0:00 min       RAÍZA 2ª TEMPORADA     SÉRIE
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WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA 2


Série de
Cristina Ravela

Episódio 22 de 23
"Abracadabra"



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FADE IN

CENA 1 CEMITÉRIO [INT. / MANHÃ]

= = SONOPLASTIA: Drama = =

CAM caminha pelo local entre vários túmulos como sendo alguém. Adiante, um cara, de terno, está agachado diante de uma lápide. CAM vai se aproximando até parar pelas costas do rapaz.
A lápide traz a inscrição:

Ariadne T. Rodrigues
14-12-1986 – 30-11-2011
Nasceu para ser livre, Morreu para ficar livre.

VOZ FEMININA: Eu sinto muito.

O rapaz, até então de costas, olha para trás. É Dcr, de barba por fazer, o mesmo terno amarrotado, cara de quem não dorme há dias, e ainda muito abalado.

DCR: Você não deve ter trazido sua câmera, não é? Esse serviço de espiã você não faz mais.

Rafaela se agacha, segurando uma rosa branca. Mantém os cabelos soltos, roupa despojada e uma bolsa grande atravessada no corpo.

RAFAELA: Eu vim na paz. Precisava falar contigo. Fui à sua casa e sua família não soube dizer onde você tá morando.

DCR: Quis evitar que me procurassem...

E se levanta, incomodado, dá as costas e começa a andar.

RAFAELA: (se levanta) Eu sei que da última vez não tivemos uma conversa amigável, mas eu vim em paz. Eu tinha uma coisa pra te contar no dia...

Rafaela vacila, penalizada. Dcr para, traumatizado.

DCR: Não deve ser mais importante.

Rafaela se aproxima, faz que vai tocar seu ombro, mas ele se volta deixando-a hesitante.

RAFAELA: (vacila) Eu só achei que eu podia ajudar em alguma coisa.

DCR: Quando eu e a Ari precisávamos da sua ajuda, você nos deu as costas. Agora, nós não precisamos mais.

E Dcr vai embora. Rafaela fica ali, com cara de culpada.

CORTA PARA

CENA 2 RUAS DA CIDADE [MANHÃ]

Dcr vem andando, cabisbaixo, fala ao celular.

DCR: Não, mãe, não me interessa o assunto urgente que esse Víctor tem pra tratar comigo; Eu não quero e nem preciso olhar pra cara dele.

Imediatamente, a cena nos transporta para o outro lado da rua onde ouvimos um alarme de incêndio. Acontece uma grande movimentação, muita balburdia, e as pessoas correm assustadas.
Dcr acaba de colocar o celular no bolso da calça, quando para, sem entender nada, sem saber que direção tomar. As pessoas acabam se esbarrando nele, e num lance rápido, uma garota morena clara, cabelos pretos e, magra cai sobre os braços de Dcr, que a segura prontamente, inclinando-a. Em meio a confusão, os dois se encaram como enfeitiçados um pelo outro e, não ouvimos mais a balburdia. Dcr a inclina de volta e só então ele olha ao redor, confuso; Os dois estão no cemitério onde Dcr estava anteriormente.

GAROTA (olhar compenetrado): Seu desejo, para mim, é uma ordem.

Fecha na expressão surpresa de Dcr.


2x22
ABRACADABRA

FADE IN

CENA 3 FACHADA - CAFÉ-VEIGA [MANHÃ]

Corta para o seu interior

CAM vai se aproximando da mesa onde está Dcr e a estranha garota. Dcr mexe em sua xícara de café; A garota bebe um mate.

DCR: Você é uma daquelas bruxas de Salém e resolveu vir para uma convenção? Sam é um nome bem peculiar para o seu caso.

SAM: Há outras pessoas como eu na cidade?

Dcr bebe um gole de café rapidamente.

DCR: Minha esposa (Sam esboça desânimo). Mas ela morreu, sabe (Em Sam, surpresa). Não se fazem mais bruxas como antigamente, não é? Aquele papo de poção da juventude, vida eterna, era tudo glamour das superproduções?

SAM (sorri): Não sei, mas lembro que o meu avô gostava de contar uma história em que um mago do século 18 conhecia todos os segredos da magia. Só que, ele traiu sua horda de companheiros que descobriram sua prática em magia negra.

DCR: E tudo isso começou por causa das bruxas de Salém, certamente.

SAM: Você é engraçado. (pausa / olha-o por baixo, observa sua aliança) Quando foi?

Dcr toca a aliança, sentido.

DCR: Vai fazer 1 semana amanhã (p). Minha mãe encomendou uma missa de 7º dia, mas...Não é o meu desejo ir. Fica a dica.

Sam ri e arranca um sorriso de Dcr.

DCR: Cê já deve ta acostumada com essas excursões, né? (Sam sorri, bebe seu mate) Além de cemitério, pra que outro lugar inusitado você foi parar?

SAM: Ahn...Deixa eu ver...Recentemente eu fui parar na sacristia de uma igreja. O cara tava nervoso...Acho que ele queria se confessar (Dcr solta um riso tímido).

DCR: Grandes emoções, hen...(pensa) O que vai fazer depois daqui?

Sam sorri, sapeca.

