Testemunha de um Crime - Capítulo 04

    0:00 min       TESTEMUNHA DE UM CRIME     NOVELA
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TESTEMUNHA DE UM CRIME


Novela de
Luiz Gustavo

Capítulo 04 de 30



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CAPÍTULO 04


música do capítulo: Honeymoon Avenue – Ariana Grande

David quase grita quando acorda e divisa um indivíduo avultando ao redor da cama, seu coração permanece acelerado e os olhos avistam a empregada doméstica que trabalha na morada, entre terças e sextas-feiras. Dona Hilda traja uma camiseta branca do governador do estado e um short jeans, os cabelos castanhos claros e quebrados começam a aparecer alguns fios brancos, por causa da idade. Trabalha com a família Assunção acerca de cinco anos, limpa a casa, lava a roupa e ajeita a comida para a semana.
- Seu pai me contou o que aconteceu ontem de noite, garoto. Caramba, como você conseguiu sobreviver? Se fosse eu nessa situação estava dentro de um paletó de madeira.

David esboça um pequeno sorriso, espreguiçando-se rapidamente, o humor da diarista o faz brincar com os problemas quando conta o acontecido. Dona Hilda senta na cama, com um paninho e lustra-móveis em mãos.
- Ainda bem que esse homem está preso, meu filho.
- Sim.
David joga os lençóis para o lado de fora da cama e se eleva, andando para o banheiro onde escova os dentes e joga uma água no rosto. São quase 10 horas da manhã, antes de dormir na última noite havia mandado algumas mensagens para Jefferson e Matheus, que os amigos guardassem segredo sobre o ocorrido e avisasse apenas a duas pessoas: Andressa Yamashita e a Professora Maria.
- Seu pai pediu para você conversar com seus coleguinhas.
- Sobre o quê?
- Ele está combinando uma ida a praia este final de semana, mas como sabe que vocês três são grudados, pediu para o Matheus e Jefferson, conversar com os pais.
- Solicitar autorização?
- Isso.
- Acho que a mãe do Google pode aceitar, mas os pais do Jeff são muito rigorosos. Por isso que quase nunca a gente se reuni na casa dele.
Um suco de maracujá acompanhado por um bolo de laranja está no centro da mesa. O adolescente senta na cadeira e saboreia o café da manhã. A campainha toca justamente, quando Dona Hilda tinha saído para comprar alguns mantimentos no mercadinho. David abre o portão do sobrado e encara a visita, é Andressa que o abraça forte. Ela ainda usa o uniforme, na verdade estava no colégio até saber o motivo da falta de David, tinha fingindo uma dor de barriga, pedindo ao seu irmão mais velho para buscá-la.
- Eu nem sei como andar na rua mais. – David disse ao retornar à cozinha acompanhado pela garota. – É tudo muito estranho.
- A polícia não disse que você está seguro?
- Sim.
- Então confie neles, não fique se prendendo.
- Obrigado, Andressa, quer suco e um pedaço de bolo?
- Eu aceito.
David pega um copo e um pires no escorredor de pratos. Fita Andressa comer feito um telespectador estava a poucos centímetros dela, podia se aproximar e roubar um beijo. Ela se alimenta do mesmo jeito que um passarinho, em leves bicadas.

- Estava delicioso. – Andressa fala ao finalizar, completamente satisfeita.
- Quer mais?
- Não David, obrigado.
Andressa segura às mãos do garoto e o observa, como se conseguisse enxergar a sua alma.
- Você é muito corajoso.
- Nem com todas as coisas.
- Do que você se refere?
- É que amo uma pessoa e nem consigo dizer o que sinto.
Andressa chega perto do ouvido dele e articula baixinho: Quem seria essa pessoa?
David a beija na boca e coloca para fora os sentimentos guardados, os desejos, como se tivesse no paraíso erguendo suas asas para o alto, voando ao redor de uma constelação.
Eu perdi o controle de tudo e deixei as emoções me guiar nessa avenida, permiti o fogo se colidir dentro do meu corpo e o pavio iluminar essa alma, libertar esse desejo trancado a sete chaves. Preciso domar isso como se nunca precisasse ser salvo. O mel dos lábios dela, é tão doce, como não fiz isso antes? Como não tinha cometido essa loucura? Espero que agora ela me guie com sua força, mesmo se travessia for complicada.
- Você sentiu o que eu senti? – Ele pergunta.
- Sim, é como se você me completasse.
Os dois se entreolharam por longos minutos, despindo-se da vergonha e beijando-se centenas de vezes.

