0:00 min       RAÍZA 2ª TEMPORADA     SÉRIE
0:33:00 min    


WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA 2


Série de
Cristina Ravela

Episódio 21 de 23
"Até que a Morte nos Separe"



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FADE IN
CENA 1 FACHADA – CURTO-CIRCUITO [MANHÃ]
Ari, com semblante alegre, se aproxima da porta principal, e faz que vai entrar.
Corta para o seu interior
O salão está sendo arrumado para uma festa, pessoas testam luzes, ajeitam cadeiras, colocam uma faixa onde está escrito “Felicidades para os recém casados” no alto do palco, onde, ao fundo, há uma tela também.

Ari vai andando, admirando tudo. Bárbara vem na contramão forçando o sorriso de alegria.
BÁRBARA: E aí Ari? Tá gostando da decoração?
ARI: Gente, ta o máximo! Ainda não acredito que o Cael fechou tudo só pra fazer essa festa.
BÁRBARA: É, amiga, nada como ter o patrão do noivo como amigo, né? (p) Mas então, eu te chamei aqui, porque tem um cara alí (ela aponta) querendo falar contigo, eu disse que hoje seria um pouco mais difícil/
Ari acompanha seu gesto e se mostra tensa.
Do outro lado, sentado em uma das cadeiras, está Víctor Leme, sorrindo na cara de pau.
Ari não deixa Bárbara terminar e se esquiva, o suspense aumenta, Ari se apressa.
BÁRBARA: Ari! Peraí!
Quando ela torna a olhar para a cadeira, Víctor já está saindo por outra porta.
CORTA PARA
CENA 2 CURTO-CIRCUITO [EXT. / MANHÃ]
Ari anda apressada pela calçada olhando para o lado e para trás. Assim que se aproxima da esquina, mãos masculinas a pegam pelo braço violentamente. Sob efeito do susto, Ari se vê diante de Víctor Leme.
ARI: Me solta! Me solta!
Víctor a prensa na parede.
VÍCTOR: Pensou que eu tinha esquecido de você, é?
Close na expressão medrosa dela.
A tela se fecha num baque.
FADE IN
CAM mostra o bairro por cima
CORTA PARA
CENA 3 CARRO [EXT. / FIM DA MANHÃ]
= = Music ON: Suspense / Ação = =
O corte é feito em Ari sendo jogada no banco do motorista. Víctor tranca a porta, dá a volta e entra em seguida.
CARRO [INT.]
ARI (aflita): O que você quer comigo? Pelo amor de Deus!
VÍCTOR: (segura seu braço) Cala essa boca! Que quem vai falar aqui sou eu. (p) Por quanto tempo você acha que eu ficaria preso tendo um bom advogado, hen? As pessoas que dizem gostar de você estão na mesma proporção das pessoas que não gostam, sabia disso?
Ari se solta dele, temerosa.
ARI: Víctor, por favor, eu já pedi perdão, a gente pode viver a nossa vida em paz, será que não dá pra ser?
VÍCTOR (meio perturbado): Não, não dá não. Sabe por quê? Porque enquanto você vai se casar com um bacana, a morte do meu pai ainda ta entalada aqui na minha garganta. Cê sabe o que é isso? Sabe?
ARI: E você sabe o que é conviver com a morte das pessoas que você matou, sabe? Você acha que eu sou feliz por isso? Eu sempre vou ser a assassina, nada muda isso, é isso que você quer pra você?
VÍCTOR: Talvez seja isso que eu quero experimentar (ele mostra a chave do carro / Ari não entende). Você passa pelo o que eu passei e eu passo pelo o que você passa todo santo dia: A sina de ser uma assassina.
Ele liga o carro.
ARI: O que cê ta fazendo?
VÍCTOR: Eu não, você vai fazer. Dirija.
ARI: Quê?
Víctor saca de dentro do bolso traseiro da calça um canivete.
VÍCTOR: Dirija essa droga, anda!
ARI: Eu não sei dirigir muito bem.
Víctor encosta o canivete em seu pescoço deixando-a desesperada.
VÍCTOR: Não tenho medo de morrer. E se sairmos vivo, acho bom você fingir que não me viu hoje...OUVIU? (susto em Ari) Agora anda!
Ari obedece.
VÍCTOR: ACELERA, ACELERA!
Ari, espavorida, acelera, e o carro corre numa estrada movimentada.
ARI: Cê quer matar nós dois, é isso?
VÍCTOR: Eu não quero nada, só penso em assistir. AÍ, GAROTA!
Ari desvia de um ciclista e quase tem um troço.
Víctor ri com satisfação.
VÍCTOR: (sádico) Já imaginou se você atropela o ciclista? Quem seria o assassino? Eu ou você?
Ari olha atenta, de olhos vidrados a sua frente. Víctor ri da sua concentração.
VÍCTOR: Não adianta prestar atenção. Se alguém tiver que cair na sua frente (ele aproxima a boca de seu ouvido e soletra), não-dá-tempo.
E ri em seguida.
Ari ultrapassa uma transversal e ouvimos buzinas.
VÍCTOR: Se você matar alguém, eu te deixo ir ao seu casamento, ta? (Ari o olha de soslaio) Mas sua lua de mel será no hospício.
ARI: Seu desgraçado!
Ari se enche de coragem e desvia o carro para um terreno baldio cercado de pneus.
Corta para o seu exterior
O carro bate nos pneus e derrapa até parar.
Corta para o seu interior
Ari dá uma cotovelada no peito de Víctor, abre a porta do carro, Víctor tenta impedi-la, mas Ari lhe dá um soco na cara e sai correndo.
Víctor vai atrás. Ari entra numa rua movimentada, trânsito caótico, sai empurrando as pessoas, tropeçando, desesperada, cai, se levanta e olha para trás. Víctor continua na cola dela, quando a vê atravessar a pista. Um caminhão passa a sua frente, e Ari não está mais do outro lado. Víctor se chateia.
CAM busca Ari escorada dentro de um prédio a frente, tremendo de medo.
A tela se fecha num baque junto da sonoplastia.


