0:00 min       RAÍZA 3ª TEMPORADA     SÉRIE
0:20:00 min    


WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA 3


Série de
Cristina Ravela

Episódio 03 de 17
"Saída de Emergência"



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PRIMEIRO ATO

FADE IN

CENA 1 JARDIM - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [MANHÃ]

Enfermeiros passam pelo local onde uma paciente vestida de branco está encostada à parede, desorientada.

Corta para o interior de um CONSULTÓRIO.

Close na plaqueta com o nome “Drº Salazar Silveira – Médico Psiquiatra”.

Um médico moreno e magro, está a nossa frente, segurando uma prancheta.

SALAZAR: Mandei chamar o senhor aqui, porque estamos tendo problemas com a garota.

Marco, sentado, se mostra preocupado.

MARCO: Que tipo de problema, doutor? (sarcasmo) Ela andou arrancando os cabelos de alguém? “Quebrou” algum copo de plástico na cabeça de uma enfermeira? (ri)

O médico, dando uma olhada no prontuário, não acha graça.

SALAZAR: Nós sabemos que ela não faria isso, não é? (Marco só encara) Pelo menos, não até semana passada.

MARCO: Não entendi.

O doutor caminha até a porta.

SALAZAR: Me acompanhe.

Em Marco, curioso.

CORTA PARA

CENA 2 PAVILHÃO ‘A’ - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [INT. / MANHÃ]

Há um quebra-cabeça branco sendo montado no chão pelo lado avesso. Mãos femininas montam as peças e ouvimos risadas.
Uma delas é Érica, tentando ensinar.

ÉRICA: Você tá pior do que eu.

SALAZAR (O.S): Raíza!

Érica olha para fora da tela, e logo em seguida, Raíza faz o mesmo, com um largo sorriso.

RAÍZA: Você veio!

Raíza se levanta e surpreende Marco com um forte abraço. Marco fecha os olhos, não disfarça o prazer, e acaba por abraçá-la também.

Raíza olha para ele, animada.

RAÍZA: Você é a única pessoa que me visita. É a única pessoa que gosta de mim de verdade.

Érica sorri toda feliz.
Em Marco, atônito.

FADE OUT


SAÍDA DE EMERGÊNCIA


SEGUNDO ATO

FADE IN

CENA 3 JARDIM - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [MANHÃ]

O doutor Salazar e Marco caminham de frente, enquanto conversam.

MARCO: (disfarçando a raiva) Pode me explicar o que foi que eu vi aqui, doutor?

SALAZAR: Já faz alguns dias desde que ela saiu do quarto de tratamento especial, que ela vem apresentando uma piora em seu quadro. A Raíza deu entrada aqui com um quadro de surto psicótico, mas já estava bem recuperada. Eu avisei sobre os riscos de submetê-la a esse tipo de tratamento.

Marco para diante do médico, nitidamente nervoso.

MARCO: Não estamos falando de uma paciente comum, doutor; Estamos falando da Raíza.

SALAZAR: Ela agora é uma paciente comum, seu Marco. O senhor devia saber que é sempre um risco testar a paciência de quem já tentou o suicídio.

MARCO: Me poupe da sua ética barata, doutor. Nós sabemos que esse procedimento é muito comum por aqui. Do contrário, existiria outro método para disciplinar quem já perdeu o juízo, não?

Salazar o encara, com raiva.

SALAZAR: Não se preocupe, porque ela só foi medicada com os remédios que o senhor manda entregar/

MARCO: Eu mando entregar?

SALAZAR: Sim. Seu Josué é pontual e sempre me entrega no meu outro consultório. Parece que ele quer distância da sobrinha...

MARCO: Do que o senhor está falando? Eu não lembro de mandar entregar remédio algum.

SALAZAR: Bom, a garota tem recebido uma medicação que era a receitada pelo médico da primeira vez que ela surtou.

MARCO: Se incomoda se eu der uma olhada?

SALAZAR: Claro que não.

CORTE DESCONTÍNUO

Um frasco contendo comprimidos na cor branca e envolvido por um lacre, é colocado sobre a mesa. Outra mão masculina pega o frasco e direciona o lacre para a leitura, onde lemos “Lorazepan”.

Marco estranha o rótulo.

SALAZAR: Como ele disse que o senhor estava pagando, eu não me opus.

MARCO: (finge) Claro. Lembrei agora (sorri forçado). Ando muito atarefado ultimamente.

Ouvimos alguém bater na porta.
A porta é aberta e um enfermeiro entra.

ENFERMEIRO#1: Com licença. Doutor, estão te chamando no pavilhão C.

SALAZAR: Ah, ok, já estou indo.