CORTA PARA
CENA 4 FACHADA - ED. CIRANDA DE PEDRA [MANHÃ]
Corta para o interior do APTº 403 – QUARTO
CAM se aproxima da SACADA, onde Raíza está de costas e debruçada sobre o ferro. Raíza logo se volta e entra no QUARTO.
[Cena da visão de Raíza do 1x12 se realiza]
Raíza está com um semblante amargo, aparenta desalento e raiva contida. Caminha até a cômoda que, dentre outras coisas, falta o porta–retrato de Rafaela ao lado de Dcr, Ari e o seu. Ela aproxima, em passos vacilantes, apanha o porta-retrato de Ari e uma lágrima escorre sobre seu rosto.
De repente, ouve-se um barulho de roda vindo da sala que a desconcentra. Raíza esboça insatisfação e coloca o retrato de um jeito que cai deitado na cômoda.
Abre a porta e, ao adentrar a SALA, vê João Batista sentado numa cadeira de rodas de frente pro computador e com as pernas enfaixadas.
JOÃO (raiva): O que é? Ainda tá admirando seu feito?
Raíza encara aquilo como a lembrar-se da visão.
João gira a cadeira e chega mais perto.
JOÃO: Eu fiz uma pergunta. (os dois se encaram / raiva) O que é? Ainda sofre pela perda da amiga confidente? Tá doendo, né? Remorso agora não serve pra nada, não, tá ouvindo?
RAÍZA: (desvia dele) Cê tá me culpando pela morte da Ari? Não fui eu que a joguei daquele prédio, não.
JOÃO: Existem meios de matar uma pessoa sem estar presente.
RAÍZA: (sarcasmo) É mesmo? Parece com prática no assunto.
JOÃO: Não tente ser evasiva, ok? Embora você seja mestre nisso. A Ari vivia sob sua aba, todo mundo aqui preocupado com o que ela fazia, onde ia e o escambau...E no dia mais importante da vida dela, ninguém consegue fazer nada? Onde você tava que não fez nada, Raíza?
RAÍZA: (se estressa) Eu não era guarda-costas dela, tá legal?
JOÃO: Você sempre foi guarda-costas dela!
RAÍZA: Engraçado isso; Que eu lembre, era você que reclamava da nossa preocupação com ela, agora tá se doendo porque seguimos a sua recomendação? (bate palmas / irônica) Ótimo! Quase acreditei no teu sofrimento.
João consegue se levantar rapidamente e agarra Raíza com força.
JOÃO: Sua sonsa! Fingida! (João cai por cima de Raíza no sofá) Você não seguiu recomendação nenhuma! Você abandonou sua amiga porque tava preocupada demais em me desmascarar, não é? (em Raíza lacrimejando de raiva) Admite que você fez tudo errado, admite sua vidente maldita!
Clima.
RAÍZA: (empurra João) Sai de cima de mim, idiota! (Raíza se levanta, e o enfrenta) Você não se conforma da Ari nunca ter te dado uma chance, não é? (em João meio vacilante) A sua raiva é que enquanto ela tava aqui, morando nesta casa, você poderia tê-la conquistado, mas você não podia vacilar um instante, não é? Seu papel de paralítico tinha que ser perfeito.
JOÃO: (se levanta com dificuldade) Você não sabe de nada...
RAÍZA: (continua / cara a cara) Mas se isso te serve de consolo, se você não tivesse fingindo, estaria na cadeia. (provoca) Ou seja, Ari nunca ia ser sua mesmo.
João se enche de raiva e lhe acerta um tapa. Raíza devolve com um tapa de esquerda e João tenta atacar novamente, mas Raíza o detém e o joga contra o sofá.
A porta se abre, Joana assiste a cena, assustada.
JOANA: Gente, o que tá acontecendo aqui?
João tenta falar, mas Raíza é rápida.
RAÍZA: Eu tava tentando ajudá-lo a sentar. Não é não, João?
João olha para ela com raiva; Joana observa, com ar de cumplicidade para Raíza.
CORTA PARA
CENA 5 APTº 30 [INT. / MANHÃ]
Marco abre a porta e exibe seu sorriso de canto, debochado.
Josué está mal encarado.
JOSUÉ: Vai ficar sorrindo pra mim como se eu fosse a Raíza?
Josué vai entrando, Marco fecha a porta esboçando graça.
MARCO: (irônico) Já tinha um tempo que eu estava querendo mesmo convidá-lo para conhecer meu apartamento.
Josué se volta, mãos na cintura.
JOSUÉ: (nervoso) A Ângela tá pegando no meu pé. Eu me lembro de ter te falado isso, ou não?
Marco se senta no sofá, dobra as pernas e pega seu copo de uísque.
MARCO: E eu estava apreciando meu uísque antes de ir para o trabalho. (ele cheira e oferece) Já provou deste?
JOSUÉ: Não to interessado no seu uísque, dá pra me dizer como vou me livrar daquele encosto? Ou finalmente desistiu de juntar seus trapos finos com a louca da Raíza?
Marco se levanta e vai até o bar.
MARCO: Você fala de um jeito...Já falei para você que no seu caso mal resolvido eu não me meto, mas...(se volta) Sei ser um bom amigo. A essas alturas a doutora Ângela deve estar muito ocupada com a sua transferência para Brasília. Um ótimo lugar para se ocupar com a justiça, não acha?
JOSUÉ: Como é que é? E só agora você me fala isso?
MARCO: Eu gosto de vê-lo nervoso. É uma oportunidade de treinar a minha paciência.
Josué passa a mão pelo rosto, põe a mão na cintura.
JOSUÉ: E tudo isso pra se casar com a Raíza...Você não precisa do meu dinheiro, do apartamento...Olha pra isso (mostra a sala) Você tem tudo. Todo um esquema pra ficar perto de alguém que te despreza.
Marco disfarça a raiva.
MARCO: Talvez eu não queira ficar perto dela, mas tirá-la de perto de Cael. Vai me dizer que você nunca teve vontade de fazer o mesmo com o seu irmão? (Em Josué, sério, encarando-o / Marco se aproxima) Esse teu papel de pai preocupado, irmão consolador, não me convence. No fundo, somos iguais.
Marco apanha sua maleta sobre o sofá e as chaves sobre a mesa. Ele vai abrindo a porta com aquele sorrisinho sacana.

Josué demora um pouco a acompanhá-lo, só encarando-o.
Corta.
CAM mostra a CURTO-CIRCUITO de cima
CENA 6 FACHADA - CURTO-CIRCUITO [MANHÃ]

Corta para o interior do salão.

Os funcionários trabalham na limpeza, arrumam cadeiras, ajeitam as mesas.
Rafaela vem andando, olhando em toda a sua volta, esboçando preocupação.

VOZ FEMININA: Rafaela?

Rafaela se volta e dá com Bárbara, que logo sorrir.

BÁRBARA: Pensei que você nunca daria as caras por aqui.

RAFAELA: O Marco não sabe que eu vim.

BÁRBARA: Por que se ele soubesse que somos amigas, ele poderia usar sua cabeça como dado na roleta dele, não é?

Clima.

RAFAELA: Olha, eu queria falar com o Cael. Ele tá por aí?

CORTA PARA

CENA 7 ESCRITÓRIO – CURTO-CIRCUITO [INT. / MANHÃ]

Cael está de costas, guardando uma pasta no armário.
Bárbara dá uma batida na porta e Cael olha, não esboçando nenhuma reação quanto à presença de Rafaela.

BÁRBARA: A Rafaela disse que precisa falar contigo.

Cael faz que sim e se senta.

CAEL: Tudo bem. Feche a porta, por favor.

Bárbara sai, curiosa e fecha a porta.

Cael e Rafaela se encaram por instantes; Ele, esperando alguma coisa; Ela, receosa.

CAEL: Não vai sentar?

RAFAELA: (sentando): ‘Brigada’. (disfarça) Bom, o Marco não sabe que to aqui. Você entende, né?

Cael se recosta na cadeira, fitando-a.

CAEL: (indiferente) Quem sabe.

RAFAELA: Hoje eu tentei falar com o Dcr, mas ele mal quis falar comigo. Eu sei que não agi como amiga, mas eu precisava saber se tem alguma coisa que posso fazer pra ajudar.

CAEL: (seco) Você ressuscita os mortos? (em Rafaela, sem graça) Por que essa é a única coisa que animaria de verdade o seu amigo.

RAFAELA: Eu sei que quando ele precisou de ajuda eu me neguei, mas juro que não foi na maldade.

CAEL: (por cima / seco) Você não tem que jurar nada para mim, Rafaela. Essa já é uma história finalizada. (Rafaela abaixa a cabeça) O Danilo perdeu a esposa e, receio que a vontade de viver também. Em que você poderia ajudar?

Rafaela o encara por instantes, balança a cabeça afirmativamente em sinal de concordância forçada.