2x21
ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE


FADE IN
Takes da cidade / Manhã
CORTA PARA
CENA 3 APTº 403 [EXT. / MANHÃ]
Ângela está de costas, a porta é aberta e Josué a encara com animosidade.
JOSUÉ: O João não está, com licença/
Ângela segura a porta, e os dois fazem cabo de força.
ÂNGELA: Eu quero falar contigo.
JOSUÉ: Não tenho nada pra falar contigo.
Josué bate a porta.
ÂNGELA: Eu posso esperar por ele lá embaixo e falar sobre algumas coisas interessantes. Discutir sobre o passado, o que você acha?
Há uma pequena espera. A porta é aberta, Josué a encara insatisfeito, e abre passagem.
APTº 403 - SALA [INT.]
Ângela entra com sorriso de vitória no rosto.
JOSUÉ: O que você quer? (fecha a porta)
ÂNGELA: Não vai me oferecer nada? Em outros tempos você tinha sempre uma garrafa de rum para mim. (senta no sofá sem cerimônias) Lembra que gosto de rum?
JOSUÉ: Dá pra dizer logo o que veio fazer aqui?
ÂNGELA: (suspira com ar esnobe) Bem, eu soube que pra você livrar minha filha da acusação de negligência, você está obrigando sua sobrinha a se casar com um homem que ela não ama.
JOSUÉ: (debocha) Que romântico. (imita) Se casar com um homem que ela não ama. Aposto que tirou isso de alguma novela, né?
ÂNGELA: (provoca) Não temos o mesmo gosto há muito tempo, Josué. Você quer condenar sua sobrinha a uma vida infeliz, porque você nunca foi feliz. Não ter conseguido ficar com a Ramona foi sua maior frustração, não é?
JOSUÉ: Não use o passado pra dramatizar, ok? Ela só vai colher o que plantou. Dê-se por satisfeita que não é sua filha que está pagando pela negligência. Foi a Raíza que decidiu assim.
Ângela se levanta, revoltada.
ÂNGELA: Você joga as pessoas contra a parede e depois espera que elas sejam como você? Sem caráter? Sem coração?
JOSUÉ: Você ta na minha casa, vê bem como fala comigo.
Ângela debocha, anda pela sala com aquele jeito elegante, gesticulando com certo ar de superioridade.
ÂNGELA: Sua casa se ela se casar com o Marco, né meu bem, (ela se volta) porque sem casamento, não há apartamento, você sabe disso.
JOSUÉ: Você também sabe que sem casamento, sua filha é quem paga pela inconseqüência, não sabe?
ÂNGELA: Eu sei lidar com processos, Josué. Mas não sei se o João ia saber lidar com a verdade.
JOSUÉ: Tá me ameaçando de novo?
ÂNGELA: (abusada) Mas é claro, nunca fui mulher de rodeios. Se você não quer perder a sua paciência comigo, é bom que você não me faça perder a minha. Não queremos que o João sofra mais esse baque, não é?
Josué fica pensativo. Ele vê quando Ângela sai pela porta lhe dando uma última olhada.
Close em Josué com raiva.
CORTA para as estradas sendo vistas de cima
CORTA PARA
CENA 4 FACHADA - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [MANHÃ]
Corta para o interior de um jardim
Em meio a visitantes e pacientes, alguns destes aparentando lucidez, Dcr, com as mãos para trás e seu pai Daniel vem caminhando enquanto conversam.
DCR: Pensei em te raptar pro senhor não perder meu casamento, acho digno.
DANIEL: Depois do que aconteceu na outra clínica, a segurança aqui aumentou muito.
DCR: É porque eles não conhecem o esquema que eu conheço.
Os dois chegam a um banco e se sentam.
DANIEL: Conheço bem o seu esquema. Acha que eu não fiquei sabendo da sua loucura de invadir o escritório dos outros?
DCR: (espantado) Como o senhor ficou sabendo? (brinca) Tem jornalzinho do bairro aqui?
DANIEL: A Ari se preocupa muito contigo. Imagine se sua mãe conhecesse esse seu lado criminoso?
DCR: Eu apenas segui sua recomendação de conseguir uma prova contra o Marco para denunciá-lo sem meter a Rafaela no meio.
DANIEL: E você tinha que ser a estrela desse enredo, né?
Dcr dá de ombros, com aquela graça dele.
DANIEL: Isso não é trabalho pra amadores, meu filho. (Dcr emudece) Você se arriscou, arriscou a vida de sua noiva, de todos ao seu redor, exceto a minha que já está lascada. Você precisa ter mais cuidado.
Dcr muda a expressão, descontente, como a lembrar-se de alguma coisa.
DCR: É...O plano nem era mais denunciá-lo, o senhor sabe. Muita coisa mudou de lá pra cá.
DANIEL: Espero que agora você entenda que não dá pra contar com a sorte, menos ainda com a Rafaela. Essa garota já mostrou que não é confiável.
DCR: Não ta achando que foi ela que me entregou, não né?
DANIEL: A única coisa que eu acho é que você tem que cuidar da sua vida, da sua noiva. Eu estou no lugar que eu tenho que estar, filho. Um dia eu saio, mas um dia eu volto, essa é a realidade de quem pisa numa clínica dessas. A única forma de evitar é não perder a cabeça.
DCR: Qualquer pessoa pode perder a cabeça e, não significa que perderam o juízo. Pai, eu tenho dinheiro, o meu dinheiro é seu também. O senhor já viu pessoas ricas, influentes, internadas? Não, porque pessoas ricas não são malucas; São excêntricas.
DANIEL: Eu sei, mas não quero que você se preocupe comigo agora. Hoje é um dia muito importante. Vá ficar com a Ari.
Dcr abaixa a cabeça por instantes, suspira.
DCR: O senhor teve um daqueles sonhos?
Daniel pensa um pouco como quem não quer falar.
DANIEL: Ninguém precisa prever o futuro pra saber que vocês correm perigo. A única coisa que peço é pra você ficar com a Ari. Vai lá, vai.
DCR: Me deseje felicidades então?
Daniel sorri esboçando algum incômodo, e o abraça.
DANIEL: Tudo que você precisar, meu filho.
Dcr sorri feliz, sem notar o pesar no rosto do pai.
CORTA PARA
O alto da cidade onde há a Curto-Circuito
CORTA PARA
CENA 8 APTº 215 [EXT. / FIM DA MANHÃ]
Corta para o seu interior – QUARTO DE ARI E DCR
Dcr está diante do espelho se arrumando e ajeitando a gravata. Ouvimos a porta se abrindo e Dcr se assusta; Ari entra um pouco esbaforida.
DCR (brinca): Ei! Não te disseram que dá azar ver o noivo se arrumando antes do casamento?
Ari não dá ouvidos, joga a bolsa sobre a cama e senta, desolada.
DCR: (sorri) Ouw, to brincando. (ele se volta pra ela, cerra os olhos) Acho que aconteceu alguma coisa, né? Não me diga que foi o Marco que/
ARI: O Víctor saiu da cadeia (susto em Dcr). Ele não vai me deixar em paz nunca.
Dcr se senta de frente para ela, preocupado.
DCR: Ele te fez alguma coisa? (toca seus ombros) Nossa! Você está trêmula... Vou ligar pra polícia agora!
ARI: (impede dele se levantar) Não, Dcr! Não faça isso! Ele me ameaçou, ele...(vacila quase em desespero) Ele só vai sossegar quando acabar comigo/
Dcr segura em seus ombros, firme e ao mesmo tempo afetuoso.
DCR: Ninguém vai acabar com você, Ari. Contrato seguranças pra ficar 24 horas com você, mas ele não vai conseguir nada contigo.
ARI (sem esperança): E vai ser assim até quando? Eu saí da clínica pra continuar presa aqui fora, é isso?
DCR: Viver é perigoso, Ari. Mas você não ta sozinha. E se não for ele também, será outro, e você sabe bem quem, não sabe?
Ari se inquieta, desvia os olhos. Dcr toca seu rosto e a faz encará-lo.
DCR: Quem fez de você uma assassina, Ari? Quem tem culpa nisso tudo? É o Cipriano, não é?
Ari ri nervosa, medo de ele descobrir.
ARI: De novo o Cipriano? (sarcástica) Acho que você não devia desconfiar de quem foi seu cúmplice, né.
DCR: Você ta querendo inverter as coisas. Eu to querendo saber se ele teve culpa/
ARI (corta): Quem jogou o pai do Víctor na pista? Quem matou meu pai?
DCR: Mas não foi intencional/
ARI: E isso lá faz diferença? Fui eu que matei, eu matei meu pai!
DCR: Você não matou seu pai! Chega! (Ari emudece, assustada) Não aguento mais te ver repetindo isso. Ele foi levado vivo pro hospital e sua mãe o matou, pronto falei!
Choque em Ari que se levanta imediatamente.
ARI: O quê? Que absurdo! Olha, se isso é um tipo de consolo saiba que não to gostando, viu.
Dcr se levanta, segura em suas mãos.
DCR: Não dá pra consolar alguém dizendo que sua mãe era uma assassina. Não to aqui para passar a mão na cabeça de ninguém e afirmar uma coisa que não existe. Eu não faria isso contigo.
ARI: Isso é sério então? (vacila em choque) Como você pode afirmar isso? (Dcr desvia o olhar) A Raíza, claro, foi ela, né?
DCR: Ela só quis evitar que você batesse de frente com a sua mãe se soubesse a verdade. Você sabe o que ela faria pra você ficar quieta, não sabe?
Ari se mostra inconformada, abaixa a cabeça, triste.
ARI: Me manteria internada pro resto da vida. (p) Não dá pra acreditar... Paguei por um crime que ela cometeu.
DCR: Ela quis te livrar da obsessão do seu pai. Ok, ela não era santa, não ia se entregar para a polícia, mas também não queria te ver na prisão.
ARI: Grande! Me deixou em liberdade condicional, né.