MARCO: Não se preocupe comigo. Não vou tomar mais o seu tempo.

SALAZAR: Te darei notícias.

Marco cumprimenta Salazar, e o espera sair.
Sozinho, Marco retira um lenço do bolso do paletó, dispõe sobre a mesa, abre o frasco e joga alguns comprimidos sobre o lenço. Em seguida, recolhe o lenço e o guarda no bolso novamente.
Em Marco, decidido.

CORTA PARA

CENA 4 FACHADA – HOSPITAL CENTRAL [TARDE]

Corta para o interior do QUARTO 406

Mãos masculinas seguram um jornal, justamente na coluna de Lila Machado, enquanto o dono dessas mãos caminha.

DCR: (Lendo) “Na próxima saga de Nilo o nosso herói mais querido do momento irá se meter no mundo do crime, mas por uma boa causa”.

Dcr para diante da cama de Bruno. Este, com uma das pernas enfaixada, acha graça.

DCR: Ela não tem mais o que fazer?

BRUNO: Não deve ser tão difícil ser o queridinho de uma garota, né?

DCR: Mas essa Lila tá usando o meu drama pra se divertir. Te contei que ela se passou por psicóloga pra me enganar?

BRUNO: Parece que você é o milionário mais importante do que o Cael e o Marco juntos.

DCR: Se ao menos nessas investigações ela descobrisse quem matou a Ari...

BRUNO: Se ao menos você colaborasse...

Dcr faz que não entende.

A porta é aberta, Josué e João estranham a presença de Dcr.

JOSUÉ: Danilo? (João fecha a porta / Josué encara Dcr e Bruno) O que você tá fazendo aqui?

Dcr faz que vai dizer algo, mas Bruno interrompe.

BRUNO: Eu mandei chamá-lo, Josué. Fiquei triste em saber que ele não se lembra de mim.

João caminha por trás de Josué e se aproxima sorrateiramente de Dcr, examinando-o. Dcr mantém-se firme.

Josué toca o ombro de Dcr, forçando a simpatia.

JOSUÉ: Questão de tempo, não é? (Dcr o encara, sério) Soube que você visitou a Raíza.

DCR: De tanto dizerem que eu era amigo dela que me deu vontade de conhecê-la.

Josué e Dcr sorriem um para o outro, fingidos.

BRUNO: Eu ainda não me conformo com o que aconteceu. O que você achou dela, Danilo? Realmente era caso de internação?

DCR: Ahn...Só posso dizer que ela não parecia louca, seu Bruno.

JOÃO: (provoca) Que nem seu pai, né, Dcr?

Dcr encara um João sacana.

DCR: Bom, eu vou indo, seu Bruno. Melhoras.

BRUNO: Vai com Deus e apareça no apartamento.

Dcr faz que sim, olha os demais com certo asco e vai embora.

JOSUÉ: Por que você perguntou para ele o que eu já te disse 500 vezes, Bruno?

BRUNO: Tem razão. Eu mesmo vou visitar a minha filha e ver como ela realmente está. Assim que o médico me der alta, me leve até ela, Josué.

Josué e João se entreolham, preocupados.

CORTA PARA

CENA 5 DELEGACIA [INT. / MANHÃ]

Ouvimos uma conversaria, policiais levando um homem algemado, cenas típicas do local. Corta para uma

SALA

DELEGADO: (O.S) “Aquilo que você ajudou a fazer, terá recompensa” (o delegado Queiroz, sentado, encara alguém fora da tela) Essas foram as suas palavras senhor... Marco Bedlin?

Marco aparenta estar calmo.

MARCO: (mente) Eu não lembro de ter dito exatamente essas palavras, seu delegado, mas lembro que a minha intenção era alertar o seu Bruno sobre o estado de saúde da filha.

DELEGADO: A Raíza?

MARCO: Sim. Eu percebi que ela estava um tanto obsessiva, perseguindo o primo, mas... Ao invés do seu Bruno me ouvir, ele só fez me afastar. Aí está a recompensa: Raíza tentou matar o primo e acabou internada num hospício.

O delegado observa Marco, se recosta na cadeira.

DELEGADO: Eu lembro que o senhor já esteve aqui quando essa mesma Raíza foi acusada de matar uma mulher, não é mesmo? (Marco se incomoda) Na época o senhor propôs casamento em troca da liberdade dela.

MARCO: Isso já é passado. Já acertamos as nossas diferenças.

DELEGADO: Não é o que parece. Segundo o pai da garota, o ex-namorado e (olha para um papel) Joana Flamarion, você usou um acidente provocado pela Raíza para obrigá-la a se tornar sua noiva. Você é bem insistente, não?

