZA: Ficou bem pregado.
DCR: Ahn...Eu me referia às cores, enfim...Já tinha tempo que minha tia queria colocar o nome de volta na loja. Mas o tempo foi passando, passando...
Raíza está absorta, encarando-o.
DCR: Ahn...Você não veio aqui ver minha obra de arte, né?
Raíza não sabe como dizer.
RAÍZA: Dcr...(toma coragem) A mãe da Ari esteve lá em casa (ele não estranha). Ari teve que voltar com ela.
DCR: O quê?
Close em seu ar indignado.
FADE OUT
FADE IN
CENA 7 CASA DE ANDRÉA – SALA [INT.]
O local está bagunçado. Objetos caídos no chão, móveis fora do lugar. Andréa sustenta um falso olhar triste, abre os braços como apresentar.
ANDRÉA: Este é o cenário como vocês podem ver.
Ela conduz Dcr até a porta do quarto de Ari.
Raíza averigua a sala enquanto isso.
Porta-retratos quebrados, dvd’s espalhados, manta jogada ao chão e o telefone fora do gancho. Foco nele.
Raíza olha para trás, Andréa e Dcr estão voltando. Raíza toca o telefone e faz uma expressão de esperta. Notamos que ela acaba de ter uma visão.
ANDRÉA: Ari não se conformou de voltar a morar aqui e fez essa bagunça.
DCR: Eu não acredito em nada disso.
ANDRÉA (indignada): Como disse?
RAÍZA: Ari tinha medo de voltar pra clínica. Ela não faria uma coisa dessas.
ANDRÉA: Vocês estão falando de uma garota que não tem controle sobre si. (pausa) Até quando vocês iam aguentar? Me diz você, Raíza: Ia esperar ela cometer uma nova insanidade?
DCR:(ele encara Andréa, inconformado) Ela não tá louca! Nunca esteve! Se tem alguém louca aqui é a senhora.
Raíza tenta contê-lo. Andréa põe as mãos na cintura.
ANDRÉA: Como é que é, garoto? Quem ‘cê’ pensa que é pra falar assim comigo e dentro da minha casa?
DCR: Eu sou o noivo da Ari e como noivo eu tenho o direito de saber onde ela tá.
Andréa solta um riso frouxo, sarcástico. Aproxima-se dele e toca seu rosto.
ANDRÉA: Escuta aqui, garoto, você sabe como ninguém que pessoas assim como ela não têm cura. Tu é um cara bonito, inteligente...Não vai perder sua juventude num caso que não tem solução, não é?
Dcr a encara com raiva.
DCR: Isso quem decide sou eu!
Ele a empurra contra o sofá e ela se levanta rapidamente, indignada.
ANDRÉA: Seu moleque! Saiam os dois daqui! ANDA!
Dcr e Raíza saem empurrados para fora e Andréa bate a porta nas costas deles. Os dois se encaram, assustados.
CORTE RÁPIDO
CENA 8 RUAS DA CIDADE [MANHÃ]
Dcr e Raíza caminham pela calçada.
DCR: Por que essa insistência em mantê-la numa clínica, Raíza? Se ela matou ou não o pai dela, que diferença isso faz agora se ela fica aqui ou lá dentro? Aos olhos dos outros ela sempre será a louca.
RAÍZA: Ela não matou o pai dela, ‘Dc’.
Dcr para na sua frente, firme.
DCR: E como é que ‘cê’ pode ter certeza disso?
Raíza se mostra em dúvida.
DCR: Ah, Raíza. Segredos pra mim? Você sabe que pode contar comigo...
RAÍZA: Eu também posso ver o passado.
DCR (extasiado): Sério? E-e como é isso?
RAÍZA: Quando toco objetos antigos ou usados recentemente e também ao tocar as mãos das pessoas.
Dcr estende a mão.
DCR: Diga alguma coisa do meu passado que só eu sei.
Raíza torna a caminhar.
RAÍZA: Não é assim que funciona, ‘Dc’. (ele vem atrás) Imagine se eu pudesse ver o passado e o futuro a hora que eu quisesse? Imagine como seria.
DCR: Ah, vamos, Raíza. Tente.
Raíza vacila os passos, para e Dcr estende a mão novamente. Ela olha por instantes e toca. Nada acontece.
RAÍZA: Viu só?
DCR: Ok, vamos voltar pro início do filme. Como você tem certeza que Ari não matou o pai?
RAÍZA: Por que eu vi a mãe dela terminando de matá-lo no hospital.
Dcr se impressiona.
DCR: Meu Deus! Ari sabe disso?
RAÍZA (firme): Não e não vamos contar. Ari vai querer tirar satisfações com a mãe e ela terá um bom motivo pra mantê-la internada.
DCR: Mesmo assim, vai deixá-la viver com essa culpa? Não é justo!
RAÍZA: Nada é justo nessa vida.
DCR: Eu quero vê-la. Precisamos descobrir o endereço.
RAÍZA: Eu não tive problemas ao tocar aquele telefone...