DCR: Olha, eu também nunca entendi por que ela insistia em te manter internada mesmo não tendo a menor chance dela ser presa, ou até mesmo você. Não sei por que ela achou que na clínica você estaria mais segura.
ARI: É que estando na clínica as pessoas iam se lembrar de não me dar ouvidos.
Ela se cala esboçando raiva.
DCR: Eu te dou ouvidos. Você sabe que quando quiser me contar sobre o seu passado e o seu mentor, eu estarei aqui, e vou acreditar em você.
Ari se emociona e o abraça forte. Há um breve silêncio entre eles.
ARI: Obrigada (pausa / ela lacrimeja), obrigada por isso.
Dcr sorri aliviado, com o rosto sobre seu ombro.
CORTA PARA
CENA 9 FACHADA - ED. CIRANDA DE PEDRA [TARDE]
Corta para o interior do APTº 403 – SALA
Raíza acaba de abrir a porta. Ari de cabelos amarrados, com sua bolsa marrom, e Dcr, este segurando uma mala, entram sorridentes.
ARI: Oi, Raíza (as duas se abraçam). Eu trouxe tudo, espero não ter esquecido nada.
DCR: Bom, mas se quiser eu posso conferir se o vestido ta aqui/
Ari lhe toma a mala.
ARI: Vai conferir nada, fica quieto aí.
Eles riem.
Raíza fecha a porta.
Josué já está na sala com as mãos na cintura observando a cena com cara de quem não está gostando.
DCR: (força a simpatia) Oi, seu Josué, como vai?
JOSUÉ: (balança a cabeça fazendo que sim) Bem...
O clima é tenso. Ari vai abrindo a porta.
ARI: Cê já pode ir, né Dcr? A gente se encontra na igreja.
DCR: (brinca) Você ta me mandando embora, é isso mesmo?
Ari o leva quase que à força para fora do apartamento enquanto ri.
ARI: Se eu não tomo atitude você se enfia lá no quarto pra me ver de vestido.
RAÍZA: Eu o levo até o portão para ter certeza que ele vai embora, deixa comigo.
ARI: Ah ta, juízo vocês dois, hen.
Dcr ainda volta, dá um beijo rápido em Ari.
Ari fecha a porta rindo, quando se volta dá com Josué lhe encarando. Os dois se fitam por instantes seriamente. Josué coça a nuca, disfarça.
JOSUÉ: É o Bruno quem vai te levar ao altar, não é? Fazendo o papel dele meio que... De pai adotivo.
ARI: (séria / faz que sim) É assim que eu o vejo. Com licença.
Ari passa por ele que abaixa a cabeça.
JOSUÉ: Seu segundo pai adotivo, não é? (Ari para) Você é uma garota de sorte.
ARI: (se volta) O que o senhor sabe sobre isso?
JOSUÉ: (sonso) Sobre sorte? Já ganhei na loteria/
ARI: Eu to falando dele ser meu segundo pai adotivo.
Josué demora um pouco a responder, faz um suspense básico.
JOSUÉ: O avô de Raíza não sabia guardar segredo pra mim (Ari se mostra tensa). Eu gostava muito dele, era uma grande pessoa. (p) Talvez as coisas tivessem sido diferentes se ele tivesse assumido a paternidade, não acha?
Ari nada consegue dizer.
JOSUÉ: Cipriano sempre foi um problema na sua vida, não é? Por causa dele você não teve uma vida que você realmente merecia.
ARI: A vida que to tendo agora é o que importa, por que esse papo agora?
JOSUÉ: Desculpe, eu não queria ser invasivo. Não tenho nada com a sua vida, mas é que...Confesso que eu tinha medo pelo Bruno. Acho que fiz mau juízo de você esse tempo todo.
ARI: E ainda não faz?
JOSUÉ: Olha, eu to tentando ficar bem com você, não precisa se armar desse jeito.
ARI: (por cima) Tudo bem, eu só não esperava por essa recepção. A gente nunca conversou de verdade, né? Mas o senhor ainda não disse por que começou esse papo?
JOSUÉ: Eu nunca te recebi bem, mas agora você entende que isso nunca foi motivo pra te faltar com o respeito. Se você mesma não contou sobre o seu pai, não seria eu a fazer isso.
Josué se aproxima dela, toca seu cabelo delicadamente sob o olhar fixo de Ari.
JOSUÉ: O segredo dos outros, é o segredo dos outros. A gente não se mete.
Fecha na expressão desconfiada de Ari diante da ameaça velada.
CORTA PARA
CAM passeia pelo alto da cidade
CORTA PARA
CENA 11 FACHADA - MANSÃO DE CAEL [TARDE]
Corta para o interior do ESCRITÓRIO
Cael, sentado e de costas para a porta, acaba de desligar o celular. Dcr surge ao batente da porta, e bate na mesma.
DCR: Com licença?
Cael olha para trás.
CAEL: Entra. Você não devia estar se arrumando para o casamento?
DCR: É, devia, mas se eu não tiver a sua ajuda, pode ser que nem haja casamento.
Cael se preocupa.
Pela fresta da porta, Lara ouve tudo.
CORTA PARA
CENA 12 MANSÃO DE CAEL – SALA [INT./ TARDE]
Cael e Dcr saem do escritório com a conversa já terminada.
CAEL: Não se preocupe. Daqui a pouco vocês estarão casados, e Víctor Leme na cadeia.
Dcr assente e o cumprimenta, mais calmo. Dcr vai embora, Cael o observa sem perceber a aproximação sorrateira de Lara.
LARA: Você agora deu para resolver os assuntos matrimoniais dos outros?
Cael se volta, sobressaltado, e dá as costas para o escritório. Lara o segue.
ESCRITÓRIO [INT.]
Cael vai entrando e contorna a mesa.
LARA (provoca / venenosa): Não foi ele que passou por cima da sua autoridade? Você ainda se dispõe a ajudá-lo?
CAEL: (se sentando) Parece que a senhora anda muito bem informada. Poderia me poupar de suas perguntas retóricas.
Lara se aproxima, e apóia as duas mãos no encosto da cadeira.
LARA: Sempre de coração mole... Cuidando da segurança do casamento do seu amigo quando não soube assegurar o próprio.
CAEL (perdendo a paciência): Não comece com o seu jogo de palavras, ok? Diga logo o que quer. (ele revira alguns papéis, concentrado).
LARA: Lembra quando eu disse que você não sabia cuidar do que é seu? (Cael a olha por baixo) Marco passou a sua frente de novo, e o que você faz? (Cael fecha a cara) Cuida da vida amorosa dos amigos.
CAEL: (por cima) Se está se referindo a proposta descabida de casamento dele, o que depender de mim ficará apenas na proposta.
LARA: (sarcástica) Acho digno o seu espírito de luta, mas penso que será mais difícil depois que sua ex-namorada aceitou o pedido dele.
CAEL: Como é?
LARA: Você não soube? Como eu imaginava; Ela estava te vendo apenas como um bom amigo, um amigo que a gente dispensa as novidades de vez em quando/
Cael se levanta, já nervoso.
CAEL: CHEGA! A sua alegria é fazer intriga, não é? Você vive disso, não é?
LARA: Eu só estava comentando/
Cael contorna a mesa e a pega pelo braço. Ela reclama.
CAEL: Olha, eu já aturei muito da senhora aqui. (e vai levando-a até a porta) A sua presença nesta casa só é possível porque foi um pedido do meu pai.
LARA: Seu padrasto/
CAEL: Não interessa!
Lara se solta dele e estaca a sua frente.
LARA: Está nervoso, não? Eu disse que você ia acabar perdendo essa moça para o Marco, não disse? E eu não estou admirada. Um dia isso ia acontecer mesmo.
CAEL: Sai daqui! (Lara ainda sorri maliciosa) Sai!
Ela sai e Cael bate a porta.
Close em sua expressão enraivecida.
CORTA PARA
CENA 13 APTº 403 – QUARTO DE RAÍZA [INT. / TARDE]
Ari está maquiada, cabelos amarrados, bem esticados, e vestida de noiva. Ela se queixa de algo.
Joana e Raíza, ambas arrumadas também, estão fazendo os ajustes em seu vestido longo, branco e rendado.
JOANA: Amiga, você deu uma engordada básica, hen. Encolhe a barriga, vai.
Ari obedece, feliz.
Ouvimos a campainha tocar.
Joana observa Raíza calada, concentrada nos ajustes.
JOANA: E você, Raíza? Pensando em como largar o Marco no altar?
RAÍZA: Talvez não seja preciso chegar a tanto. Sua mãe parece que vai dar um jeito.
JOANA: Ela falou algo por alto. Foi ela quem te disse?
RAÍZA: Meu pai. Ele disse algo como “o Marco ter que rebolar muito pra conseguir se casar comigo”.
Ari e Joana acham graça.
JOANA: Esse seu Bruno é uma figura mesmo.
Ouvimos batidas na porta. Ari olha e vê João entrando.
JOÃO: Não queria interromper o papo das luluzinhas, mas o Marco taí, Raíza. Disse que tinha algo pra te entregar.
Raíza fecha a cara, e sai.
João admira Ari de cima a baixo deixando-a constrangida.
JOÃO (apaixonado): Ainda bem que eu não sou o noivo, se não ficaria preocupado. Dizem que dá azar, né?
Joana olha para Ari, que sorri sem jeito.
CORTA PARA
CENA 14 APTº 403 – SALA [INT. / SALA]
Uma caixinha preta é aberta revelando uma aliança.
Marco olha para Raíza com aquele sorrisinho de canto.
MARCO: O que me diz?
RAÍZA: Você não ta achando que eu vou desfilar com essa aliança por aí, não né?
Marco retira a aliança da caixinha cuidadosamente.
MARCO: (sonso) Há algo de errado com ela? (ameaça) Sua amiga Joana ia ficar mais radiante. E feliz por você.
RAÍZA: Eu ainda não conversei com o Cael/
MARCO: Não se preocupe, ele não será obstáculo.
Ele pega sua mão direita, ela se esquiva...
RAÍZA (ríspida): Já disse que não/
Marco segura sua mão com força, tenta arrancar o outro anel...
RAÍZA: Que isso?! Me solta! Me solta!
Ela para de repente, um flash de luz se abre, e ela tem uma visão.
VISÃO DE RAÍZA:
COFFEE BREAK – ESCRITÓRIO [INT. / NOITE]
Ari está sentada diante de Marco, de pé.