- Eu tenho que ir, David, sério mesmo.
- Para onde?
- Centro, ficar com meu pai no restaurante.
- Você trabalha com ele?
- Ás vezes. Avisa pra Dona Hilda que o bolo estava excelente.
- Claro.
David a leva até o portão, onde se despede com um selinho, Andressa movimenta-se em direção ao fundo da rua, seguindo trajeto para sua morada. O adolescente vira o rosto para a direita e vê os dois amigos chegando em passos lentos.

- Está pegando a Andressa? – Interpela Jefferson limpando o suor da face com a blusa do colégio.
- Eu preciso contar muita coisa a vocês antes do almoço.
- Ainda bem que não tivemos as duas últimas aulas, estou bastante curioso, se pudesse nem ia para escola hoje. – Complementa Matheus.
Os três adentram na casa e sentam no sofá, a TV permanece desligada enquanto eles começam a conversar na sala de estar.
- Vamos aos fatos? Desde ontem, conte tudo.
- Vocês sabem do acontecido, fui testemunha de um crime e avistei o mesmo homem que matou a minha mãe, atirando em direção ao outro rapaz.
- Disso nós sabemos, mas aonde você estava naquela hora? Andando tarde na rua sozinho? Para polícia você pode dizer que foi no shopping ver um filme, mas aos seus amigos? Irá continuar mentindo? – Jefferson o encara aguardando respostas.
- Vocês querem a verdade?
- Lógico mano! – Exclama Matheus.
- O presente do meu pai, na verdade era outra coisa. – David respira lentamente e revela: Transei com uma garota de programa, na minha primeira vez.
Jefferson e Matheus demonstram-se surpresos, David era o único do grupinho que faltava para entrar no time dos "Ex-virgens", mas isso não significa que fazem sexo com frequência.
- E depois disso, eu saí e contemplei que o carro do meu pai não estava mais lá no estacionamento e resolvi voltar andando e aconteceu o que aconteceu.
- Que trash. – Afirma Jefferson. – Eu nem sei o que falar, aliás, digitei tanto essa noite, que estou sem palavras, dou as pontas do caso para o Google.
- David, você sobreviveu a tudo isso e ainda comeu uma puta. – Matheus o consagra.
- Outro lado positivo é que o assassino da sua mãe está na cadeia.
- Exato. Sobre a Andressa, ela veio aqui bem cedo e conversamos sobre ontem e eu tive determinação, pela primeira vez a beijei, foi roubado, mas curtimos bastante.
- Vocês estão namorando? – Indaga Matheus e Jefferson juntos.
David demora um tempo para responder.
- Eu não sei, mas sinto que temos uma conexão muito forte.
O almoço é servido meio dia e meia, com o prato típico no Brasil: arroz, feijão, bife e batata frita. Roberto come tranquilamente, conversando com os garotos sobre a viagem no final de semana para a praia, Jefferson e Matheus confirmam a presença depois de uma ligação aos pais, que não restringiram o passeio.
- Esse final de semana será épico. – Garante Matheus.
Depois de se alimentarem e lavarem os pratos com a ajuda de Dona Hilda: O trio "parada dura" sobe para o quarto e começa a assistir alguns episódios da primeira temporada de Flash. David fica calado, sem demonstrar nenhum interesse na história do super-herói. Jefferson percebe o marasmo e aperta pause.
- O que você tem David? Estamos vendo uma luta histórica entre o Flash e o Arqueiro Verde e você parece que está andando nas nuvens, que nem essas patricinhas quando escuta Katy Perry.
- É a Andressa. – Branda Matheus.
David ajeita-se no leito e observa os amigos perto da cabeceira.
- Estou com tanta coisa, não é só a Andressa, tem o Junior Brandão, algo dentro de mim diz que isso aqui não acabou e que existirá uma continuação, nessa parte dois, eu vou sofrer que nem o Barry Allen.
- Deixa o pessimismo de lado.
- Google. Coloque-se em minha situação.
- Mano, se jogue nisso até o fim, sem pavor. O que acontecer será para o seu bem. – Matheus continua.
- Ou meu mal.
Dona Hilda bate duas vezes na porta do quarto e adentra.