Os dois se olham e Dcr entende.
CORTA PARA
CENA 9 FACHADA - COFFEE BREAK [TARDE]
Corta para o interior.
Rafaela segura uma papelada, abre a porta e entra, deixando-a aberta. A porta faz que vai bater, por trás dela está Marco, encostado à parede e fechando a porta.
Rafaela coloca a papelada sobre a mesa e se volta. Susto.
RAFAELA: Marco? Cê não devia estar trabalhando?
MARCO: Tecnicamente eu estou no trabalho.
Mãos nos bolsos, ele vai se aproximando enquanto Rafaela, temerosa, anda pra trás.
MARCO: Rafaela, querida, você acha que eu tenho lhe dado muita ocupação ultimamente?
RAFAELA (treme): Só o serviço de sempre.
MARCO: Tem certeza? Às vezes eu acho que você precisa de umas férias...
Rafaela só faz um sinal de negativo com a cabeça.
Marco toca seus cabelos e enrola com os dedos.
MARCO: Sabe, eu fico preocupado. Você e o Josué juntos... Será que o Josué não anda te dando muito trabalho? (ela cora).
RAFAELA: Trabalho esse que você me deu.
MARCO (aperta seus cabelos e muda o tom): Então por que é que você não repassou a informação de que Dcr descobriu sobre a compra do apartamento? Anda querendo guardar informações só pra si?
Ele aperta mais ainda seus cabelos e ela sai fora rápido.
RAFAELA: Eu esqueci! (pausa) Você, ontem, chegou nervoso e eu não me lembrei de contar!
MARCO: Esquecendo de coisas importantes? E o teu papel na sociedade? Esqueceu também?
RAFAELA: Eu sou humana, também esqueço!
MARCO: Não de uma coisa que me interessa. Eu não quero mais saber de surpresinha. Não te pago pra me surpreender.
Rafaela segura a raiva. Marco passa por ela e esta se volta, olhar desafiante.
RAFAELA: Tá assim por ontem? (Marco se volta lentamente) Eu soube que a Raíza e o Cael estiveram mais do que juntos... (cena se interpõe entre os dois) Você quer que eu consiga mais detalhes ou prefere que eu esqueça isso?
Clima.
Marco lhe acerta um TAPA. Rafaela cobre o rosto com as mãos, revoltada.
RAFAELA: Nunca nenhum homem me bateu!
MARCO: Fique feliz por eu ser o primeiro.
Ele sai batendo a porta. Rafaela dá um soco na porta, agressiva.
CORTA PARA
CENA 10 APTº 403 [EXT.]
A porta se abre na nossa frente e Joana sorri sem jeito. Dá passagem e Marco entra, a sala está vazia.
MARCO: Imagino que só você e o João estão em casa.
JOANA: É...Bruno e Josué estão no trabalho, Raíza saiu e...
Marco faz que espera. Joana coça a nuca.
JOANA: A Ari foi embora.
MARCO: Embora? Como assim?
JOANA: A mãe dela esteve aqui e a levou de volta pra casa. Ela não quis ir, mas...Sabe como é, né? Ari não tinha muita escolha...
Marco finge estar surpreso.
CORTA PARA
CENA 11 COLÉGIO FRANÇA – SALA DOS PROFESSORES [INT./TARDE]
Marco apoia os braços sobre a mesa, indignado.
MARCO: Como é que a Ari vai embora e eu sou o último a saber?
Cipriano se mantém tranquilo, em pé, revirando umas folhas do diário oficial.
CIPRIANO: Não entendo esse seu ataque. Não era isso que você queria? (Marco o encara sem entender) Você pediu que eu desse um jeito nela.
MARCO: Ela só saiu de casa. Esperava mais de você.
CIPRIANO: Como você é mal informado. A essa hora a garota deve estar entre quatro paredes brancas e frias tomando remédios fortíssimos.
Marco se mostra satisfeito, mas não menos agitado. Cipriano nota.
CIPRIANO: Essa sua atitude não vai apagar o que houve entre Cael e Raíza ontem.
MARCO (raiva): Você também? Eu não estou nem aí se aconteceu alguma coisa entre eles ou não. O que é do Cael está guardado.
CIPRIANO: Frase feita. Típica de quem está morrendo de raiva.
MARCO (segura o ódio): Você é meu analista por acaso?
CIPRIANO (firme): Você devia estar mais calmo ao invés de se preocupar com uma noite qualquer. Se Ari conta o mesmo segredo que você sabe do Josué, nada mais o prenderá às suas vontades.
Ele pega o diário e vai na direção da porta.
MARCO: Eu só espero que a Raíza não a tire de lá de novo, não é?
Cipriano vira o rosto enquanto põe a mão na maçaneta.
CIPRIANO: Estratégias existem para quem pensa nelas.
Ele sorri sonso, abre a porta e sai. Marco está pensativo.
CORTA PARA
CENA 12 CLÍNICA BEM-VIVER [INT./TARDE]
Ari está sentada numa cama baixa de colchão fino. Dcr e Raíza estão a sua frente, sentados em outra cama. A conversa já está iniciada.