MARCO: Eu confesso que não utilizo de meios comuns para conseguir o que eu quero, mas acho que matar o sogro tornaria o meu objetivo bem mais difícil de realizar, não concorda?

O delegado sorri, desconfiado.
Em Marco, sonso.

CORTA PARA

CENA 6 COFFEE BREAK BAR – ESCRITÓRIO [INT. / MANHÃ]

A porta é aberta, Marco adentra bufando de raiva e joga a maleta sobre a poltrona.
Marco pensa um pouco até que ouvimos um alerta de sms. Marco coloca a mão por dentro do paletó e retira o celular.

MARCO: (estranhando) “Vê como é rápida a língua da suspeita”.

Valentina chega por trás, vestida com o seu tubinho preto. Marco para de olhar para a tela do celular, desconfiado.

VALENTINA: Essa vida de sócio da HDM é boa, hen/

Marco se volta, assustado.

MARCO: (corta) Você está de brincadeira comigo?

VALENTINA: Do que você tá falando?

Marco mostra o celular com o sms.

VALENTINA: (lendo) “Vê como é rápida a língua da suspeita”. Quem te mandou isso?

MARCO: Não foi você?

VALENTINA: Eu hen, Marco, pra quê eu ia perder tempo te mandando essa mensagem se eu posso falar contigo pessoalmente?

Marco, incomodado, contorna a mesa e deixa o celular sobre ela.

MARCO: Realmente...Não combina com você fazer citações de Shakespeare...

Valentina ajeita o cabelo, chateada.

VALENTINA: Quem quer que seja, conseguiu te tirar do sério. (alfineta) Ou será que foi o delegado apostando tudo que você tentou matar o pai da rainha louca?

Marco se senta, olhando-a indiferente.

MARCO: (sonso) Pra você ver só como as pessoas me acham capaz de atrocidades, não é?

VALENTINA: É...(Valentina se debruça sobre a mesa) Resta saber o que é mais atroz da sua parte: deixar a garota que você ama no hospício ou tentar matar o pai dela para obrigá-la a se casar contigo.

Marco se mostra surpreso, Valentina aproxima o rosto dele, mas se afasta em seguida, indo embora.
Marco fica al
i, pensativo.

CORTA PARA

CENA 7 PAVILHÃO ‘A’ - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [INT. / MANHÃ]
Uma jovem faxineira de cabelos castanhos num rabo de cavalo empurra seu carrinho de limpeza por entre os pacientes. A faxineira para diante de um quarto, observa para ver se alguém está olhando, e entra. A porta de número 201 se fecha na nossa cara. CORTA.
INTERIOR DO QUARTO 201

A faxineira retira o lençol da cama e olha de soslaio para alguém fora da tela.

FAXINEIRA: Meu nome é Olívia. Vim te avisar que será hoje à noite...

Raíza caminha pelo quarto e para, olhando-a com certa frieza.

RAÍZA: Justo agora que eu tava me divertindo?

Olívia coloca o lençol dentro do carrinho de limpeza.

OLÍVIA: Você já tá fazendo a sua parte. Tá tudo certo para a sua fuga. Não torne tudo mais difícil em nome de uma vingança pessoal.

RAÍZA: Eu to aqui há três meses. As coisas não precisam ser fáceis pra ninguém.

OLÍVIA: Já tá avisada.

E a faxineira vai embora. Raíza só espia, seriamente. CORTA.

EXTERIOR DO QUARTO 201

Olívia saindo do quarto empurrando seu carrinho de limpeza, mas nem nota a presença de um homem se esgueirando na parede, com uma camisa cobrindo o rosto, só deixando os olhos à mostra através de dois furos na camisa. O homem misterioso, escondendo a mão nas costas, adentra o quarto. A porta logo se fecha. CORTA.

INTERIOR DO QUARTO 201

Close em Raíza, esboçando desconfiança. Logo atrás, o homem misterioso, com a mão nas costas, acaba de fechar a porta.

HOMEM MISTERIOSO (O.S): Você não vai sair daqui.

Raíza se volta rapidamente, tensa.

RAÍZA: O que você disse?

HOMEM MISTERIOSO: (raiva) Se eu não saí até hoje, você também não vai sair.

Raíza faz que não entende, quando o homem retira a camisa e revela ser Matias (o matador de aluguel contratado por Marco no 1x15). Raíza dá um passo para trás, e Matias dá outro para frente.

MATIAS: Eu to aqui por sua culpa. Se Marco tivesse acreditado em mim, eu não estaria preso neste lugar.

RAÍZA: Não sei do que você tá falando.