- Estou de saída David, deixe essa casa limpa até a próxima sexta-feira. As panelas estavam horríveis para limpar e o banheiro? Gente, você e seu pai são um tsunami, imagina se eu não trabalhasse aqui?
- Essa casa já teria pegado fogo sem você, Hilda.
Dona Hilda retira-se deixando a residência em ordem.
- Eu preciso confessar algo a vocês. – David começa a falar. – Amo a Andressa, mas e se o sentimento não for recíproco? E se não conseguirmos namorar saca?
- Não adianta pensar sem tentar.
- Siga em frente. – Grita Matheus do banheiro ao urinar, posteriormente escuta-se o barulho da descarga e da torneira.

Os garotos assistem mais alguns episódios de Flash, dessa vez David está mais atento e ansioso a cada acontecimento do protagonista da série. Ás 16h00min, Jefferson e Matheus desligam a TV, deslocam-se para o primeiro andar e pegam as bolsas do sofá, indo embora, aguardam menos de cinco minutos no ponto e adentram no ônibus, rápido demais para ser verdade. David retorna para casa e ao olhar para trás, enxerga Amanda, usando uma calça jeans apertada e uma camiseta branca da marca Puma.
- Amanda?
- David. – Amanda esboça um belo sorriso, mas o adolescente continua meio desajeitado, por mais arrumada que Amanda esteja ela ainda é uma meretriz, dona de um belo corpo, uma sensualidade no mínimo elegante e agora com belos cabelos ruivos acobreados, um novo visual, para um novo nível da vida. – Está com vergonha? Mesmo usando essa roupa dá para sacar que bato calçada?
- Não é isso, mas não te esperava te ver aqui, tão perto.
- Estou vendo uma casa para alugar.
Amanda Lopez assim identificada, se viu obrigada a se tornar garota de programa quando saiu de casa aos 17 anos, sofria abuso sexual do padrasto e psicológico da mãe que a tratava como uma verdadeira escrava: lavava, passava e cozinhava. Por não ter muitos amigos, acabou morando certo tempo na rua, onde conheceu mundo do dinheiro fácil.
- Essa é a sua casa?
- Sim.
- Posso entrar? Preciso conversar contigo.
David serve um café quentinho feito na cafeteira com um pedaço de bolo.
- Sinto falta desse cheiro de casa, David.
- Por isso está alugando uma?
- Também, mas isso é graças a você.
- O quê?
- David, acontece que eu nunca vi algo tão bom numa pessoa, ontem, aquela noite entrou para minha memória. Quero sair dessa vida, arranjar um emprego descente e ser normal, construir um lar. – Amanda limpa ao redor dos olhos que começam a lacrimejar. – Mas tenho uma pequena dívida com o proprietário do Vinil, caso contrário ele não me deixa sair.
- Qual o valor?
- Seiscentos reais.
David dirigiu-se ao quarto e pega de dentro de uma latinha do homem aranha um pequeno bloco de dinheiro, suas economias para comprar um Xbox One, escondido dentro de sua gaveta de roupas, entregando a Amanda que recusa diversas vezes e por último aceita a ajuda.
- Eu juro que um dia, vou te pagar David.
- Não tem problema Amanda, confio em você.
Amanda despede-se de David com um beijo no rosto, o adolescente posteriormente entra no banheiro e toma um longo banho. Não liga para o dinheiro, afinal permanece fazendo o bem a um indivíduo, mas e se estiver errado? E se a sua intuição falhar? A campainha toca novamente, David está usando uma roupa de moletom, por causa do frio do início de noite, ao abrir a porta se assusta com a visita.
- Professora Maria, a senhora por aqui?




INSPIRADO EM UMA HISTÓRIA REAL

autor:
LUIZ GUSTAVO

elenco
DAVID ASSUNÇÃO

AMANDA LOPEZ
ANDRESSA YAMASHITA

HERBERT VIANA

NICK SMITH
ADAM SMITH

FRANK SALVATORE
BRUNO LIMA

PROFESSORA MARIA
ROBERTO ASSUNÇÃO

MATHEUS
JEFERSON

DONA HILDA
SÁVIO MESSIAS
JUNIOR BRANDÃO

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARCELO MIRANDA
MÔNICA VELARDO


TRILHA SONORA:
SAVE ME - REMY ZERO (abertura)
HONEYMOON AVENUE – ARIANA GRANDE

COLABORAÇÃO:
MÁRCIO GABRIEL
JULIANA CORDEIRO


PRODUÇÃO:
BRUNO OLSEN
CRISTINA RAVELA


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.




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