ARI: Minha mãe foi promovida a gerente de produção na fábrica de perfumes. Deve tá ganhando bem...
DCR: A gente não quer saber da promoção da sua mãe. A gente tá aqui pra te levar embora. (olha Raíza) Não é?
RAÍZA: Eu já disse que não posso fazer isso de novo. Precisamos de estratégia nova.
DCR: Só que enquanto a gente pensa numa estratégia a dona Andréa já tá pensando em mandá-la pra bem longe.
ARI (preocupada): Ela disse alguma coisa?
RAÍZA: Não (Dcr abaixa a cabeça), mas deve tá pensando depois do seu noivo nervoso quase tê-la agredido.
Ari faz que não acredita.
DCR: Ela que começou! Sugeriu que eu te largasse pra lá. (pausa / ele segura imediatamente suas mãos) Ari eu entendo que sua mãe não quisesse te ver presa pela morte de seu pai e que por isso te internou numa clínica, mas (pausa) agora você tem o seu Bruno, a Raíza...A mim. Por que ela insiste em te manter aqui?
Ari está tensa, olha para Raíza, olha pra baixo. Segura nas mãos de Dcr.
ARI (triste): Ela diz que passei perigos demais na sua casa, Raíza. Que já tentaram contra minha vida. Ela até soube do tal matador de aluguel...
Raíza se levanta injuriada.
RAÍZA: Mentira! Se ela estivesse preocupada com isso já teria feito alguma coisa antes, quando tentaram te matar no hospital. E isso já tem mais de 2 meses. 2 meses!
DCR: Você não pode ser condenada por uma coisa que você fez sem pensar. Isso se você fez, né?
Ari e Raíza trocam olhares suspeitos. Dcr nota algo no ar.
Ari retira as mãos das dele e disfarça.
DCR: Ari (pausa) Você matou mais alguém? (tensão em Ari / ele faz ter medo de perguntar) O pai do Victor?
Emoção no olhar de Ari.
ARI: Dcr eu tentei te dizer, mas...
DCR (sentido): Mas eu não quis ouvir. (pausa) Diga que ele te fez alguma coisa, qualquer coisa. Que o Victor mentiu ao dizer que você o matou porque era seu dia de fúria.
Raíza cruza os braços, e a encoraja no olhar.
ARI: Eu...
FLASHBACK
Um homem está em cima do telhado de uma casa arrumando a antena. Ari aparece atrás dele, desalinhada e vai em sua direção com raiva.
ARI (mostrando o pulso): Pai eu não quero mais saber dessa cruz aqui. Já tão exigindo demais de mim. Tira isso pelo amor de Deus!
PAI: Mas de novo esse assunto? Tá dando as costas pro poder que você recebeu?
ARI: Um poder que tá acabando comigo, pai. Eu quase não durmo, não como. Isso não é vida, não.
PAI (firme): Sabe quanto custou pra fazer o batismo? Sabe?
ARI: A minha vida tá virando do avesso e o senhor só se preocupa com o que gastou. Já perdi alguns amigos, a vizinhança me olha de lado.
PAI (desdenha): Você se preocupa com eles? (pausa) Eles são reles mortais que não podem atravessar uma parede como você e se teletransportar pra qualquer lugar a hora que bem entender. Você é protegida. E proteção custa a exigência que for.
Ele pega uma chave de fenda, se agacha e arruma a antena.
ARI: Pois se pra ter proteção eu tenho que passar o resto da minha vida me metendo em brigas, machucando os outros, roubando pra você ...Prefiro ser uma reles mortal.
Ela arranca a chave de fenda dele...
PAI: Que isso? O que vai fazer?
Ari tenta furar o pulso e o pai tenta impedir.
PAI: ‘Cê’ quer morrer, garota? Você não pode fazer isso!
Eles lutam, Ari está possessa de raiva, decidida; Ele mede força com ela.
ARI: Você não vai decidir mais nada em minha vida!
Ela o empurra.
Câmera focaliza os dois de baixo. O pai dela se desequilibra e cai do telhado.
Close no pai que apaga.
Ari observa, apavorada. Andréa aparece da porta, se desespera e corre até seu marido.
ANDRÉA: Luiz! Luiz!
De repente, um par de pernas bate ao chão bem ao seu lado. Andréa encara Ari que se mantém com medo no olhar. Sai correndo.
ANDRÉA: Ari! Volta aqui!
CORTA
Ari corre pela calçada e se aproxima da esquina. A sua frente, vem um senhor de cadeira de rodas que a olha com muito ódio e para diante dela.
HOMEM: Ah, você taí, né.
Ari se atrapalha.
ARI: Sai da minha frente!
HOMEM: Fica quieta! Cansei de seus barracos por aí. Eu não vou mais tolerar uma bandida feiticeira que some e aparece quando menos se espera.
Um carro se aproxima em alta velocidade.