MARCO: E então? Estou esperando.
ARI: Isso não vai sair daqui, não né?
Marco põe as mãos sobre a mesa.
MARCO: Não gosto de trair pessoas que me foram úteis. (p) Qual o segredo de Raíza?
Ari respira fundo, ainda hesitante.
ARI: Ela...Ela pode ficar invisível.
FIM DA VISÃO
Marco acaba de colocar a aliança que trouxe no dedo de Raíza. Esta, voltando a si, observa o anel e logo olha para algo fora da tela.
Cael está ao batente da porta, ao lado de Josué, encarando a cena sem reação aparente. Ele dá as costas e sai.
RAÍZA: Cael! Cael!
Marco a segura pelo braço.
MARCO: Você agora é minha noiva. (provoca) Não me faça ficar com ciúmes, hen.
RAÍZA: (se solta) Vai pro inferno!
Marco sorri malicioso e a vê sair. Em seguida, olha para Josué em cumplicidade.
CORTA PARA
CENA 16 ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT. /TARDE]
Cael caminha rápido em direção ao portão, enquanto Raíza vem atrás.
RAÍZA: Cael! Peraí! Eu ia te contar/
Cael se volta, indignado.
CAEL: Quando você pretendia fazer isso? Quando já estivesse casada?
RAÍZA: Eu não sabia como te contar, Cael. Eu fui pressionada, ou era isso, ou/
CAEL: Ou a Joana ia pra cadeia. Essa história eu já conheço. Não é de hoje que ele vem te pressionando, não é? (ele olha para sua mão e a pega, acariciando a nova aliança) E finalmente conseguiu.
RAÍZA: (solta da mão dele) Você fala como se eu tivesse gostando disso, Cael, e eu não to. Você acha que eu devia deixar a Joana pagar pelo o que nem fez?
CAEL: Isso não teria acontecido se não fosse pela sua obsessão pelo João (A vez de Raíza se indignar). Você sabia a intenção do Marco, ele já tinha te colocado na cadeia pela morte de Andréa. Ele só estava esperando você fazer alguma coisa pra te ter nas mãos dele. (pausa / olho no olho) E você fez.
RAÍZA: Não, eu não fiz...Não sei o que deu de errado, mas/
CAEL: Você percebe que essa sua obsessão em querer amenizar sua culpa no acidente do João te trouxe onde você está?
RAÍZA (finge): Do que cê ta falando?
CAEL: Que Marco deu um falso testemunho à época. (baque em Raíza) Ele não ia te ajudar de graça. É claro que ele cobraria algum dia pelo favor prestado. Mas a verdade é que nem precisou, não é? Tudo que está acontecendo é obra sua.
RAÍZA: (revoltada) A culpa é minha? (Cael desvia o olhar, insatisfeito) Se o Marco ta obstinado em se casar comigo é pra se vingar de você, pelo menos foi isso que ele disse. Seu passado te trouxe, nos trouxe onde nós estamos, sabia disso?
Cael mescla raiva e tristeza.
CAEL: Não! Eu não fiz nada, nada de caso pensado/
RAÍZA: (raiva) E eu fiz, né? Se você quer saber, eu só me arrependo de não ter pensado nas consequências quando joguei o João daquele viaduto (choque em Cael). Por que se não, ele teria sido preso pelo incêndio na tua boate. Ele e o Marco, os dois juntos!
CAEL: O quê? Como assim? O que o João tem a ver com isso?
RAÍZA: Isso não importa mais. O que importa é que você não acredita em mim, nunca acreditou. Você deve ta certo; Tudo pode ser culpa minha mesmo. Então é melhor que eu me dane sozinha.
Os dois se encaram, firmes. Cael ainda faz menção de dizer alguma coisa, mas Raíza dá as costas, deixando-o sem ação.
CORTA PARA CAM pelo alto da cidade.
Ouvimos sirene de polícia se misturando com outros sons.
CORTA PARA
CENA 17 APTº 403 – QUARTO DE RAÍZA [INT. / TARDE]
Raíza está sentada na cama diante de Ari, esta de vestido de noiva.
RAÍZA: E foi assim.
ARI: Ele terminou com você?
Raíza se levanta e anda de um lado e de outro, preocupada.
RAÍZA: Acho que eu que terminei com ele. Ah, também não dá pra ficar com quem não acredita na gente, né?
Ari se admira diante do espelho.
ARI: Pelo menos o Marco não duvida de nada que venha de você...
Raíza para de andar e a olha através do reflexo do espelho.
RAÍZA: Cê se acha muito engraçadinha, né? Tá confiando que você passou a perna nele (Ari se vira, sem entender). Você não tem medo, não?
Ari se mostra sem graça, ainda fingindo não saber de nada.
ARI: (sorri nervosa) Ué, como assim?
RAÍZA: Quando ele colocou essa aliança em mim, vi você com o Marco. Você entregou um falso segredo meu em troca dele ter poupado a vida do Dcr, não foi?
Ari se mostra nervosa, senta na beirada da cama.
ARI: Raíza, eu...
Raíza senta de frente para ela.
RAÍZA: Você tem idéia do que ele seria capaz de fazer se descobrisse?
CAM se posiciona entre elas e de frente para a porta. João está à espreita e observa o papo delas pela fresta.
RAÍZA: Ele pode terminar o serviço. Ele só não matou o Dcr porque você tava lá, prometeu o meu segredo/
Ari se levanta, exaltada.
João sai de nossas vistas.
ARI: Ai para! Já foi, não foi? Além do mais, nem falso segredo é, mas certeza ele nunca terá.
RAÍZA: Justamente por isso, por ele não ter certeza que ele poderia dar cabo até da sua vida. Ele não esperava ouvir esse tipo de segredo. Ele queria algo mais concreto para poder usar contra mim.
ARI: Eu cumpri com o acordo, e não to preocupada com isso. A minha preocupação é com o Víctor. Ele não ta ligando mais para vida dele. Que dirá da minha.
As duas se encaram, receosas.
Foco em Ari, já inquieta.
CORTA PARA
O alto da cidade. Passagem de tempo.
CORTA PARA
CENA 18 BAR [EXT. / TARDE]
CAM vai passando pelas pilastras de um barzinho simples, sujo, ambiente barra pesada. Há uma mesa de sinuca, homens jogando, outros bebendo e jogando conversa fora.
VÍCTOR: (O.S) Fala, chefia! (p) Como é que é? (pausa / ele aparece na tela com o celular) Desgraçada, (ele se volta) era só o que me faltava. Mas não vai demorar muito pra ela aprender a calar aquela boca.
O suspense marca. A tela se fecha num baque.
FADE IN
CAM passeia pelo alto da cidade
CORTA PARA
CENA 19 COFFEE BREAK - 3º PISO – CORREDOR [INT. / TARDE]
Marco acaba de abrir e fechar a porta com uma cara não muito boa. Ele segue pelo corredor quando é interceptado por uma Valentina toda produzida num vestido curto verde e de batom vermelho.
VALENTINA: Marco, já ta de saída pro casamento da Maria Louca?
Marco lhe dá uma olhada de cima a baixo.
MARCO: O que você acha?
Ele tenta sair, mas ela o segura.
VALENTINA: O que foi? Tá nervosinho, é? Raíza se recusou a ir com você pro casamento feliz da Maria louca com o 007 fajuto?
MARCO: (se solta dela com força) Quem trai a minha confiança, não merece casamento feliz nenhum. E é bom que você se lembre disso também.
Valentina vai atrás e passa por uma porta entreaberta onde está Rafaela, à espreita.
CORTA PARA
CENA 20 COFFEE BREAK – TOILLETE [INT. / TARDE]
Rafaela atravessa a tela ao celular tentando ser o mais discreta possível.
RAFAELA: É o que eu to dizendo... Ari traiu a confiança do Marco (p). Não, não sei o que ela aprontou, mas ele não vai deixar barato. (ela se vira, olhar extasiado) É a minha chance.
CORTE RÁPIDO PARA
CENA 21 ED. CIRANDA DE PEDRA [EXT. / FIM DE TARDE]
Bruno está encostado no carro de braços cruzados.
Ari, de vestido de noiva, cabelos amarrados e bem maquiada, cruza o portão do prédio apressada, segurando a barra do vestido.
BRUNO: Você ta linda, Ari! Mas...Cadê a Raíza? Ela não ia/
Ari, já abrindo a porta.
ARI: Ela deve ir depois. A gente tem que ir agora.
Bruno estranha, Ari bate a porta.
= = Passagem de Tempo = =
CORTA PARA O INTERIOR DO CARRO DE BRUNO
Ari está inquieta, ora olha pela janela, ora para Bruno, que dirige notando sua preocupação.
BRUNO: Não fica assim não. Seu noivo já pediu ajuda ao Cael e a essas alturas a polícia já mandou cercar as ruas. Víctor não pode tentar nada.
Ari esboça medo e tensão.
ARI: Bruno, o senhor sabe o quanto eu gosto do senhor, não sabe? (Bruno faz que sim) Tudo que fez por mim e ta fazendo, é como se fosse um pai de verdade.
BRUNO: Sei...Onde quer chegar com isso?
ARI: Eu não quero causar separação na família, mas se a Raíza não ficar sabendo disso a tempo, é bom que o senhor já saiba.
Corta para o exterior. O sinal fecha.
Volta para o interior do carro.
BRUNO: Agora você ta me deixando nervoso. O que é?
Ari se distrai observando os carros a sua volta.
ARI: Seu Bruno...O Cael falou alguma coisa sobre a polícia estar disfarçada? Porque eu não to vendo nenhum por aqui.
Os dois se encaram.
De repente o vidro da janela se estilhaça com o soco de um pedaço de ferro, Ari grita assustada. Um sujeito mascarado aponta a arma para a cabeça de Bruno, enquanto outro retira Ari à força.
BRUNO: Que isso? Quê cês querem com ela? Ari!
SUJEITO: Tu fica na moita, rapá! Se chamar a polícia a gente mata a noivinha.
Ari é arrastada pelo sujeito para dentro de um carro sob os olhares dos curiosos. O outro sujeito larga Bruno e corre para outro carro.
Os dois aceleram.