MATIAS: (impaciente / segura o pescoço de Raíza) Você sabe do que eu to falando! (Em Raíza, assustada) Se você não quer contar pra todo mundo o seu segredo...Então vai morrer com ele.

Matias revela um pedaço de cabo de vassoura e ameaça acertá-la.

RAÍZA: (mente) Eu já contei pra Betty! (Matias recua, frustrado) Ela já conhece o meu segredo.

MATIAS: Ela vai te ajudar a fugir, não é? (Em Raíza, quieta) Você tinha que ter contado pro Marco pra ele me tirar daqui, sua maldita!

Matias tenta agredir Raíza, mas esta segura o cabo da vassoura e os dois passam a medir força. Raíza empurra Matias de contra a cama e corre para alcançar a porta. Mas não há tempo; Matias se levanta rápido e quando vai acertar o cabo em sua direção...

A tela se fecha num baque.

TERCEIRO ATO

FADE IN

CENA 8 PAVILHÃO ‘A’ – QUARTO 201 - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [INT. / TARDE]

Close nos olhos de Raíza se abrindo.
Com a visão embaçada, Raíza vê um homem muito próximo, até enxergar Marco, sentado na cama, encarando-a com ar de preocupado.

MARCO: (forçando o cinismo) Está tudo bem com você, minha querida?

Raíza faz que vai se levantar e reclama de dor, pondo a mão na nuca.

MARCO: Parece que não é mais seguro te deixar nesta clínica. Pensei em te levar para fora do Rio. (Faz que vai tocar o rosto de Raíza) Talvez...Fora do país...

Raíza segura a mão de Marco, com força e raiva, mas logo a acaricia, fingida. Marco se compraz.

RAÍZA: (sussurra, fingindo loucura) Me salve... E eu faço o que você quiser...

Em Marco, levemente perturbado.

CORTA PARA

CENA 9 PAVILHÃO ‘A’ – QUARTO 206 - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [INT. / TARDE]

Matias surge na frente da tela com a camisa cobrindo o rosto.

MATIAS: Eu não acho justo essa garota sair daqui só porque revelou uma coisa que eu já sabia.

MARCO: Revelou o quê?

MATIAS: (sem foco) O segredo. O grande segredo. (anda de um lado e de outro) Ela vai fugir com a ajuda da enfermeira, sabia? A enfermeira...A enfermeira é má...

Betty entra segurando um pequeno frasco contendo comprimidos. Marco e Matias a encaram.

BETTY: Seu Marco? Não sabia que o senhor tava por aqui.

MARCO: Eu não sabia que eu tinha que te avisar, minha querida (sorri forçado).

Matias aponta para Betty e depois em direção aos seus olhos.

MATIAS: A enfermeira...Olho nela...(Matias vai saindo) Elas te enganam...O grande segredo...

BETTY: Hoje ele parece pior do que nos outros dias...Com licença.

MARCO: Betty, querida...(joga) Soube que a Raíza andou te contando algumas coisas. (sinuoso) Você não quer dividi-las comigo?

BETTY: Ela não me contou nada, seu Marco.

MARCO: Tem certeza? Nada que possa ser do meu interesse?

BETTY: (faz que entende) Foi o Matias que andou falando besteira, não foi? Esse cara vive perseguindo a garota. Olha, eu sei tanto quanto você. Se ela tivesse me contado alguma coisa, você saberia.

MARCO: E por que ela contaria alguma coisa pra você na minha ausência? (Betty recua / Marco se aproxima) Você não está tentando esconder algum segredo de mim não, não é?

BETTY: Que isso, Marco. O que eu quis dizer é que talvez ela pense que pode confiar em mim. Ela deve se sentir muito pressionada na sua presença e, agora, que ela surtou de vez, a qualquer momento ela pode falar.

MARCO: Matias disse que a Raíza te contou o que nós queríamos saber.

Betty se esquiva, rindo.

BETTY: Você acredita na palavra de um louco?

Marco a puxa pelo braço.

MARCO: É bom mesmo que seja apenas loucura dele... Não quero ter que te lembrar que o seu currículo não é dos mais invejáveis.

Betty, encarando-o com raiva.

BETTY: Você não me deixa esquecer, não é?

E Betty solta seu braço de Marco e sai de cena.
Em Marco, pensativo.

CORTA PARA

CENA 10 PAVILHÃO ‘A’ – CLÍNICA NOVO HORIZONTE [INT. / TARDE]

Betty sai resmungando, furiosa.

BETTY: Idiota...Passional barato...Você me paga...

Assim que Betty passa pela tela, Raíza aparece na porta, atenta.