ARI: Ah, vai passear, seu palhaço!
Ela empurra sua cadeira. Ouvimos os pneus cantarem ao mesmo tempo em que a cena mostra Ari espavorida. Som de baque.
FIM DO FLASHBACK
Dcr se levanta estupefato e emocionado.
DCR: Me leva daqui, Raíza. (enxuga s lágrimas) Quero sair daqui.
Ari se levanta, tão emocionada quanto.
ARI: Por favor, Dcr. Eu não fiz por querer...E-eu me arrependo.
Raíza faz um sinal com a mão para Ari ter paciência.
Dcr a abraça e os dois somem diante de uma Ari chorosa.
CORTA PARA
CENA 13 CLÍNICA BEM-VIVER [EXT.]
Os dois surgem abraçados na calçada. Dcr está com o rosto apoiado sobre o seu ombro.
DCR (sério): Me apaixonei por uma supergirl às avessas.
RAÍZA: Ela foi induzida a fazer aquelas coisas, ‘D’. (ela olha pra ele) Mas ela não matou o pai e nem empurrou aquele senhor de propósito. Tente entender.
Dcr desfaz o abraço e se mostra indignado.
DCR: Quem a induziu? Quem a batizou? O Cipriano? O mesmo que colocou essa cruz aí no seu pulso?
RAÍZA: O Cipriano? Por que pensou nele?...
DCR (passa a mão na cabeça / corta): Não, não, deixa pra lá, eu tô apenas revoltado...Poxa, ela não confiou em mim, Raíza. Quando o Victor quase a matou eu quis acreditar que ele estava blefando eu...(olhar vacilante) Eu só tava me enganando.
RAÍZA: Ela não quis te contar com medo de você se afastar dela.
DCR: E quantas coisas ela vai me esconder com medo de me perder? (os dois se encaram) É assim que ela pretende ser minha esposa?
RAÍZA: Ela vive a vida tentando esconder dos outros o passado que teve e você já sabia disso. (pausa) Ela nunca terá sua liberdade de volta. Somos as únicas chances dela tentar viver melhor.
Silêncio. Dcr tem um olhar triste e inquietante.
DCR: Então me ajuda a tirá-la daqui. (pausa) Eu a amo.
Dcr a abraça, emocionado.
FADE OUT
FADE IN
CENA 14 FACHADA - HDM CONSTRUTORA [TARDE]
Corta para a recepção
Dcr e Raíza chegam até um balcão onde uma moça magra, branca, cabelos ruivos, olhar singelo acaba de atender um telefone.
RECEPCIONISTA: Raíza, como vai? (cumprimenta Dcr também).
RAÍZA: Do jeito que dá (ambas sorriem) Então, Eduarda, meu pai tá por aí?
EDUARDA: Surpresa que você hoje perguntou. Geralmente você entra sem olhar pra mim.
Elas riem.
EDUARDA: Seu Bruno foi supervisionar a construção de um prédio residencial em Campo Grande. (ela lhe entrega um folder) É aquela obra que estava parada há meses, lembra?
Raíza visualiza o folder e olha para Dcr.
CORTA PARA
CENA 15 ED. EM CONSTRUÇÃO – TÉRREO [EXT.]
Raíza e Dcr caminham em meio a sacos de cimento, terra, pedras e pedreiros.
RAÍZA: Sinto um déja-vu.
Corta para o interior
Bruno, de capacete, está de costas, conversa com um homem. Ao se voltar, dá com Dcr e Raíza esperando-o. Ele segura uma prancheta.
BRUNO: O que tão fazendo aqui? (pausa) Raíza você não devia estar no colégio?
Dcr e Raíza se entreolham.
-Corta para um canto exterior ao prédio-
O corte é feito diretamente na indignação em Bruno.
BRUNO: Como é? Ela deixou a Ari comigo justamente pra não ter que interná-la. O que houve?
DCR: Ela alega que a Ari surtou e destruiu o quarto, que pra mim já devia estar destruído quando ela chegou.
BRUNO: Filha você que a convenceu a deixá-la conosco, não pode tentar fazer o mesmo?
RAÍZA (faz a negativa): Ela sabe que eu sei que foi ela quem matou o marido, mas se agora ela não se importa mais é porque deve tá pagando pra ver. E as pessoas só se arriscam assim se tiverem uma carta na manga.
Bruno joga a prancheta com força sobre uma mesinha.
BRUNO: Droga! Eu não posso fazer nada. Andréa é a mãe dela, detém de sua guarda e...
Ele faz uma expressão esbabacada.
RAÍZA: O que foi, pai? Teve alguma ideia?
BRUNO: A gente ainda não assinou os documentos passando a guarda dela de volta pra mãe. A guarda provisória ainda é minha!
Dcr e Raíza se mostram esperançosos.
DCR: É isso aí, seu Bruno! Vai lá e mete bronca!
Bruno tira o capacete, animado.
BRUNO: Eu espero não precisar cuidar dela depois que vocês se casarem, hen.
Ele lhe entrega com força o capacete e sai sorrindo.