RAFAELA: Desculpe, foi um erro ter vindo. (se levanta) Nada que eu disser vai melhorar a situação, não é? Ninguém me entende, ninguém sente o que to sentindo. Você jamais se preocuparia com alguém como eu que trabalha para o Marco.

Cael desencosta da cadeira e apoia os braços sobre a mesa.

CAEL: Se você quer saber a verdade, tudo começou a dar errado quando o Danilo se preocupou com você. Se não fosse por ele, você teria sido fichada na polícia ao lado do Marco por contravenção. Isso, se a polícia não descobrisse outros crimes, não é?

RAFAELA: (sarcasmo) Ah, claro, falou o santo homem dos negócios. Quando foi que você passou para o lado da lei mesmo? (Em Cael, sério) Ah, foi quando conheceu a Raíza e ela não topava namorar um bandido, né? (climão) Parece que isso não funcionou com o Marco. Não ainda.

Rafaela dá as costas, mas antes de chegar à porta, se vira.

RAFAELA: Eu tinha vindo em paz. Queria apenas ter certeza de que não foi a minha atitude que levou Ari à morte. Só isso.

Ela abre a porta e sai.
Em Cael, pensativo, mas mantendo a expressão de incomodado.

CORTA PARA

CENA 8 SHOPPING [MANHÃ]

Sam e Dcr caminham em meio a um grande movimento.

DCR: Quer dizer que esse bruxo foi aprisionado no umbral pela própria aprendiza?

SAM: Conta a história que ela precisava fazer isso para o bem de todos. Ele era a própria personificação do mal, capaz de instaurar o caos na cidade.

DCR: E não havia nada que pudesse ser feito para libertá-lo das sombras?

SAM: Sim, caso fosse invocado. Por isso, Elizabeth, a aprendiza, tratou de rogar uma praga: Aquele que invocasse o nome dele pagaria com a vida.

DCR: Nossa! Então melhor deixá-lo quieto lá no umbral, arrastando correntes, ok?

Sam ri.

Eles passam ao lado de um shopping e Samantha puxa Dcr para entrar.

SAM: Vem, vamos entrar aqui.

SHOPPING [INT.]

Sam admira as joias na vitrine de uma loja.

DCR: Eu logo vi que tava faltando acessórios em você. Um cordão com uma cruz bem grande no peito, talvez.

SAM: (ri) Seu bobo. Não uso joias; Eu só invisto.

DCR: (faz graça) Hmm, business, apenas business.

Ouvimos um alarme.
Três homens, cada um deles carregando uma mochila, correm por entre as pessoas, dando início a um tumulto, muita gritaria.

Em meio a confusão, Sam puxa Dcr na direção dos bandidos, deixando Dcr sem entender.

DCR: O que cê tá fazendo, Sam?

Seguranças cercam o local, pessoas tentam se esconder, e no momento em que Sam e Dcr estão prestes a bater de frente com os bandidos, ouvimos um tiro.
Sam agarra na mochila de um deles e se joga no estreito corredor que dá para o toillete, fazendo Dcr cair junto.

Nesse rápido instante, notamos o chão de terra.
Dcr sai de cima de Sam e ele, assustado, olha ao seu redor; Sam e Dcr estão novamente no CEMITÉRIO.

SAM: Você devia levar uma garota para um lugar melhor, não acha?

Dcr olha para a mochila, surpreso.

DCR: Sam...(Dcr abre a mochila e pega as joias roubadas) Sam, você roubou os caras?

SAM: Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão. Já ouviu essa, né?

Fecha em Dcr, surpreso.

FADE IN

Colégio França sendo visto de cima

CORTA PARA

CENA 9 COLÉGIO FRANÇA – CORREDOR [INT. / TARDE]

Josué sai por uma porta segurando umas provas.

ÂNGELA: Você foi bem rápido.

Josué olha para trás e vê Ângela com uma cara sacana.

JOSUÉ: Até aqui você veio me perturbar?

ÂNGELA: Você achou que o seu comparsa pedindo a minha transferência ia calar a minha boca? O seu irmão me convidou para um jantar de despedida. Tá sabendo disso? João vai saber quem é o pai dele.

Josué a empurra para um canto.

JOSUÉ: (nervoso) Você acha que me assusta com essa ameaça? Sabe o que vai acontecer se tu cometer essa sandice, sabe? João vai odiar a nós dois e o Marco, não tendo mais como usar esse meu segredo, vai vender o apartamento para um estranho e nos escorraçar de lá. É isso que você quer, é isso?

ÂNGELA: Chantagem emocional barata, hen. Tudo pra ter o apartamento de volta? O Bruno tem dinheiro, pode comprar outro apartamento, o seu problema é outro; Você não gosta de ninguém/

JOSUÉ: (vê alguns alunos entrando) Acho melhor você sair...

ÂNGELA: (continua) Você quer o João ao seu lado para atacar a Raíza, não é?

JOSUÉ: Como é?

ÂNGELA: Você finge que se preocupa com ele para justificar sua raiva nela/

JOSUÉ: Você já tá passando dos limites, vai embora/

ÂNGELA: No fundo você a odeia como odiou Ramona por ela ter te trocado pelo Bruno/

JOSUÉ: (segura em seus ombros, com raiva) Chega! (Em Ângela, assustada) Você não tem o direito de vir no meu local de trabalho me importunar. Se ocupe com seus casos na justiça e me deixe em paz!

Josué a solta sob o olhar de raiva de Ângela.

ÂNGELA: As coisas não são assim, não.

Ângela vai embora.
Cipriano sai de um corredor escuro e observa Ângela partir.

CIPRIANO: É meu amigo, parece com problemas...

Josué lhe dá uma olhada seca.

JOSUÉ: Eu não sou teu amigo, ok?

E dá as costas.

CIPRIANO: Ela está decidida (Josué para). Já pensou no que vai fazer para desviar a atenção dela?

JOSUÉ: (se volta / revoltado) Tá querendo me dar algum conselho? Por que a mim você não engana com esse teu jeito de ‘O Consolador’, não. Você gosta de usar as pessoas para alcançar suas metas.

CIPRIANO: (por cima / sarcasmo) Eu sabia que um dia você ia reconhecer que somos iguais. Temos metas diferentes, e o mesmo alvo; Você quer afastar Raíza do seu irmão por vingança, e eu, quero o que me pertence (clima). (Cipriano se aproxima / faz suspense) E então? Vamos continuar fingindo que somos indiferentes um ao outro, ou vai aceitar o conselho de um amigo?

Em Josué, pensativo.

CORTA PARA

CENA 10 APTº 215 [INT. / TARDE]

Dcr acaba de se sentar no sofá com uma xícara de café.

DCR: Eu espero que vocês entendam; Eu precisava ficar sozinho, não queria que ninguém me desse consolo.

Diva está sentada ao seu lado.

DIVA: Eu fiquei tão preocupada, Danilo. Nem sabia que você tinha comprado um apartamento.

DCR: Era pra ter sido uma surpresa para Ari...E eu que acabei surpreendido (abaixa a cabeça, desolado).

HELENA: (venenosa) Foi uma covardia o que fizeram. Ainda mais que ela tava grávida/

DIVA: Helena!