FADE TO BLACK

FADE IN

Vista aérea de alguns prédios / Corta

CENA 11 FACHADA – MANSÃO DE CAEL [TARDE]

Um carro preto com vidros escuros entra na propriedade.

Corta para o interior do ESCRITÓRIO

Dcr adentra, preocupado.

DCR: Me diga, como que a Raíza foi agredida dentro do seu campo de proteção?

Cael está próximo à mesa.

CAEL: Já sabíamos que não seria fácil controlar pessoas que não têm controle de si próprios, Danilo. Matias ouviu a conversa entre a nossa infiltrada e a Raíza. Para a nossa sorte, Marco não acreditou nele; Ele acredita em Raíza porque ela diz o que ele quer ouvir.

DCR: E pro nosso azar?

Cael digita algo no laptop.

CAEL: Betty não gosta de ser pressionada. Ela só precisa de um motivo para voltar a fazer o que fazia em outro hospital.

DCR: Com quem exatamente estamos lidando?

Cael vira o laptop e encara Dcr.

CAEL: Com a dona Morte...

E uma página na internet datada de 2011 exibe a foto de Betty sob o seguinte título: “Enfermeira é suspeita de comandar mortes na UTI”.

Dcr se mostra chocado.

CORTE BRUSCO

CENA 12 ENFERMARIA - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [INT. / TARDE]

Um enfermeiro digita alguma coisa no computador. Betty ronda, observadora, até que o enfermeiro se levanta e sai.

= = SONOPLASTIA – Suspense = =
Betty espia ele sumir de suas vistas e abre uma gaveta, pegando duas seringas. Do bolso do jaleco, Betty apanha um pequeno pote com DESTAQUE no lacre onde está escrito “Adrenalina” e vai enchendo as duas seringas, de olho na porta.

CAM busca Raíza pela fresta da janela.

CORTE BRUSCO

CENA 13 JARDIM - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [INT. / TARDE]

Pacientes do Pavilhão A circulam, outros estão sentados, conversando coisas que não ouvimos. Raíza, de blusa preta e calça jeans, caminha com as mãos nos bolsos, olhando para os lados, aguardando alguma coisa. Érica surge a sua frente, alegre como sempre.

ÉRICA: O bonitão do Marco veio te procurar de novo, né? Ele parece um cara legal.

RAÍZA: Tão legal que se depender dele a gente não sai daqui nunca mais.

Raíza continua a caminhada. Érica vem atrás.

ÉRICA: Você tá assim porque o Matias já deve ter contado pra Betty que você não é desse mundo. Será que ela acreditou?

Raíza se volta, semblante frio.

RAÍZA: Talvez ela queira pagar pra ver.

CORTA

Para Betty, espreitando na entrada dos pavilhões. Matias caminha por ali de olho na enfermeira. Betty o aborda discretamente.

BETTY: Raíza te entregou. (Matias a encara, de forma medonha) Marco disse que volta para Raíza decidir o que fazer com você.

MATIAS: Mentira. Eu contei pra ele que ela vai fugir.

BETTY: Ele não acredita em você.

Close na mão de Betty retirando uma seringa de dentro do bolso.

BETTY (cont.): Mas eu sim. E seria péssimo para a clínica se algum paciente fugisse. (ela coloca a seringa nas mãos de Matias, discretamente) Você quer ser transferido para outra ala, não quer? (Matias se interessa) Comer no refeitório como os outros, não quer? Então não deixe que a garota decida o seu futuro aqui dentro. Acabe com ela.

Matias olha para a direção de onde Raíza está.

BETTY: Ela é a grande culpada por você estar aqui.

MATIAS (olhar vidrado em Raíza): É...Ela é culpada (vai caminhando) Ela é culpada...

E Matias apressa o passo repetindo aquelas palavras.

Todo mundo observa a estranha aproximação, e Raíza continua no mesmo lugar.

MATIAS: Você é culpada!

E Matias avança em Raíza, os dois caem no chão, grande tumulto se forma ao redor. Matias tenta acertar a seringa em Raíza, sem sucesso. Confusão, gritaria, enfermeiros correm.
Raíza tenta se esquivar, agride Matias.

RAÍZA: ME SOLTA! ME SOLTA!

Até que Matias aplica a seringa no pescoço de Raíza, e ambos fazem cara de dor.

Betty acaba de aplicar uma seringa em Matias.

MATIAS: O que você fez?

Matias cai sobre Raíza e os dois começam a passar mal.

BETTY (para outra enfermeira): Leve a garota pro quarto. (para um enfermeiro) E você leva o rapaz. Os dois vão ficar mais calmos agora.

Betty, sorriso vitorioso, observa Raíza ser levada inconsciente.