BRUNO: Edgar! Traz alguém pra ficar no meu lugar aqui.
Dcr sorri, mas logo olha pro capacete com expressão de dúvida. Torna a olhar para a direção pra onde Bruno foi como quem acaba de ter uma ideia.
CORTA PARA
CENA 16 FACHADA – TRADICIONAL PERFUMARIA [TARDE]
Através da vitrine, Andréa arruma as bancadas com perfumes. Pelo reflexo, Bruno aparece da calçada, acena e Andréa faz uma cara de insatisfeita.
-Corte rápido-
Os dois estão cara a cara. A câmera vai dando uma volta em torno deles. Conversa já iniciada.
BRUNO (indignado): Como você tira sua filha da minha casa e a manda de volta pra clínica? A ideia não era você deixar sob minha responsabilidade até você ter condição de cuidá-la em casa?
ANDRÉA: Era o que eu queria. Até contratei uma enfermeira, mas a Ari surtou de novo, o que posso fazer?
BRUNO: Ela tava bem até você tirá-la da gente. Se no primeiro surto dela você a joga numa clínica, melhor deixar comigo, não acha?
ANDRÉA (muda o tom / grossa): Ela não tava bem contigo coisíssima nenhuma. Quase foi assassinada três vezes e ainda anda com sua filha que teve como admirador um matador de aluguel. Eu sou a mãe dela, eu decido as coisas!
BRUNO: Você se esquece que eu ainda tenho a guarda dela. Quer saber? Eu já devia estar lá.
Ele dá as costas.
ANDRÉA: Se eu contar pro juiz os perigos por quais minha filha passou na tua casa você teria que responder a um processo, sabia disso?
Bruno se volta, sério e com a raiva no olhar.
ANDRÉA (cont.): Desde que ela foi morar com vocês que ela já foi atacada no ambiente de trabalho, no hospital, foi sequestrada e como se não bastasse, anda com uma usuária de drogas...
BRUNO (indignado): Do que você tá falando?
ANDRÉA: Daquela vez em que a Raíza cortou o próprio pulso numa avenida depois de ter ingerido uma droga.
BRUNO: Aquilo foi um acidente...
ANDRÉA (desafia): Quem mais sabe disso? Você?...O Josué?...A Ari? (ela sorri maliciosa).
Bruno se cala, demonstra raiva em sua expressão, enquanto Andréa sorri sagaz.
CORTA PARA
CENA 17 CARRO DE BRUNO [EXT.]
Câmera foca Bruno de perfil que dirige insatisfeito.
O semáforo sinaliza vermelho e Bruno para. Ouvimos o toque de um celular, ele põe a mão por dentro do bolso da camisa e retira o aparelho. Atende.
BRUNO: Oi, Raíza (pausa) Nem me lembre! A mulher é pior do que eu imaginava (pausa). Tudo bem, tô indo pr’aí.
CORTA PARA
CENA 18 FACHADA – CURTO-CIRCUITO [TARDE]
Corta para o seu interior
Ouvimos o som de uma tv ligada. Há muitas pessoas almoçando, burburios, movimentação de garçons e garçonetes de calças pretas, camisas brancas e aventais vermelhos.
Cael, de roupa social preta, segue até o caixa onde está Dcr e Raíza.
CAEL: Muito ousado de sua parte, Danilo. Tem certeza que quer fazer isso?
Bárbara sai de uma porta com um pano e passa sobre o balcão.
DCR: Eu já devia ter feito isso há tempos. Eu só precisava de um lugar e de sua influência.
Raíza sorri fazendo charme para Cael. Este retribui sem demoras, coloca a mão no bolso da calça e retira um molho de chaves.
CAEL (estende as chaves): A mansão é sua.
Dcr pega deslumbrado.
DCR: Valeu, patrão! Que bom que eu tenho uma boa intermediária.
Cael e Raíza riem. Cael vê alguém fora da tela.
CAEL: Bruno chegou.
Bruno se aproxima com ar determinado.
BRUNO: Gente, tomei uma decisão: Vou tirar a Ari de lá custe o que custar.
DCR: Calma, seu Bruno, não precisa abrir fogo contra a clínica, não. O senhor me deu uma ideia que não só vai tirá-la de lá como nunca mais ela volta pr’aquele lugar.
Bruno faz que não entende. Cael e Raíza sorriem esperançosos. Bárbara termina de passar o pano no balcão e se afasta.
FADE TO BLACK
FADE IN
CENA 19 CLÍNICA BEM-VIVER - QUARTO [INT.]
Corta para o seu interior
Ari está sentada na cama se recusando a alguma coisa. Diante dela, uma enfermeira com a mão estendida contendo três remédios.
BRUNO: Pode deixar (a enfermeira olha para trás) Sou o padrasto dela. Eu faço ela tomar.
A enfermeira assente e lhe entrega os remédios. Sai em seguida.
Bruno a observa fechando a porta, encara Ari e guarda os remédios no bolso da calça.