Bruno está frustrado.
CORTA PARA
A tela de um celular onde mostra um mapa de um GPS. Nele, a luz verde se movimenta muito rápido, até que começa a diminuir.
CORTA PARA
CENA 22 ED. EM CONSTRUÇÃO [EXT. / FIM DE TARDE]
Um carro para. Rapidamente, as portas se abrem e o sujeito retira Ari segurando firme em seu braço.
ARI: Ai, cê ta me machucando!
SUJEITO: Que que é? Tá acostumada a ser tratada feito princesa, é?
ARI: Víctor?
Víctor vai empurrando a garota para dentro do edifício, enquanto ela tenta resistir. Assim que eles passam, CAM sobe mostrando uma placa onde consta o nome HDM Construtora, o mesmo prédio mostrado na 1ª temporada.
CORTA PARA
CENA 23 ED. EM CONSTRUÇÃO [INT. / FIM DE TARDE]
O corte é feito direto em Ari sendo jogada ao chão já despenteada. Há muita poeira, materiais de construção, madeiras cobrindo vãos, forros e escadas mal acabadas.
VÍCTOR: (já sem o capuz / raiva) Tá sentindo a pressão, ta? (Ari lhe encara assustada / Víctor está desorientado) Cadê seus poderes? Não era você que sumia feito bruxa?
ARI: (se levanta / tensa) Cê me trouxe aqui pra me matar, é isso?
VÍCTOR: Por quê? (abre os braços) Não gostou do ambiente? Tá sentindo falta da platéia? (dá uma olhada ao redor em tom de sarcasmo).
CAM, abaixo de outra escada, se esconde como sendo alguém.
VÍCTOR (cont. / Som abafado): [...] Das testemunhas que vão sentir pena de você?
Enquanto ouvimos Víctor de forma abafada, CAM caminha sorrateiramente, e, em um dado instante, vemos a mão com luva preta apoiar-se no corrimão da escada.
VÍCTOR (cont. / Som abafado): Você me fez dar cabo do meu pai, e fica circulando por aí com esse sorriso na cara como se tivesse com a consciência tranqüila. Você ta com a consciência tranqüila, ta?
VOLTA À CENA
ARI: Víctor...
VÍCTOR: (grita, visivelmente perturbado) Eu não to com a consciência tranqüila, ta bom pra você? (pânico em Ari) Todo santo dia eu tenho pesadelos com aquele dia, todo dia eu penso que se eu não tivesse a 100 por hora daria tempo de frear. Você pensa naquele dia, pensa? Não pensa.
ARI: (descontrola) Para! Para! Eu matei o seu pai, ta bom? Eu, só eu! Você não teve culpa de nada! Você só tava na hora e no lugar errado. (Víctor está balançado com a sua reação) Eu sou a assassina, eu mereço o teu ódio, ta ouvindo? Eu mereço o teu ódio/
Víctor a segura pelos ombros, irritado, e a sacode.
VÍCTOR: Cala essa boca! Não era pra você dar uma de Maria Madalena arrependida, era pra você lutar contra mim, me xingar, dizer que faria tudo outra vez, ouviu bem?
ARI: E pra que cê quer que eu faça isso? Será mais fácil me matar, é? (Víctor paralisa, mas mantém a expressão de ódio) Não é isso que você quer. Você não é tão ruim assim, Víctor.
Víctor a solta, põe a mão por dentro da jaqueta, saca uma arma e, tremendo a mão, aponta para a cabeça de Ari.
Ari se amedronta.
VÍCTOR: Não cheguei até aqui pra desistir.
A arma é engatilhada, suspense.
CAM se posiciona por trás de Víctor, a uma certa distância. CAM começa a tremer como alguém a caminhar rápido. Víctor, desconfiado, faz que vai olhar para trás – grande tensão - mas não tem muito tempo; Ele recebe um soco de um pedaço de madeira e some da tela.
Ari cobre a boca horrorizada olhando para o agressor.
Víctor está desacordado no chão com o rosto sangrando.
Ari encara o agressor, temerosa.