CORTA PARA

CENA 14 QUARTO 201 – PAVILHÃO A - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [EXT. / NOITE]

Ouvimos uma movimentação. Betty, ardilosa, entra no

QUARTO

Raíza está inerte sobre a cama parecendo morta.
Betty se aproxima, devagar.

BETTY: Acho que o Marco vai ficar chateado quando souber o que aconteceu com a sua paciente preferida. (aproxima o rosto do de Raíza) Será que a louquinha já morreu?

De repente, Raíza surpreende com um TAPA bem dado em Betty jogando-a no chão. Betty põe a mão no rosto, assustada.

RAÍZA: (se levanta furiosa) Vou te mostrar quem vai morrer aqui, sua vagabunda!

E Raíza agride Betty com tapas e pontapés sob os GRITOS da enfermeira. Betty ainda tenta se defender.

BETTY: Do que você é feita? Era pra você tá morta!

RAÍZA: Injeção de água não parece ser uma arma letal, sua idiota.

E um soco, Betty perde a consciência.

Raíza apanha, do bolso do jaleco de Betty, uma seringa, testa no ar e quando se prepara para aplicar nela em um golpe violento, alguém segura seu braço.
É Olívia.

OLÍVIA: O Matias tá morto. Não queremos duas mortes no mesmo dia, não é?

Raíza, enfurecida, se afasta de Betty.

OLÍVIA: Vamos. O seu transporte já chegou.

Raíza faz que sim.

FADE TO BLACK

QUARTO ATO

FADE IN

CENA 15 APTº 301 – COZINHA [INT. / MANHÃ DO DIA SEGUINTE]

Em Bruno, de cadeira de rodas e a perna enfaixada, tomando café com Josué. Ouvimos a campainha.

JOSUÉ: Eu ainda acho que você devia se recuperar totalmente antes de visitá-la. É perigoso ficar no meio daquela gente desse jeito.

BRUNO: A Raíza está no meio daquela gente, Josué. E você quer que eu espere mais três meses pra vê-la? Eu quero vê-la hoje.

Dcr adentra logo a frente de João.

DCR: O senhor vai perder a viagem, seu Bruno.

BRUNO: Danilo, o que houve?

Dcr dá uma olhada rápida para a cara diabólica de Josué.

DCR: A Raíza fugiu da clínica.

Josué se levanta, indignado.

BRUNO: (feliz) Oh Glória!

JOSUÉ: Bruno!

BRUNO: O que foi? O que você acha que eu faria naquela clínica hoje?

JOSUÉ: Você se esquece que somente quem a internou podia tirá-la de lá.

BRUNO: Mas você não iria se opor, né?

João, a cara do medo, encara Dcr.

JOÃO: Mas como ela fugiu? Ela teve ajuda de quem?

DCR: A única coisa que informaram é que ela fugiu no caixão de um paciente...(espanto em João) Que morreu logo depois de tentar matá-la.

Todos se mostram chocados. Em Josué, indignado.

CORTA PARA

Fachada da HDM CONSTRUTORA

MARCO (O.S): Bom dia, Luciano!

CENA 19 ESCRITÓRIO - HDM [INT. / MANHÃ]

Marco cumprimenta um homem de uns 30 e poucos anos, bem vestido.

MARCO: Já tem o resultado?

Luciano abre a pasta sobre a mesa, fazendo certo suspense.

LUCIANO: Sinto informar, doutor, mas acho que o senhor foi enganado.

Marco não entende.
Luciano retira um papel e o entrega a Marco.

LUCIANO: As amostras dos comprimidos que o senhor mandou analisar não passam de farinha.

MARCO: Farinha?

LUCIANO: Sim. Onde o senhor conseguiu esses comprimidos? Pode ser que haja mais deles sendo distribuídos por aí.

Ouvimos o telefone tocar.

MARCO: (atende) Fala, Marcela (t). Ah, sim, um momento. (para Luciano) Muito obrigado, Luciano. Tomarei as minhas providências sobre o assunto.

LUCIANO: Ok, com licença.

Luciano sai de cena.

MARCO (ao telefone): Pode passar (t). Doutor Salazar, bom dia, aconteceu mais alguma coisa? (t) (Marco se levanta) O quê? A Raíza fugiu ontem, e só hoje vocês me avisam? (t) Não interessa! Alguém vai ter que pagar por isso!

E Marco desliga o telefone, com raiva.

CORTA PARA

CENA 20 ED.  [INT. / MANHÃ]

Edifício na cor branco e marrom cercado por grades extensas, janelas com sacadas estreitas, entrada ladeada por pedras avermelhadas.
Um carro sai da garagem, mas um outro para logo atrás evitando sua saída.