DCR: Tudo bem (contém o choro / põe a xícara na mesa). Isso agora não importa mais. Não posso voltar no tempo, contratar seguranças, acompanhá-la até a igreja. Tenho que admitir que sou um fiasco para proteger alguém.

Diva o envolve num abraço. Helena retorce os olhos.

DIVA: Não diga isso, meu filho. Você fez o melhor que pôde.

Ouvimos a campainha tocar.
Helena abre a porta e Sam aparece, com uma mochila nas costas.

SAM: Oi, o Danilo...?

DCR: Sam? (Dcr se levanta e vai até ela, revoltado) O que cê tá fazendo aqui?

SAM: Eu...

Dcr vai empurrando a garota para fora do apartamento, e bate a porta.
Diva olha para Helena, sem entender. Logo, Helena observa algo fora da tela.
Close na xícara de café de Dcr.

CORTA PARA

CENA 11 RUAS DA CIDADE [TARDE]

Dcr atravessa o portão segurando no braço de Sam.

DCR: Como é que você me achou aqui? Eu já não disse que só volto a falar contigo quando você devolver essas joias?

Os dois param na calçada.

SAM: Eu só queria te ver feliz. Imagine tudo que a gente pode fazer juntos com essa grana.

DCR: (alterado) Não é de dinheiro que eu preciso. Você usa seu poder para cometer crimes e ainda quer que eu fique feliz? A Ari morreu com a consciência pesada por ter matado um cara, você sabe o que isso significa pra mim, sabe?

SAM: Você se atormenta por algo que nem fez. Eu não entendo.

DCR: Você não entende porque não tá na minha pele...(vacila) Alguma vez você pensou em usar o seu poder para fazer alguém feliz de verdade? Já fez alguém reencontrar quem não vê há muito tempo? Não, né? Você não vai conseguir me ver feliz.

Dcr vai embora deixando Sam sem reação. Corta.

CAM acima do ED. CIRANDA DE PEDRA [NOITE]

CORTA PARA

CENA 12 APTº 403 – SALA [EXT. / NOITE]
A porta é aberta. João encara Dcr com certa antipatia, e este vai entrando.
SALA [INT]
DCR: (apressado) A Raíza tá por aí?
João bate a porta, impaciente.
JOÃO: Perdeu a educação, foi? Primeiro você tinha que esperar eu te convidar a entrar, pra depois eu pensar/
DCR: (força a educação) Você pode chamá-la ou não?
JOÃO: (petulante) Não, não posso não. Não era nem pra você pisar aqui. Pensa que me engana com essa cara de perdedor mal dormida, essa roupa desalinhada? Isso tudo é culpa, tá pagando penitência, isso sim!
DCR: (sem entender) Mas do que você tá falando?
João olha para alguém fora da tela.
JOÃO: Fala pra ele, Raíza, fala.
Raíza está na sala, tensa.
RAÍZA: Você deveria ter mais respeito com a dor dos outros.
JOÃO: Respeito? Você previu a morte da Ari, e agora vem falar em respeito? (climão / Dcr encara Raíza, surpreso) Sabia disso, Danilo? Ari podia estar aqui agora, se não fosse a incompetência de sua amiga aí.

RAÍZA: (medo) Cala a tua boca, João! Cê não sabe de nada!

JOÃO: (desafia) Ah, não sei não? Sabe o que eu sei? Que você faz seleção; Salvou o Marco tantas vezes a quem diz odiar, mas na hora de salvar a Ari você some. Como é que você explica isso? Onde você tava que não foi com a Ari para a igreja, hen!

RAÍZA: Mas que inferno! Pra que você faz isso, pra quê?

JOÃO: Pra quê, pergunto eu. Enquanto sua querida Ari tava correndo perigo, você se preocupava em me desmascarar/

DCR: (explode) Chega! (João e Raíza se assustam) A Raíza não faria isso...Ela nunca me esconderia uma coisa dessas...

JOÃO: Ah, ela te conta tudo, é? Ela por acaso te falou que eu não sofri acidente nenhum? (em Raíza, aflita) Que ela me jogou do viaduto? Ela falou ou não falou?

DCR: O quê? Mas esse cara já tá passando dos limites (olha para Raíza / silêncio). Ele tá mentindo, não tá?

RAÍZA: (hesita) Tente entender uma coisa, ‘D’/

DCR: (por cima) Você tá admitindo que usou o seu poder para tentar matar o seu primo?

RAÍZA: Não! Eu não tive intenção/

DCR: Então diz que ele tá mentindo, diz! (Raíza nota o deboche em João) Como é que eu não pensei nisso antes? Vocês viviam grudadas, como é que você não ia prever o futuro dela?

Raíza se mostra encurralada.

JOÃO: (para Dcr) Não se faz de coitado você também não, tá? Porque você também ajudou a atormentar a vida dela até o último momento (em Dcr revoltado). Vocês dois não prestam! Acabaram com a vida da Ari, isso sim! Ela tinha que ter ficado comigo, e não com um merda feito você!

Dcr parte para cima de João...

DCR: Cala essa boca!
E Dcr o segura pelo colarinho, joga contra o sofá e lhe acerta um soco.

Em Raíza, assustada.

DCR: Seu idiota! A Ari nunca que ia ficar contigo. Seu falso cadeirante! Olhe pro seu umbigo antes de chamar os outros de merda!

JOÃO: (boca sangrando) Tu é um merda sim! A Ari nunca que devia ter arriscado a vida dela salvando a tua pele. Eu, no lugar do Marco, teria deixado você virar torresmo.

RAÍZA: O quê?

JOÃO: É isso mesmo. (para Dcr) Por que você acha que o Marco poupou sua vida quando você invadiu o escritório dele, hen? (Dcr olha para Raíza esboçando desconfiar) Será que a Ari andou trocando informações com ele, será?

Espanto em Dcr.

DCR: Isso é verdade, Raíza?

Raíza sofre, tenta dizer algo, mas não consegue.

DCR: Então é isso? É isso que eu to pensando? A Ari entregou um falso segredo seu pro Marco?

RAÍZA: Não! (vacila) Olhe ‘D’, ela não tava atormentada por isso (Dcr se atordoa), mesmo porque, ela falou a verdade.

Em João, que se espanta.

JOÃO: Como assim? Que verdade?

RAÍZA: Ela revelou um dos meus segredos verdadeiros, Dcr. (choque em João) Mas pro Marco pareceu um absurdo, e como ele não tem como saber/

João se levanta num impulso e agarra Raíza.

JOÃO: Sua idiota! Você deu a entender que ela tinha entregado um falso segredo, como é que você me vem com essa? Diz, sua vaca!

RAÍZA: (chocada) Peraí! Você ouviu a nossa conversa? (os dois se encaram / Dcr observa já horrorizado com a cena) Por isso essa raiva toda...Você bateu pro Marco que a Ari havia mentido, achando que ele mataria o Dcr, não é isso?

É a vez de João ficar encurralado.

DCR: Vocês dois se merecem!