ARI: Como me achou aqui?
Em Ari, aflita.
CORTA PARA
CENA 24 IGREJA [INT. / FIM DE TARDE]
A igreja está toda decorada, há poucos convidados.
Dcr está no altar, ajeitando a gravata de nervoso. Joana observa, igualmente tensa.
DCR: Eu sei que é clichê a noiva se atrasar, mas você não acha melhor ligar pra Raíza ou pro seu Bruno?
JOÃO (O.S): Eu já tentei, (João Batista aparece ao lado de Dcr com aquele sorrisinho besta) mas já pensou se a Ari desistiu?
DCR: (insatisfeito) Você parece meio cansado, João. Aproveite que você já está sentado e vai esperar pela cerimônia no banco da praça.
JOÃO: Eu fui convidado, de certa forma. Invasão não é um dos meus hobbys.
João sai, sorrindo.
DCR: (para Joana) Eu já to nervoso e ainda tenho que ouvir gracinha, é isso mesmo produção?
JOANA: Olha, o Cael ta vindo alí.
Cael atravessa o corredor esboçando preocupação.
JOANA: E aí, Cael? Ari já está chegando?
CAEL: Acabei de ligar para a polícia. Alguém mandou cancelar a nossa ação, Danilo. (tensão em Dcr e Joana / Cael vacila) E... E o Bruno ligou pedindo reforço.
Medo em Dcr.
CORTA PARA
= = Music On – Suspense = =
As cenas 25 a 31 se alternam
CENA 25 ED. EM CONSTRUÇÃO [INT. / FIM DE TARDE]
Ari é prensada contra a parede deixando-a assustada.
ARI: Por que ta fazendo isso? Pelo amor de Deus!
CENA 26 CARRO DE BRUNO [INT. / FIM DE TARDE]
Ouvimos sirenes de polícia. Bruno dirige seu carro o mais rápido possível, ao lado de Raíza.
Corta para o seu EXTERIOR onde carros de polícia seguem na frente.
CENA 27 ED. EM CONSTRUÇÃO [INT.]
As mãos do agressor tentam rasgar o vestido de Ari, mas ela se defende, lhe dá uma joelhada na barriga e corre. O agressor a alcança, os dois travam uma luta. Em Ari, desesperada.
CENA 28 RUAS DA CIDADE
Carros de polícia passam batido. O carro de Bruno segue no mesmo ritmo.
CENA 29 ED. EM CONSTRUÇÃO [INT.]
Ari é jogada no chão, tenta se levantar, mas o agressor a segura pelos cabelos, fazendo-a gritar.
CENA 30 RUAS DA CIDADE [FIM DE TARDE]
Os carros de polícia entram numa ruela em alta velocidade.
CENA 31 ED. EM CONSTRUÇÃO [INT.]
O agressor segura o braço de Ari com força fazendo-a gemer de dor. De repente, ele volta com o braço acertando-lhe um soco na cara. Ari grita, bate de contra o forro verde de improviso/
Corta para o EXTERIOR DE FRENTE PARA A TRÁGICA CENA
[Câmera Lenta em Ari sendo jogada para fora do prédio]
[Fim da Câmera Lenta]
Corta para o CARRO DE BRUNO [INT.]
Bruno dirige atento ao lado de Raíza.
BRUNO: A gente vai encontrá-la, cê vai vê, a gente vai/
Um objeto bate no vidro, Bruno se assusta, e em seguida, Ari despenca sobre o carro. Pânico.
[EXT.]
Bruno freia bruscamente, dá uma guinada e o corpo de Ari rola para o chão. O carro para.
Bruno e Raíza saem do carro e ficam estarrecidos diante da cena: Ari, estatelada no asfalto, toda machucada, suja e amarrotada.
Bruno se aproxima cobrindo a boca de tão horrorizado; Raíza está em choque, olha para cima e apenas vê o forro verde desprendido.
= = Music Off = =
CORTE BRUSCO PARA
CENA 32 FACHADA – HOSPITAL [NOITE]
Corta para o interior da SALA DE ESPERA
Dcr atravessa o corredor desesperado, enquanto sua mãe, Diva tenta controlá-lo.
Raíza está encostada no balcão, séria e consternada tentando evitar o consolo barato de Marco. Cael chega logo depois e encara a cena, á contragosto. Josué também está presente.
DCR: Como é que ela ta? (Raíza se assusta) Não mente pra mim, Raíza. Quando é que eu posso vê-la?
BRUNO: (tenta disfarçar) O Víctor foi preso. Ele alega que /
DCR: (segura nos ombros de Bruno / corta estupidamente) Eu não quero saber desse bandido agora, eu to perguntando como é que ta a Ari? Diz pra mim que a queda não foi muito grande, diz que ela ta bem, diz!
Bruno não consegue dizer nada. Dcr, tenso, olha para os outros, Josué abaixa a cabeça com a mão sobre o queixo, Marco o encara na cara de pau, e Cael se mostra compadecido.
Diva tenta abraçar o filho.
DIVA: Filho, se acalme...
Dcr se solta dela, nervoso.
DCR: Tá querendo me consolar, por quê? (Diva esboça piedade) O que a senhora sabe? Te disseram como ela ta?
Um médico surge segurando uma prancheta.
DCR: Doutor, a minha esposa ela...Ela caiu de um prédio. Ela ta bem? Posso vê-la?
O médico o olha de maneira fria.
MÉDICO: A paciente Ariadne Rodrigues sofreu múltiplas fraturas. Infelizmente ela perdeu o bebê que esperava.
Choque na reação de todos.
DCR: Ela tava grávida? (olha para Raíza que não reage) Você sabia?
RAÍZA: (disfarça / para o médico) Mas e ela, doutor? Ela vai ficar bem, não vai?
MÉDICO: O estado dela é muito delicado. É melhor vocês se prepararem para o pior.
Reação em todos.
CENA 33 UTI – HOSPITAL CENTRAL [INT. / NOITE]
A máquina registra números baixos de pulsação, enquanto ouvimos o som dela. Lentamente, CAM nos mostra Ari de olhos fechados, entubada, com colar cervical e feridas no rosto. Ela abre os olhos, se mostra absorta. Dcr, de máscara cirúrgica, se curva e toca suas mãos com os olhos lacrimejando. Ari corresponde.
ARI: (sorri / fala devagar com dificuldade) ‘D’...Você ta aqui.
DCR: Eu sempre vo estar aqui, Ari, lembra que eu disse?
ARI: Eu tava sonhando...Sonhei com o nosso casamento. A igreja tava tão bonita...
Dcr sofre calado.
Ari demonstra cansaço, respira com esforço.
ARI:(vacila, sofredora)...Ainda bem que você tá aqui. Eu queria muito falar contigo. (Dcr segura suas mãos carinhosamente) Eu prometi/ (suspira) Eu prometi a mim mesma que eu ia te contar...
DCR: Pode falar.
ARI: O Cipriano e o Marco (p) tentaram acabar com a minha felicidade, mas/ (p) Mas eles não conseguiram, não é? A gente se casou na igreja, como eu sempre quis.
Dcr desmonta, notando que Ari alterna momentos de lucidez com loucura.
DCR: Como (gagueja / tonto com a situação) Como é?
ARI: Você tem que impedir/ Você tem que impedir que ele tente o mesmo contra a Raíza. (suspira) Ele só quer tomar os poderes dela e deixá-la na escuridão.
DCR: Tomar os poderes dela? Ele pode fazer isso?
ARI: Ele já tá fazendo...(cansada) Ele não é como nós, ‘D’, não é. (p) 1765. Era lá que ele devia ter ficado.
Choque em Dcr que a observa, incrédulo.
DCR: O que você tá dizendo? Eu não entendo.
Ari já respira com dificuldade.
ARI: Acenda a luz. Aqui tá muito escuro.
Em Dcr, estupefato. Segura o choro.
Dcr aproxima seu rosto do dela, e Ari encara o nada.
DCR: Não quero perturbar seu sono.
ARI: (sorri) Tudo bem. Agora que você tá aqui, eu vou ficar bem. Eu vou ficar bem...
Ari dá um suspiro e lentamente fecha os olhos. Logo depois, ouvimos um som agudo da máquina.
Dcr se desespera.
DCR: Ari? Ari, cê tá me ouvindo? (Dcr a sacode) Ari!