BRUNO: Se arrume, Ari. Nós temos um compromisso.
Ari sorri sem acreditar.
CORTA PARA
CENA 20 CLÍNICA BEM-VIVER [EXT.]
O portão é aberto, Bruno cumprimenta o porteiro e sai normalmente envolvendo Ari com o braço. O portão é fechado.
BRUNO: Eu deixei meu carro afastado daqui pra não dar bandeira.
Ari está emocionada e abraça Bruno. Neste momento, Andréa os surpreende.
ANDRÉA (empáfia): O que você pensa que tá fazendo, Bruno?
Ari demonstra medo, mas ele a afasta da mãe, decidido.
BRUNO: Algo que você podia ter feito.
ANDRÉA: Eu quero vê se tu vai sair daqui com ela ou não.
Ela agarra o braço de Ari que resiste. Bruno a puxa de volta.
BRUNO: CORRE, ARI!
= = Music On / Ação = =
Ari corre na direção do carro dele. Andréa tenta correr, Bruno a segura e os dois fazem guerra pra se livrar um do outro. É aí que a chave do carro dela cai no chão, Bruno se aproveita e chuta. Andréa tenta impedir, mas se desequilibra e cai. É a vez dele sorrir sagaz para em seguida correr.
Andréa dá um soco no chão.
Corta para o carro de Bruno onde ele entra rapidamente. Ari está eufórica ao seu lado.
ARI: Seu Bruno, o senhor tá maluco?
BRUNO: Se segure, porque temos que chegar antes dela.
Ele acelera.
Ao longe, Andréa entra no carro e dá a partida.
CORTE RÁPIDO
Começa a perseguição. O carro onde Bruno está vem em alta velocidade em meio a vários carros.
[INT.]
Bruno olha para o retrovisor e Ari olha para trás, nervosa.
O carro de Andréa se aproxima.
[INT.]
ANDRÉA (ódio): Tu num vai pra muito longe, tu num vai pra muito longe!
[EXT.]
A câmera focaliza vários ângulos da perseguição.
Corta para os pneus do carro de Bruno que passa zampado pelo asfalto. Em seguida, vem o de Andréa.
[INT. do carro de Bruno]
Bruno vê um caminhão adiante se aproximando da curva larga. Close em sua mão que puxa a marcha.
De frente, vem outro carro e a sensação é de que não vai dar tempo.
[EXT.]
Andréa vibra com a cena.
Bruno faz uma curva rápida, ultrapassa o caminhão, o outro carro desvia subindo na calçada e rodopia pro meio da pista.
Corta pro interior do carro de Andréa.
Ela se desespera, pisa no freio e vira o volante.
A cena é assustadora. Andréa desvia do carro, rodopia e para bruscamente.
[INT.]
Andréa olha para trás e dá um soco no volante.
CORTA PARA
CARRO DE BRUNO [EXT.]
Ari está tensa e, firme na poltrona.
ARI: Seu Bruno...Eu não sabia que o senhor fazia estripulias com o seu carro.
BRUNO (sorri): Sempre existe uma primeira vez.
O carro passa batido pela estrada.
= = Music Off = =
FADE OUT
FADE IN
= = Passagem de Tempo = =
CENA 21 FACHADA – MANSÃO [FIM DE TARDE]
= = TOCANDO: This Time – Melanie C. = =
Corta para o interior da SALA
Ouvimos alguém chegar. Bruno entra com o braço envolto no de Ari e ao lado de Diva e Helena. Ari faz que não entende, está com um vestido bege, longo, cabelos presos e maquiagem leve.
Assim que adentra a sala, surpreende-se ao ver alguém fora da tela.
Dcr está de terno preto sobre a camisa branca e olha com semblante realizado. Há um homem, Cael, Raíza e Joana, todos bem vestidos ao lado de uma mesa.
Dcr vai até Ari e toca suas mãos.
DCR: Um dia eu disse que não havia mais nada que nos impedisse de se casar. (pausa) Agora nem a sua mãe, nem mesmo a clínica.
Ari se emociona.
DCR: Não vai me fazer essa desfeita, vai?
Ela sorri, aperta sua mão na dele e ele a conduz pela sala até a mesa onde se encontra o padre.
CORTE RÁPIDO
PADRE: Danilo de Castro Rodrigues, aceita Ariadne Torgano de Queiroz como sua legítima esposa?
Dcr sorri olhando para Ari.
DCR: Foi difícil trazê-la até aqui. Acha que vou desistir?
Todos riem.
CORTA PARA
O corte é feito diretamente no dedo de Ari onde Dcr coloca o anel.
Os dois se olham carinhosamente e se beijam.
A cena mostra Bruno, ao lado de Ari assinando o livro de testemunhas e Raíza faz em seguida. Depois é a vez de Joana e Cael como testemunhas de Dcr.
Todos se cumprimentam, sorriem felizes.
O empregado traz uma bandeja com champagnes, as pessoas se servem, Dcr pega dois e entrega um para Ari.