Dcr, bastante desnorteado, vai cambaleando até a porta.

RAÍZA: Dcr! Dcr!

Dcr abre a porta e dá de cara com Bruno, Josué, Ângela e Joana.

BRUNO: Dcr! Que bom te ver/

Dcr vai embora deixando todos sem entender nada.

Josué observa a cara de aflição em João e Raíza.

JOSUÉ: O que aconteceu aqui?

Em João, assustado; Raíza com medo.

CORTA PARA

CENA 13 RUAS DA CIDADE [NOITE]

Flashes rápidos mostram Dcr andando pelo asfalto, sem rumo, mão na cabeça, sofrendo muito.

= = FLASHBACK em áudio = =

JOÃO: Não se faz de coitado você também não, tá? Porque você também ajudou a atormentar a vida dela até o último momento. Vocês dois não prestam!
[...]
RAÍZA: [...] Você bateu pro Marco que a Ari havia mentido, achando que ele mataria o Dcr, não é isso?

[...]


= = FIM DO FLASHBACK em áudio = =

Ouvimos buzina.
Dcr olha para trás e a luz do farol de um carro acende em sua cara, mas ele nem se esquiva. Ouvimos o carro parar, a luz se apaga deixando Dcr na penumbra.
Dcr permanece parado, enquanto ouvimos alguém sair do carro e caminhar na direção dele.

DCR: Você podia ter me matado se quisesse.

MARCO: (sarcasmo) Eu tenho um jantar para ir, no apartamento da minha noiva, não posso me atrasar. Quer uma carona?

DCR: A última vez que entrei no se carro eu não tive uma viagem muito confortável, não. (devolve o sarcasmo) O seu porta-malas é apertado. Já te disseram isso?

Marco esboça uma satisfação irritante.

MARCO: Águas passadas, meu amigo. O importante é que você está vivo.

DCR: Graças a Ari, não é? (Marco esboça indiferença / Dcr está um pouco ofegante) Se eu tivesse morrido, a Ari estaria viva, Marco?

MARCO: O que uma coisa teria a ver com a outra?

DCR: Me responda você; O que você fez ao descobrir que foi enganado? (Marco não gosta) Eu to vivo graças a uma mentira. Não tem ninguém olhando, Marco, por que não aproveita?

Um homem negro, de terno, aparentando ser um segurança, sai do carro de Marco. Este faz um sinal para ele ficar onde está.

MARCO: Escuta, garoto, você não está bem. Se você quer se matar, faça isso no aconchego do teu lar, ok?

E ele dá as costas.

DCR: E se ela tivesse falado a verdade? (Marco para / Dcr atrás dele) Ou se eu tivesse uma verdade maior ainda? (Marco se volta, curioso) Você ainda quer saber o grande segredo de Raíza, não quer?

Marco só espera, duvidando.

Dcr se aproxima do foco da luz do poste e notamos seu rosto suado, olhar cansado, opaco, em um semblante magro.

DCR: E então?

MARCO: Você não está bem.

DCR: (vacila a voz) Você... Você já deve ter se perguntado (pisca os olhos lentamente) por que ela sempre acaba... Te salvando, não é? (ri estranhamente) É que a Raíza...

Dcr reclama de dor no estômago.

DCR: A Raíza, ela /

Dcr reclama mais, vai perdendo as forças e acaba se segurando nos ombros de Marco.
Os dois se encaram, Marco não tenta apoiá-lo, mas olha espantado para ele.
Dcr não resiste e acaba caindo inconsciente ao chão.

SEGURANÇA #1: O que houve, senhor?

Marco se agacha, toca a jugular de Dcr e se levanta.

MARCO: Vamos sair daqui. Ele resolveu morrer numa hora imprópria.

Marco sai de cena; O segurança#1 observa Dcr;
Em Dcr estirado na calçada. Corta.

Acima do Ed. Ciranda de Pedra

CORTA PARA

CENA 14 APTº 403 – SALA [INT. / NOITE]

A porta é aberta. Marco sorri descaradamente e vai entrando.

MARCO: Boa noite, Bruno.

Bruno apenas faz um cumprimento com a cabeça, insatisfeito.

MARCO: Boa noite a todos!

Em Ângela, Joana e Josué sentados no sofá, além de João em sua cadeira de sempre.

ÂNGELA e JOANA: Boa noite.

JOÃO: Boa noite...

Josué nada diz.

Marco vai até Ângela e a cumprimenta.

MARCO (sonso) Soube que a senhora foi transferida para Brasília? (se senta, sem cerimônias)

ÂNGELA: (espia Josué) É, é verdade sim. Mas como eu tava dizendo para eles, a distância não me impedirá de resolver pendências por aqui (para Josué, que não gosta).

Marco apanha um copo de suco em uma bandeja sobre a mesa de centro, sob o estranho olhar de Josué.

MARCO: Com licença.

Marco bebe o suco e depois procura ao redor.

MARCO: Onde está a minha noiva?

De repente, Raíza surge da porta da cozinha com uma bandeja de canapés. Com ar estagnado, pálida, arroxeada, suando frio, Raíza caminha sem firmeza.

BRUNO: Olha ela aí.

Raíza deixa a bandeja cair, assustando a todos, e cai no chão. Bruno e Marco tentam socorrer e veem Raíza gemendo de dor, fora de si.
Em Marco, assustado.

Clima de forte suspense no ar.

CORTA PARA

CENA 15 RUAS DA CIDADE [NOITE]

Dcr continua estirado na calçada. Ouvimos passos rápidos, enquanto nos aproximamos da cena.
Quando a pessoa se agacha, vemos se tratar de Sam. Sam esboça tristeza e acaricia o rosto de Dcr.

SAM: Dcr! (p) Dcr! Você não pode estar morto, não pode!

Close no rosto de Sam quando um FLASHBACK SE ABRE:

DCR: [...] Alguma vez você pensou em usar o seu poder para fazer alguém feliz de verdade? Já fez alguém reencontrar quem não vê há muito tempo? Não, né? Você não vai conseguir me ver feliz.

= = FIM DO FLASHBACK = =

SAM: (olha para Dcr): Vou sim...O seu desejo, para mim, é uma ordem.

E Sam o abraça, CAM dá um close, e logo se afasta;
Sam olha ao redor, enquanto Dcr abre os olhos.

DCR: (confuso) Sam?

Dcr se levanta como se nada tivesse acontecido, observa que está no corredor de um HOSPITAL.

DCR: O que eu to fazendo aqui?

SAM: Eu só realizei o teu desejo...

Dcr, temeroso, caminha pelo corredor branco, entre portas fechadas, e Sam vai atrás.
Pelo ponto de vista de Dcr, algumas enfermeiras passam a nossa frente, e existe algo estranho no ar. Entre portas fechadas, há uma entreaberta que causa certa hesitação; Porém, Dcr se arrisca, e entra.

QUARTO [INT.]

Sob a penumbra, Dcr se surpreende com algo que vê; Ari está deitada na cama, e logo abre os olhos.

DCR: (emocionado) Ari?