Em Dcr, aflito.
CORTE BRUSCO
CENA 34 RECEPÇÃO – HOSPITAL CENTRAL [INT. / NOITE]
Dcr, furioso, entra apressado e avança em Marco deixando-o sem ação.
DCR: Seu desgraçado! Tá satisfeito, ta? Você ta satisfeito, seu desgraçado?
Marco se assusta. Ninguém entende nada.
Bruno tenta tirar Dcr de cima de Marco.
BRUNO: Danilo, por favor, o que houve?
DCR (continua para Marco): Ela tá morta! Ela tá morta, você ouviu isso?
Bruno puxa Dcr e este o abraça, debulhando em lágrimas, desesperado.
DCR: Ela tá morta. Morta.
Todos ficam chocados.
Josué esboça lamento; Marco observa Raíza visivelmente abalada, consolada por Diva e Joana. Cael, penalizado, olha para Raíza, mas não faz nada.
FUSÃO PARA
Ouvimos um sino badalar.
CENA 35 CEMITÉRIO [INT. / MANHÃ DO DIA SEGUINTE]
= = Tocando: Evanescence - My Immortal Instrumental = =
[Efeito Câmera Lenta]
Um caixão é carregado por Cael, Bruno, Josué e um desconhecido ao redor de um grupo de pessoas.
Dcr vem abraçado entre Diva e Helena quase que desfalecendo de tão abalado. Joana, cabisbaixa, empurra a cadeira de João Batista que mantém a expressão paralisada.
Josué também caminha cabisbaixo assim como Marco, este esboçando-se sério, sem resquício de seu habitual deboche.
FUSÃO PARA
O grupo de pessoas ao redor do túmulo e dois homens que o fecham. Dcr é abraçado por Bruno, enquanto desaba em lágrimas. Uma coroa de flores com a inscrição “Saudades Eternas” é colocada sobre o túmulo.