Marco sai deste carro e a CAM tremida acompanha seus passos rápidos até o outro carro. CORTA.

[INT.]

Josué se assusta quando Marco entra.

JOSUÉ: Marco? Que susto!

Marco põe a mão no bolso do paletó e retira um papel.

MARCO: Susto você vai levar se não me disser por que entregava comprimidos de farinha para Raíza em meu nome?

E Marco joga o papel no colo de Josué.
Josué dá uma lida.

JOSUÉ: Você devia me agradecer. Não ia querer casar com uma viciada em drogas para psicóticos, não é?

MARCO: (irônico) Ah, você estava me preservando?

JOSUÉ: Eu só quis evitar que você caísse na tentação de contar pra ela. Não seria bom para o seu plano se mostrar com pena. Não é bom para nenhum negócio.

MARCO: Ou talvez você tinha esperança que sem medicação a Raíza fosse cometer outra loucura, talvez...Algo que não fez contra o João.

JOSUÉ: (cínico) Tá vendo como você é? Eu fiz tudo pensando em você, e você me trata desse jeito. Se eu soubesse que você pretendia passar a vida inteira presenteando sua amada com uma cartela de lorazepan em vez de joias, eu não tinha me arriscado pra enganar aquele médico.

Marco o agarra no colarinho.

MARCO: (raiva) Eu quero ver esse deboche todo quando Raíza aparecer na sua frente. Porque se ela tiver algum nível de lucidez, não é só de mim que ela vai querer cobrar.

E Marco o solta, encarando-o. Em seguida, Marco sai do carro.
Josué o observa até que ouvimos um celular tocar.
Josué apanha seu celular de dentro do bolso da camisa e atende.

JOSUÉ: (debocha) Adivinha quem saiu daqui furioso tocando o terror...?

CORTA PARA

CENA 21 INTERIOR DE UMA CASA

Com foco no piso em mosaico, ambiente mal iluminado.

CIPRIANO (O.S): É bom que ele continue pensando que aqueles comprimidos não significavam nada...

CAM passeia pelo cenário sombrio onde mesas sustentam pequenos frascos com poções, um pequeno altar com velas, até chegar em Cipriano, de sobretudo preto.

CIPRIANO (ao telefone): Já basta ele saber que Raíza carrega uma cruz...Literalmente. Não precisamos que ele saiba do que ela é capaz e o que é feito...

Cipriano olha para baixo e, em sua mão há um pequeno pó branco. A mão se fecha e quando torna a abrir revela o comprimido no lugar do pó, como num passe de mágica.

CIPRIANO: (continua)...Para detê-la...

O suspense marca.

CORTA PARA

CENA 22 APTº 3011 [INT. / NOITE]

A porta é aberta, Dcr entra com duas sacolas de mercado.

DCR: Comprei alguma coisa decente pro nosso jantar. Espero que ainda goste do velho e bom macarrão instantâneo.

CAM busca Raíza de costas olhando pela fresta da janela. Raíza traja um casaco preto com calça jeans.

RAÍZA: Bom ver que você ainda mantém os velhos hábitos de uma pessoa simples.

Dcr, com a sacola sobre o sofá, saca uma garrafa de vinho de dentro de uma delas.

DCR: Mas nada impede de comemorarmos como merecemos.

Dcr vai até o bar e pega dois copos.

DCR: Sabe, eu agora entendo o que é ter a sensação de ser obrigado a salvar todo mundo, sem conseguir. (Raíza atenta) Pena não ter dado tempo de salvar o Matias também, não é?

Dcr volta e entrega um dos copos à Raíza.
Raíza encara o vinho e aprecia o aroma.

FLASHBACK

ENFERMARIA - CLÍNICA NOVO HORIZONTE [INT. / TARDE]

Betty enchendo as duas seringas com adrenalina.
Raíza espiando tudo.

Até que ouvimos um celular tocar, Betty põe a mão no bolso do jaleco e sai da sala.
Raíza entra cuidadosamente e se aproxima das seringas.
Close nas seringas com o nome de Matias e Raíza, em cada uma delas.
Rapidamente, Raíza abre a que tem o seu nome, despeja o conteúdo na pia, abre a torneira e enche a seringa de água.

Raíza ainda tem tempo de fazer o mesmo com o do Matias, mas de olhar frio, dá as costas.
FIM DO FLASHBACK

Em Raíza apreciando o aroma do vinho.

RAÍZA: Pena mesmo...

Dcr ergue o copo.

DCR: Ao seu retorno?

RAÍZA: Ao nosso retorno.

Dcr sorri e os dois tilintam.
Raíza bebe o vinho esboçando malícia no olhar.