ARI: (sorri triste) ‘D’...Me disseram que você viria. Não acreditei.

Dcr toca suas mãos, chora de felicidade.

DCR: Por que você tá aqui? Não era nesse lugar que eu te imaginei... O que estão fazendo contigo?

ARI: (ressalta) O que você tá fazendo comigo, ‘D’?(reação em Dcr / Sam observa lá trás). Eu ouço tua voz...Você me chamando...(sofre) A sua tristeza me faz sofrer muito.

DCR: (voz embargada) E como é que você quer que eu fique? Quer que eu finja que nada aconteceu? Quer que eu esqueça que você existe? (engole o choro) Eu não consigo.

ARI: Você tá fazendo mal a mim e a todos a sua volta. Eu ouço teus pensamentos de revolta contra a Raíza, sua vontade de largar tudo e...(vacila)... Isso me perturba muito. Você tem que voltar e ajudar a Raíza. Você será a única pessoa capaz de fazer isso.

DCR: Como é que você pode me pedir isso? Ela não precisa de mim, nem eu preciso voltar (p). Eu vou ficar aqui.

Em Sam, preocupada, aproxima-se da cama.

SAM: Danilo, por favor, eu não posso voltar sozinha.

DCR: Você pode encontrar alguém que queira voltar pra Terra. Mas eu não saio daqui.

A porta é aberta estupidamente e Andréa entra com cara de poucos amigos.

ANDRÉA: Saia já daqui, rapaz! (espanto em Dcr) Você tem que voltar agora!

Reação em Dcr e Sam.

Ouvimos burburio ao longe.

DCR: Dona Andréa? O que tá acontecendo?

ANDRÉA: Eles já sabem que você e essa garota estão aqui.

SAM: Eles, quem?

ARI: Os maus espíritos. Eles só conseguem entrar aqui quando são atraídos pela mesma energia. A sua energia, ‘D’, está negra. Fuja!

Sam, rapidamente, segura nos braços de Dcr.

SAM: Vamos, Danilo! Deseje voltar! Anda!

Dcr hesita, olha para Ari que faz um sinal com a cabeça de positivo. De repente, ouvimos um forte zunido de vento, em seguida, Andréa é derrubada – susto nos demais - e imediatamente, Dcr voa de forma violenta, ultrapassando as paredes.

ARI: Corre!

Sam SAI do quarto, desesperada, e corre.
CAM por trás dela.

SAM: Danilo! Danilo!

Sam é jogada para o lado e cai no chão. Imediatamente, Sam se vê sobre o corpo de Dcr na CALÇADA.

RUAS DA CIDADE [NOITE]

Sam sacode Dcr, em vão.

SAM: Danilo!

CORTA PARA

CENA ANTERIOR – HOSPITAL - CORREDORES [INT. / NOITE]

Dcr se levanta, assustado, em um ambiente sombrio, paredes sujas, e fiação elétrica causando curto.

DCR: Sam? Ari?

Uma sombra negra atravessa o corredor pela extrema direita. Dcr se assusta, ouvimos um zunido, e Dcr olha para a esquerda; Outra sombra negra atravessa o corredor.
Dcr se enche de coragem e segue a sua frente, abre portas que dão para uma sala vazia, abre outras, e nada. Em uma delas, ao fechá-las, dá de cara com Andréa.

DCR: (susto) Dona Andréa...Cadê a Sam? Eu não queria causar isso tudo.

ANDRÉA: Ela já voltou. Agora é a sua vez.

Andréa agarra seu braço.

DCR: Espere! (Andréa para) Eu não posso voltar sem saber a verdade.

ANDRÉA: Não temos muito tempo, garoto!

DCR: Eu preciso saber o que a senhora sabe sobre o Cipriano. A Ari foi batizada por ele, não foi?

ANDRÉA: (firme) Mas que teimoso, hen... Eu tenho que admitir que tu é um garoto corajoso. Não é qualquer um que enfrenta um bruxo das trevas que nem ele.

Baque em Dcr.

DCR: Tá me dizendo...?

ANDRÉA: Que sim. Foi dessa forma que o Luíz aceitou pagar de pai adotivo; Se aproveitando dos poderes dela...Agora vamos, que o seu tempo na terra está acabando.

Os dois correm, ouvimos zunidos por toda a parte.

DCR: Mas como a senhora sabe que ele é um bruxo? Por que Ari nunca me contou isso?

ANDRÉA: Porque bruxos quando se sentem ameaçados, gostam de exibir seus poderes. (encara Dcr) Você devia saber disso, né? Ele não queria que eu exigisse a paternidade da Ari ao avô de Raíza. (Em Dcr chocado) Ele queria algo que pertencia a ela, e que iria pertencer a Ari...

DCR: E porque tá me ajudando? A senhora nunca gostou de mim.

ANDRÉA: Não é que eu não gostava de você; (os dois param diante de uma porta) Mas eu não podia admitir que a minha filha se sentisse mais segura ao lado dos outros.

Andréa abre a porta por onde entra um vento forte.

ANDRÉA: Agora vai! Reaja!

Dcr olha para o breu, sem entender.

DCR: Quê?

ANDRÉA: (empurra Dcr) REAJA!

DCR: Não!

Dcr é jogado na escuridão. Ouvimos vozes que se alternam entre femininas e masculinas:

VOZES: Reaja! Reaja!

Dcr esboça desespero, CAM se aproxima ao máximo de seu rosto e, o que seria o impacto da queda...

CORTE CASADO EM

CENA 16 HOSPITAL CENTRAL – UTI [INT./NOITE]

Dcr na cama enquanto um desfribilador é usado para ressuscitá-lo.

MÉDICO: Reaja, rapaz!
Ouvimos batimentos cardíacos.
Os médicos e enfermeiros comemoram.

MÉDICO: Ele vai ficar bem.

FADE OUT

FADE IN

CENA 17 FACHADA – HOSPITAL CENTRAL [NOITE]

Corta para o seu interior – Sala de espera

Assim que o médico da cena anterior aparece com um prontuário, tanto Bruno, quanto Marco e Diva vão até ele, preocupados.

BRUNO: Doutor, como tá a minha filha? A Raíza.

DIVA: E o Danilo? Eu sou a mãe dele, disseram que ele tava desmaiado numa calçada.

MÉDICO: Estão todos bem, (alívio em Bruno e Diva / o médico olha o prontuário), mas foram dois casos interessantes...Danilo Rodrigues sofreu uma intoxicação grave, mas ainda não sabemos a causa. Já Raíza...

BRUNO: O que tem ela?

MÉDICO: A sua filha surpreendeu toda a equipe médica; Ela sofreu uma overdose de drogas; Poderia ter morrido.

Espanto nos demais.

BRUNO: O doutor disse “drogas”?

MÉDICO: Sim, um psiquiatra irá examiná-la, mas seria muito bom se o senhor trouxesse a receita dos remédios que ela toma; Talvez seja o caso de trocar.

Em Bruno, estarrecido.
Marco olha para Josué, sentado, que devolve o olhar, sem cerimônia.