Em seguida, Raíza, de preto e óculos escuros, se aproxima com uma expressão fria.
Bruno se afasta, e Raíza e Dcr se encaram, para logo depois Dcr a abraçar forte, em silêncio.
Cael olha para a cena, penalizado.
João Batista esconde seu sofrimento encarando Raíza, com raiva e ressentimento.
Dcr e Raíza continuam abraçados.
CAM vai se afastando e, num ÂNGULO ALTO, as pessoas começam a se dispersar.
[Fim do Efeito]
FUSÃO PARA
CENA 36 CURTO-CIRCUITO [INT. / MANHÃ]
O local ainda está arrumado para uma festa de casamento.
Dcr caminha, ainda de terno, desarrumado, com cara de quem nem dormiu, e para ao ver a faixa com a inscrição “Felicidades para os recém casados”.
Olha para baixo e segura em um controle remoto. Hesita, mas aperta um botão na direção de uma tela.

Pelo seu PONTO DE VISTA, a tela exibe momentos entre ele e Ari, os dois na praia, fazendo caretas para a câmera, se divertindo no escritório da boate e dançando. Logo em seguida, a cena do casamento de Ari e Dcr na mansão de Cael. Termina no momento em que Ari envolve Dcr em seus braços e o inclina.
O vídeo é paralisado.
FADE OUT
A música termina nos créditos



= = FIM DO EPISÓDIO = =
SÉRIE ESCRITA POR:
 Cristina Ravela

ESTRELANDO:

Maria Flor - Raíza
Michael Rosenbaum - Cael
Pierre Kiwitt - Marco
Caio Blat - João Batista
 Nathália Dill - Ari
Aaron Ashmore - Dcr
Fernanda Vasconcellos - Rafaela
Alinne Moraes - Valentina
Caco Ciocler - Josué
Juan Alba - Bruno
Thiago Rodrigues - Cipriano
PARTICIPAÇÕES:

Milena Toscano - Bárbara
Monique Alfradique - Joana
Thaís de Campos - Helena
Júlia Lemmertz - Diva
Alexandre Barilari - Víctor Leme
Jane Saymour - Lara
Vera Zimmerman - Ângela
TRILHA SONORA:

My Immortal Instrumental - Evanescence

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