Os dois entrelaçam as mãos e bebem o champagne.
Raíza mira seu celular na direção deles.
RAÍZA: Sorriem!
Ari coloca sua taça sobre a mesa e faz o mesmo com a de Dcr. De repente, ela o envolve em seus braços e o inclina. Ouvimos o click.
FUSÃO PARA
Vários takes da cidade à noite.
FUSÃO PARA
CENA 22 FACHADA – ED. CIRANDA DE PEDRA [NOITE]
= = Music Fade = =
Corta para o interior do APTº 403 – SALA
A porta é aberta, Bruno, Cael, Diva, Helena, Raíza e Joana entram na frente rindo de alguma coisa. Em seguida, Ari e Dcr adentram sorridentes. Todos param com a cena que veem.
Andréa se levanta do sofá, expressão de raiva. Josué fecha a cara e João também.
ANDRÉA (desdém): Como você pôde, Ari? Se casou sem falar comigo...
ARI: A senhora não deu alternativa. Devia estar feliz, porque agora sou casada e é meu marido quem vai se responsabilizar por mim.
JOSUÉ: Então você não volta mais pra cá, não é mesmo?
Bruno lhe dá uma olhada.
João vai até Ari olhando-a fixamente.
JOÃO: Não deixe de me visitar... (Dcr o encara e João expressa malícia / corrige) de nos visitar.
ANDRÉA (ríspida / para Ari): Vamos lá fora que quero falar contigo.
Ari demonstra receio, mas Dcr a encoraja a ir.
CORTA PARA
CENA 23 ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT.]
Andréa segura forte o braço de Ari enquanto elas se aproximam do portão. Ari tenta resistir. As duas param na calçada.
ARI (se solta dela): Tá me machucando!
ANDRÉA (nervosa): Escuta aqui, garota! Eu quase morri por causa da sua estripulia, ouviu bem? Diz! Foi ideia da Raíza, não foi? Ela que armou isso tudo, não foi?
ARI: Do jeito que fala parece que o Dcr só se casou comigo pra me livrar da clínica, e ele me ama, tá?
Andréa ri sarcástica.
ANDRÉA: Você acha que ele vai aguentar até quando, hen? Até levar um tiro no meio da cara?
Ari faz que não entende.
ARI: Do que tá falando?
ANDRÉA: Eu tô falando que foi a pedido do Marco que eu te tirei dessa casa.
ARI: O Marco? Mas por quê?
ANDRÉA (grossa): Não sei, será que alguém aqui não aguentava mais a sua presença? O que você anda aprontando, hen garota?
ARI: Eu não ando aprontando nada, mãe! Eu só quero viver a minha vida em paz, custa a senhora me deixar em paz?
Andréa se cala, ressentida. Dcr, Raíza e Cael chegam no portão e notam o clima.
ANDRÉA: Eu só queria que você entendesse garota, que eu nunca te quis mal.
Ela dá uma olhada mortal para Raíza, abre a porta do carro e entra.
Uma última olhada para Ari e ela parte.
Dcr a abraça.
DCR: Tá arrependida?
Ari respira fundo, estremece um sorriso.
ARI: Não. (pausa) Pra onde você disse que ia me levar?
Dcr sorri feliz, Cael e Raíza se entreolham maliciosos.
A câmera se afasta entrando num carro. Ari, Dcr, Cael e Raíza são vistos ao longe.
MARCO (O.S / irônico): Comovente, não acha?
Marco está ao volante, olha de soslaio para o lado com cara de poucos amigos. Cipriano aparenta a mesma calma de sempre.
CIPRIANO: Eu não imaginava que o Bruno fosse tão ousado. (encara Marco) Certamente essa ousadia foi ideia da Raíza...
MARCO: Você quer me convencer que isso tudo foi surpreendente pra você?(pausa) A Ari está livre novamente e agora mesmo que ela nunca mais voltará pr’aquela clínica.
CIPRIANO: Liberdade é o nome que se dá a tudo aquilo onde não há obstáculo. (pausa) Onde você vê liberdade numa garota que para não ser presa foi atestada com insanidade mental?
Os dois se encaram. Cipriano faz uma expressão de esperto e Marco mostra-se pensativo.
FUSÃO PARA
Takes da cidade.
CORTA PARA
CENA 24 FACHADA – COFFEE BREAK [NOITE]
Corta para os fundos
Josué está encostado à parede, inquieto, mãos no bolso da calça. Rafaela aparece da porta vestida de uniforme preto e com cabelos presos.
RAFAELA: Josué? Você sabe que não posso...
JOSUÉ: Eu não sei mais o que fazer. (pausa) A Raíza conseguiu tirar Ari daquela clínica e casá-la com Dcr. A Raíza sempre consegue tudo o que quer.
Rafaela o abraça.
RAFAELA: Ela vai ficar ocupada com o marido dela e vai esquecer da gente, você vai ver...
Josué a encara, de olhar maledicente e, segura suas mãos.
JOSUÉ (mente): Essa garota é tinhosa, tal qual Raíza é. Não sei como ainda não contou do nosso caso pra ela.