CORTA PARA

CENA 18 QUARTO 207 – HOSPITAL CENTRAL [INT./ NOITE]

Dcr abre os olhos, confuso, e vê alguém fora da tela; É Marco, mãos nos bolsos da calça, faz que espera alguma coisa.

DCR: Eu to num hospital? Cadê a Sam? (tenta se levantar, olha para um lado e para o outro) A Ari, onde...(Dcr se dá conta, deita novamente)

MARCO: Não sei quem é Sam, mas parece que foi ela quem te salvou.

DCR: Eu não me lembro disso.

MARCO: Você tava me contando o segredo de Raíza quando desmaiou (reação em Dcr). Eu pensei que você estava morto. Não lembra de nada?

Marco vai se aproximando tornando tudo mais tenso.

MARCO: Eu só não entendi aquela parte em que ela sempre acaba me salvando. Não faz muito sentido, não é?

DCR: Eu te contei o segredo dela? (Marco faz que sim / Dcr é sarcástico) E você não está chocado? Achei que depois de descobrir que Raíza nunca queria ter te conhecido você acabaria surtando.

Marco fecha a cara.

MARCO: Isso não justifica ela sempre acabar salvando a minha vida.

DCR: Como não? Ela tem que bancar a boa moça. Você estaria morto, se ela não tivesse te conhecido. Lembra disso, não lembra?

Marco se afasta, encarando-o com ódio.

CORTA PARA

CENA 19 HOSPITAL – QUARTO 207 [EXT. / NOITE]

Marco acaba de fechar a porta, segurando a raiva. Ele dá uma parada, respira fundo, e some da tela.

CORTA PARA

CENA 20 HOSPITAL – QUARTO 306 [INT. / NOITE]

Raíza está sentada na cama, chocada com algo que acaba de ouvir de seu pai.

RAÍZA: O quê? Eu jamais tentaria o suicídio, pai!

Josué, de pé, próximo à porta.

JOSUÉ: E como é que você explica uma cartela de comprimidos em seu nécessaire, hen?

Raíza olha para Bruno. Este faz que espera.

RAÍZA: Pai, eu não sei de nada disso, juro! (Josué bufa) Alguém deve ter plantado isso nas minhas coisas/

JOSUÉ: (por cima) Alguém, quem? (p) Anda! To esperando. Em quem você vai pôr a culpa pelos seus vícios, hen?

BRUNO: Josué, vamos com calma!

Josué se cala, com raiva.
Bruno segura as mãos de Raíza.

BRUNO: Filha...Eu sei que você não tem passado por bons momentos, mas...

RAÍZA: Pai, por favor! É óbvio que estão tentando acabar comigo, não vê?

JOSUÉ: (instiga) Quem? Você tem algum suspeito? Quem vive no apartamento e poderia ter feito isso? (Em Raíza, com raiva) Foi o Marco? Eu? O seu pai?

RAÍZA: (provoca) O João?

JOSUÉ: Ah, claro, o mesmo que cortou seus pulsos, o mesmo que incendiou a si próprio, não é? Não se esqueça que você é reincidente, viu.

Bruno se levanta e encara Josué.

BRUNO: Já chega! Se ela diz que tentaram acabar com a vida dela, e nem é a primeira vez, eu acredito. Mas se você não é capaz de ajudar, não tente complicar as coisas.

JOSUÉ: Ah, é? Então vai em frente. Cubra as loucuras da sua filha, mas depois, não vem chorar pitangas aqui ó (bate no próprio ombro), que eu não vou te consolar.

E Josué abre a porta e sai.
Bruno se volta para Raíza, que sorri mais aliviada.

CORTA PARA

CENA 21 ESTACIONAMENTO [INT. / NOITE]

De costas, Josué, com uma chave na mão, caminha rapidamente por entre carros. Forte suspense.
Alguém faz Josué virar de frente e lhe dá um soco. Josué se apoia no capô de um carro, e Marco o pega pelo colarinho, espumando de ódio.

MARCO: Você acha que pode brincar comigo, acha? Aquele suco era pra mim, não é? (O nariz de Josué sangra) FALA!

JOSUÉ: (debocha) A Raíza se droga e você que fica paranoico?

MARCO: Responde direito!

JOSUÉ: (esboça um sorriso de ódio e ao mesmo tempo, nojo) Olha pra você...Você se julga muito inteligente, não? Se veste com a melhor marca, bebe do melhor uísque, conhece os melhores restaurantes...Mas não passa de um romântico oprimido tentando esquecer o trágico passado que teve.

MARCO: Você cala a tua boca! Você é um idiota. Nem competência para me matar, você teve!

JOSUÉ: Já parou pra pensar que talvez eu não quisesse te matar? (choque em Marco) Mas sim, deixar todos pensarem que ela tentou o suicídio?

MARCO: O quê?
JOSUÉ: Vai me dizer que você nunca teve vontade de fazer o mesmo com o seu irmão? (olho no olho / desprezo) Nunca, né? Acho que não somos tão iguais assim.

Climão.
Fecha na expressão surpresa de Marco.

FADE IN

Cenas do trânsito e nuvens se movendo rapidamente.

= = Passagem de tempo = =

CENA 22 FACHADA – PRESÍDIO [MANHÃ DO DIA SEGUINTE]

Corta para o interior da sala de visitas

Um homem acaba de se sentar diante de uma mesa. É Víctor Leme, com a barba por fazer e bastante humilde.

VÍCTOR: Pensei que você não viesse.

Dcr, mais alinhado e de barba feita, está diante dele com uma expressão firme.

DCR: O que você quer?

Víctor se mostra envergonhado, abaixa a cabeça o tempo todo.

VÍCTOR: Te pedir perdão (Dcr apenas observa, fazendo-se de forte). Eu sei que não vai adiantar nada/

DCR: E não adianta mesmo; A Ari te pedia perdão, e nunca adiantou, né? Você foi até o fim com o seu propósito.

VÍCTOR: Eu não matei a garota. Cê tem que acreditar em mim! Tinha outra pessoa naquele prédio/

DCR: (não acredita / põe os cotovelos sobre a mesa) Essa história eu já conheço; Me conta algo novo.

Víctor hesita.

VÍCTOR (toma coragem): Foi o Marco (Dcr ouve atento, curioso). Ele me falou de uma cilada que estavam armando contra mim, a pedido da Ari. Mas ele falou também que eu não precisava me preocupar, pois o caminho tava livre.

Dcr segura as lágrimas, abaixa a cabeça.

VÍCTOR: Eu não matei a garota. Você viu o que a polícia falou, não viu? A arma não tava carregada, eu só queria assustá-la.

DCR: Você conseguiu.

Dcr se levanta e vai até a porta.

DCR: (para um carcereiro) Já terminei.

Víctor se levanta e segura em seu braço.

VÍCTOR: Por favor, cara. Eu não empurrei a garota daquele prédio, não fui eu.

O carcereiro abre a porta, Dcr sai, e a porta é fechada. Víctor segura nas grades.

VÍCTOR: Me escuta! Eu não posso pagar por um crime que eu não cometi! Eu não matei ninguém!