CORTA PARA

CENA 23 CARRO DE MARCO [INT. / NOITE]

Marco dirige com cara de poucos amigos. Diminui a velocidade e olha para o outro lado onde só conseguimos ver uma mulher da cintura para baixo. Marco para o carro e a mulher entra. É Betty, nitidamente machucada.

BETTY: Ainda bem que você me atendeu. Preciso sair da cidade urgente.

MARCO: (sarcasmo)Pra algum hospital?

No olhar sinistro de Betty.
Marco sorri, debochado e liga o carro.

Corta para o EXT. onde o carro segue estrada. CORTA.

INT. DO CARRO DE MARCO

MARCO: Então quer dizer que Matias roubou uma seringa do seu bolso que nada tinha, aplicou em Raíza que nada sofreu, e você injetou uma seringa cheia de calmantes nele?

BETTY: Exagerei na dose...

MARCO: Talvez porque você trocou os calmantes por adrenalina, querida.

Em Betty, surpresa.

MARCO: Não precisa ficar com essa cara. Nós sabemos que para uma mulher como você, com espírito caridoso, não deve ser fácil passar mais de 1 ano sem matar, não é?

BETTY: Eu juro que não quis matar ninguém/

MARCO: (corta) Ainda bem que a Raíza não foi o seu alvo, porque eu teria ficado muito chateado...

BETTY: Ahn...Eu jamais tocaria nela, você sabe/

MARCO: Eu não sei, mas preciso ter certeza de que você não vai cair na tentação.

Uma forte luz adentra o carro, que para e os dois se veem diante de carros de polícia.

BETTY: O que é isso? Eles não podem me descobrir aqui, Marco.

Um policial bate na janela do lado de Betty. Marco aciona um botão e a janela se abre.

MARCO: Boa noite, seu policial. Posso ajudar?

POLICIAL#1: (olha para Betty) Sim. Senhora Elizabeth Tusset? (Betty congela) A senhora tá presa.

O policial abre a porta do carro.

BETTY: Marco, faça alguma coisa!

MARCO: Já estou fazendo, querida.

BETTY: Você não fez isso...

POLICIAL#1: Vamos, senhora.

BETTY: Você não fez isso!

E Betty bate em Marco. Dois policiais retiram Betty à força e é levada por eles.
Betty sai do carro sendo levada pelos policiais.

BETTY: Você me paga! VOCÊ ME PAGA!

Marco se mostra satisfeito. Ouvimos um alerta de SMS, Marco apanha o celular.

MARCO (lê): Deixe vir o que te aguarda.

Marco faz uma ligação.

MARCO: Valentina, acho que já sei quem é a fã de Shakeaspeare...

E Marco leva a mão para perto do volante e apanha um jornal.

[POV de Marco]

Coluna Lila Machado no Jet-Set - Após sair de um coma de três meses, nosso herói mais simpático arrisca sua pele para salvar um fotógrafo da morte. É meus caros leitores, a verdade nunca perde em ser confirmada mesmo. Danilo Rodrigues é um herói!”

MARCO: Parece que estou servindo de inspiração, querida...

Fecha em Marco, com cara de quem quer aprontar.

CORTA PARA

O mar da Baía de Guanabara / Corta

CENA 24 CASA [INT. / NOITE]

O corte é feito diretamente em um celular com a mensagem que acabou de ser enviada a Marco, sendo segurada por mãos masculinas. De repente, a mão feminina joga o celular longe.

HOMEM: (para CAM) Cê tá maluca? Sabe quanto custa uma porra dessas?

Reconhecemos ser Tony, um dos seguranças de Marco que sofreu o acidente.
Em clima de suspense, Rafaela, de cabelos aloirados, surpreende ao aparecer em cena.

RAFAELA: (mantendo a calma) Muito menos que a sua vida, suponho. Se quer bancar a esperto melhor parar com essas mensagens ameaçadoras pro Marco. Pra ele descobrir onde a gente tá pouco custa.

TONY: Não tem nada mais edificante pra mim que usar o ídolo de uma pessoa para perturbá-la, sabia? Além do mais, a gente tá esperando o quê? Melhor falar logo pra tua quadrilha que a gente já tem a faca e o queijo na mão.

RAFAELA: Não quero apenas que o Marco pague por seus crimes de superfaturamento na HDM ou pelo cassino na Coffee Break; ele tem que ser incriminado por assassinato. Qualquer um, que seja, mas que cause muita comoção.

O homem faz cara de sedutor.

TONY: Hmm, Emily Thorne...

Rafaela nada diz e dá as costas.

FADE TO BLACK

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