RAFAELA: Fiquei chocada quando você me contou que ela ameaçou falar da gente. Sempre me pareceu tão discreta...
JOSUÉ (mente): Você entende o quanto preciso acabar com esse romance de novela entre Cael e Raíza antes que a Ari conte nosso segredo, não é? (ela faz que sim) É o segredo que tem me prendido a Marco e separar esses dois é a única garantia de ter meu apartamento de volta.
RAFAELA (maliciosa): ‘Cê’ precisa pegar mais pesado. Se o que você insinua não dá certo, o que o pai dela disser ela acredita.
JOSUÉ: Como vou fazer o Bruno dizer qualquer coisa de ruim sobre os dois?
RAFAELA: Cael é homem, morre de ciúme do irmão. Pra ele, ser o primeiro homem da vida de Raíza é um trunfo sobre o Marco. Você só tem que saber conduzir a conversa e provocá-lo.
Josué libera um sorriso esperto.
JOSUÉ: Você sempre com ótimas ideias, hen.
Ela o envolve em seus braços, sorri sacana.
RAFAELA: O que seria de você sem mim?
= = TOCANDO: You’re Lovin Me To Death - Scorpions = =
Os dois se beijam ardentemente.
FUSÃO PARA
CENA 25 CASA DE ANDRÉA [INT. / NOITE]
Há um porta-retrato de Ari sendo segurado por alguém.
A câmera sobe revelando Andréa. Ela leva um cigarro até a boca, traga e joga a fumaça pro lado.
ANDRÉA: Raíza conseguiu de novo...(pausa / olha fixo pro retrato) Tá na hora d’eu tomar outras providências.
Ela coloca o retrato sobre a mesa ao lado de um cinzeiro.
Em seguida, amassa a ponta do cigarro nele.
CORTE CASADO
CENA 26 APTº 403 – QUARTO DE JOÃO [INT. / NOITE]
A cena dá um close na foto de Ari e, ao se afastar ela está dentro de uma carteira.
A cena sobe lentamente para revelar João olhando para a tal foto com olhar fixo e desesperançado.
FUSÃO PARA
CENA 27 HOTEL [INT. / NOITE]
A porta é aberta. Dcr segura Ari no colo, os dois riem e ele entra. Ari usa o pé para fechar a porta.
O quarto é iluminado pela luz da penumbra, cama enfeitada com pétalas de rosa que deixa Ari encantada.
Dcr a joga na cama esquentando o clima.
Ele a encara, malicioso, tira o paletó de maneira sexy provocando risos em Ari. Se aproxima da cama, Ari desliza a mão em seu peito e puxa sua gravata.
Close do perfil deles.
Dcr sorri enquanto é puxado por ela até sumir da tela.
FUSÃO PARA
Takes da cidade à noite
FADE OUT
= = Music Off = =
FADE IN
A luz do sol entra pela janela. Ari e Dcr dormem abraçados. Ouvimos o bater na porta.
Ari acorda lentamente, olha pro lado, Dcr ainda dorme.
Ela se levanta, ajeita os cabelos, alcança um hobby rosa no suporte e se veste.
Ela abre a porta, um garçom está com uma mesa e o café da manhã com flores.
GARÇOM: Bom dia. Cortesia do hotel para os recém-casados.
ARI (feliz): Bom dia.
Ela o deixa entrar e o garçom põe a mão por dentro do bolso da camisa retirando um envelope.
GARÇOM: Mandaram te entregar isso, senhora.
Ari estranha, mas pega.
ARI: ‘Brigada’.
O garçom sai, Ari fecha a porta e abre o envelope. Tira um papel e faz que lê. Sua expressão é de surpresa infeliz, olhar desesperador.
ARI (lendo): [...]Declaro Ari Torgano Rodrigues em plenas faculdades mentais.
Ari se mostra aflita.
A tela se fecha num baque.
= = FIM DO EPISÓDIO = =

SÉRIE ESCRITA POR:
Cristina Ravela

ESTRELANDO:

Maria Flor - Raíza
Michael Rosenbaum - Cael
Pierre Kiwitt - Marco
Caio Blat - João Batista
Nathália Dill - Ari
Aaron Ashmore - Dcr
Fernanda Vasconcellos - Rafaela
Alinne Moraes - Valentina
Caco Ciocler - Josué
Juan Alba - Bruno
Thiago Rodrigues - Cipriano
PARTICIPAÇÕES:

Monique Alfradique - Joana
Júlia Lemmertz - Diva
Thaís de Campos - Helena

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

Helena Fernandez - Andréa
Marjorie Estiano- Eduarda
Licurgo - Luiz
Milena Toscano - Bárbara
Rogério Falabella - HOMEM (pai de Víctor Leme)
Figurante - Enfermeira
Jonas Mello - Padre
Figurante - Garçom

TRILHA SONORA:

This Time - Melanie C.
You're Lovin Me To Death - Scorpions

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