DCR: Você também foi condenado por rapto. Foi assim que tudo começou.

E Dcr vai embora.
Em Víctor, desolado.

CORTA PARA

CENA 23 PRESÍDIO [EXT. / MANHÃ]

Dcr sai cabisbaixo, mostrando-se um pouco abalado com o que acabara de escutar. Desatento, passa por Sam, encostada em um muro.

SAM: Eu sabia que eu não devia seguir seus passos de novo.

Dcr olha para trás, sorri surpreso.
Sam se aproxima.

SAM: (cont.) Você sempre acaba indo a lugares pouco convencionais, né.

DCR: Sam! Achei que eu não fosse te ver nunca mais.

SAM: Na verdade, pensei o mesmo de você. Eu não devia ter feito a sua vontade, a gente podia ter morrido.

DCR: Desculpe por isso. Acho que me empolguei.

Sam abaixa a cabeça, sorri sem jeito.

DCR: Bem...O que você pretende fazer agora?

SAM: Me entregar à polícia (Dcr se surpreende). Devo isso a você.

DCR: Por causa daquelas joias? A gente pode inventar que, naquela confusão, você pegou a mochila, mas que ia/

SAM: Não, Danilo. Você tava certo quando disse que eu uso meu poder para cometer crimes. A gente se conheceu quando eu fugia de um roubo que eu havia cometido. Acionei o alarme de incêndio e causei aquele caos que você lembra bem.

Dcr, meio chocado, não sabe para que lado olhar.

DCR: Tudo bem...Ahn...Você não foi a primeira, garanto. Digo, a primeira a fazer mau uso do seu poder. (balança a cabeça afirmativamente como se quisesse se convencer disso) Mas por que você faz isso?

SAM: Quando você tem um poder nas mãos, e não pode salvar quem você ama, você acaba se convencendo de que não foi para isso que você é ou se tornou especial.

Os dois se encaram por instantes. Sam o abraça.

DCR: Estranho...A gente continua no mesmo lugar.

Sam desfaz o abraço, rindo.

SAM: Talvez porque eu esteja certa de onde eu quero ir. (p) Até breve.

Sam lhe dá um rápido beijo no rosto, depois dá as costas e se afasta.

DCR: Espere! (Sam se volta) Lembra quando você falou de um bruxo que foi aprisionado no umbral?

SAM: Sim, eu lembro. Por quê?

DCR: Você acabou não dizendo o nome dele.

SAM (pensa um pouco): Ahn...O nome dele era...Cipriano. (choque em Dcr) Isso, era Cipriano.

Reação em Dcr.

FADE OUT

FADE IN

= = Tocando: The Future Never Dies – Scorpions = =

CENA 24 CEMITÉRIO [INT. / MANHÃ]

[Efeito câmera lenta]

Dcr, segurando uma rosa branca, caminha em passos firmes por entre lápides. Algumas pessoas passam por ele, de cabeça baixa.
Dcr para diante do túmulo de Ari, encara o local de cabeça erguida, segurança no olhar, como se estivesse pronto para alguma coisa.
Dcr joga a rosa sobre o túmulo.

FUSÃO PARA

CENA 25 IGREJA - SACRISTIA [INT. / MANHÃ]

Sob a penumbra, João Batista, em sua cadeira, olha a foto de Ari esboçando lamento.
Uma lágrima escorre em seu rosto.

FUSÃO PARA

CENA 26 DELEGACIA - CORREDOR [INT. / MANHÃ]

Sam é levada por dois policiais. Um deles abre a cela e Sam entra.
Os policiais dão as costas. Sam, triste segura nas grades, sem esperança.

FUSÃO PARA

CENA 27 MANSÃO DE CAEL [INT. / MANHÃ]

A mão masculina empurra um estojo preto pela mesa, a tempo de outra mão feminina segurar.
CAM revela Rafaela em pé, meio insegura; Ela abre o estojo que contém, aparentemente, um simples relógio com pulseira de aço, e olha para frente; Cael, sentado, faz um sinal com a cabeça de positivo.

Rafaela coloca no pulso, encara Cael mais uma vez, e dá as costas.
Enquanto Cael a observa lá trás, Rafaela vem andando, como quem toma coragem, até atravessar a tela.

FUSÃO PARA

CENA 28 IGREJA [MANHÃ]

Há poucas pessoas sentadas, o padre discursa durante a missa, mas não ouvimos.
Dentre os que assistem, estão Bruno, Josué, Cael, Marco, Helena e Diva.

Dcr aparece da porta, para, mas firme, adentra até chegar à fileira onde Raíza está sentada. E senta ao seu lado.

Raíza lhe dá uma olhada; Dcr toca sua mão sobre o braço da cadeira e olha para ela, sorrindo discretamente.
Raíza se emociona.

Dcr, em seguida, olha para o outro lado onde se encontra sua tia Helena. Esta sorri, fingida. No mesmo ângulo, Rafaela está sentada logo atrás dela, sorri para ele, timidamente.

Em Dcr, esperto.

[Fim da câmera lenta]

CORTA PARA

CENA 29 FACHADA – ED. CIRANDA DE PEDRA [MANHÃ]

Corta para o interior do APTº 403 – SALA

Raíza está sentada diante de seu computador com uma expressão de estranheza.
Uma tela de email está aberta com a seguinte mensagem: “Raíza, Isso tava com o João o tempo/”.

A mensagem está cortada, o remetente é de um celular, e a data do envio é de 30 de novembro, data da morte de Ari.
Raíza clica no anexo e se surpreende;

O vídeo mostra cenas da discussão entre ela e João antes do acidente dele.
Horrorizada, Raíza fecha o vídeo e se levanta rapidamente.

Corte rápido

CENA 30 QUARTO DE JOÃO – APTº 403 [INT. / MANHÃ]

Raíza vasculha o quarto de João.
Num efeito de transição rápida, Raíza olha embaixo do colchão, dentro de gavetas, abre portas, e nada.

Frustrada, Raíza vai olhando o quarto todo, como a inspecionar. É quando foca numa pequena caixa de som.
Raíza coloca a mão por dentro de um vão na caixa e encontra o celular.

Em Raíza, com ódio.

FADE TO BLACK

A música termina nos créditos.

= = FIM DO EPISÓDIO = =

SÉRIE ESCRITA POR:
Cristina Ravela

ESTRELANDO:

Maria Flor - Raíza
Michael Rosenbaum - Cael
Pierre Kiwitt - Marco
Caio Blat - João Batista
Nathália Dill - Ari
Aaron Ashmore - Dcr
Fernanda Vasconcellos - Rafaela
Alinne Moraes - Valentina
Caco Ciocler - Josué
Juan Alba - Bruno
Thiago Rodrigues - Cipriano
PARTICIPAÇÕES:

Monique Alfradique - Joana
Alexandre Barilari - Víctor
Júlia Lemmertz - Diva
Thaís de Campos - Helena
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

Bianca Comparato - Sam
Helena Fernandes - Andréa
Vera Zimmerman - Ângela
TRILHA SONORA:

The Future Never Dies - Scorpions

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