0:00 min       RAÍZA 3ª TEMPORADA     SÉRIE
0:37:00 min    


WEBTVPLAY APRESENTA
RAÍZA 3


Série de
Cristina Ravela

Episódio 14 de 17
"Badtrip's"



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PRIMEIRO ATO

FADE IN
CENA 1 FACHADA – COFFEE BREAK [EXT. / NOITE]

Close no letreiro iluminado.
Corta para o interior de um ESCRITÓRIO

Na tela de um laptop onde Rafaela, vestida de garçonete, passeia pelo salão de jogos.

MARCO (O.S): Uma linda garçonete...Uma pena que deu para a criminalidade. 

Dcr, debruçado sobre a mesa, encara Marco, sentado.

MARCO: Ok, ahn...Eu já disse tudo que vocês queriam saber. Contratei a Rafaela para descobrir mais sobre a Raíza, mandei que ela seduzisse o Josué, e uni os dois para separar a Raíza do Cael, pronto.

RAÍZA (indignada): Pronto? Você fala “pronto” como se não fosse nada. Você tentou me matar várias vezes, ajudou o meu tio a me manter no hospício. E tudo pra quê? Pra descobrir que tenho uma cruz no pulso? Pra descobrir de que ela me serve?

DCR: Raíza, a pauta da reunião é sobre Rafaela.

RAÍZA (ignora): A cruz não me serve de nada, Marco. Ou você acha que eu perderia 3 meses da minha vida por gosto?

MARCO: Você não estaria aqui me acusando se não fosse EU a te proteger.

RAÍZA: Não foi você que me tirou de lá.

DCR: JÁ CHEGA, PODE SER? (para Marco) O que a gente quer saber é como as suas abotoaduras foram parar na cena do crime? 

MARCO (suspira): Ok...Eu lembro de ter dado falta delas, afinal...Como esquecer das abotoaduras de ouro, não é? (Raíza revira os olhos) Mas não costumo perder nada...(olha sedutor para Raíza) Nem ninguém.

DCR (pensativo): Talvez a Rafaela os tenha roubado e/

MARCO: Dado de presente ao assassino...?

RAÍZA: Tá sugerindo que ela teve participação direta no crime?

Marco desliga o laptop e se levanta, ajeitando o paletó.

MARCO: Eu esperaria qualquer coisa de alguém que se uniu ao Cael para me derrubar.

DCR: Não faz sentido. Se ela tinha essa carta na manga, porque ela se arriscou tanto pra te roubar? Roubar provas que te incriminavam na HDM?

RAÍZA: Isso significa que ela foi pega de surpresa com a própria gravação que fez.

DCR: E lógico que o vilão desse vídeo não podia ser o Marco. Quanto tempo se leva para recuperar os dados de uma gravação danificada?

RAÍZA: Me assusta saber que ela conhece o assassino. E mais ainda, ele usou suas abotoaduras de caso pensado. É um psicopata!

MARCO: Está vendo, querida? Existem pessoas piores do que eu no mundo. Eu não sou seu inimigo.

Raíza se aproxima e se apoia sobre a mesa.

RAÍZA: E o Cipriano? E João Batista? O que eles são pra você?

MARCO: Já falei do Cipriano. Ele era a principal porta de acesso a você. E quanto ao João...Se atormentou demais por nada.

DCR: Ele bateu pra você que a Ari mentiu sobre o segredo de Raíza. Ele acha que foi por isso que ela morreu.

MARCO: Você acha que eu ia acreditar que a Raíza pode ficar invisível? Como ela mesma disse: Você não perderia 3 meses de sua vida por gosto.

Raíza segurando a raiva.

RAÍZA: Ele realmente amava a Ari, e você vem dizer que ele se atormentou por nada?

Marco apoia as mãos na mesa.

MARCO: Está preocupada, não é? (sarcástico) Pude perceber no dia em que você o largou na linha do trem. 

DCR: Gente, vamos parar?

RAÍZA: Eu tava fora de mim, Marco, e você? Que desculpa você tem pra tudo que fez contra mim?

MARCO: Eu estava lúcido. Depois é que eu fui ficando fora de mim (Olho no olho / Climão). Mas se você não consegue esquecer, não espere o mesmo de João. Ele se acha tão vítima quanto você.

Raíza fixa o olhar, meio aérea, até que

NUM EFEITO DIGITAL, CAM INVADE OS OLHOS DELA

= = VISÃO DE RAÍZA = =

O ambiente nos remete a SECRETARIA DO COLÉGIO FRANÇA.

João, trajando terno preto, avança, mas Cipriano o contém.

JOÃO: Eu quero que a tua carreira se exploda! A tua carreira, a tua vida, e todos que contigo estiverem. Vai se arrepender do que fez.

E João dá as costas, Josué se enche de ódio.

JOSUÉ: Você não vai a lugar nenhum!

Josué avança pelas costas de João e bate sua cabeça de contra a porta.
Assim que João cai desmaiado

= = FIM DA VISÃO = =

Raíza cai sentada na cadeira, atônita. Dcr e Marco ali, preocupados.

DCR: Raíza, tudo bem?

Raíza respira ofegante, olha para ambos, sem nada a dizer.

CORTA PARA

CENA 2 FACHADA – COLÉGIO FRANÇA [EXT. / NOITE]

Há uma luz vinda do interior do Colégio, um carro estaciona no local. A porta se abre, e dele sai João Batista, de terno preto.

Corta para o interior da SECRETARIA

Cipriano vestindo um casaco preto, indignado.

CIPRIANO: Até aí, nenhuma novidade. Mas você sabe que pode resolver de outra forma, não sabe?

Josué anda de um lado e de outro.

JOSUÉ: É tão arriscado quanto. Eu to vivendo um apocalipse, Cipriano! Um apocalipse! Meu nome quase foi jogado na lama por causa daquelas punks sem rumo, e agora mais essa?

CIPRIANO: Você devia saber que não devemos dar pérolas a porcos. O que você fez trará consequências, a menos que resolva da forma sensata.

Corta para JOÃO
chegando na porta, mas para, ao ouvir vozes. João está petrificado com o que ouve.

VOLTA EM JOSUÉ

JOSUÉ (imponente): E eu faria tudo outra vez, se Deus me desse a oportunidade/

A porta é ABERTA abruptamente por um João indignado, lacrimejando de raiva.

JOÃO: Como você teve coragem? 

JOSUÉ: João?! O que tá fazendo aqui?

JOÃO: Como pôde fazer isso comigo?...Seu monstro...MONSTRO!

João avança em Josué e o faz cair em cima da mesa. 

JOÃO: SEU DESGRAÇADO! 

E João acerta um SOCO em Josué, Cipriano debocha, mas puxa João de cima de Josué.

CIPRIANO: Calma, João! Ele é teu tio, vamos conversar.

JOÃO: Me solta! (João aponta para Josué, já em lágrimas) Você é podre...Um miserável...  

Josué limpa a boca que sangra.

JOSUÉ: João...Eu não sei o que você ouviu, mas deixa eu explicar/

JOÃO: CALA A BOCA! Eu não sou idiota! Como pôde chegar a esse ponto?

JOSUÉ: Todo mundo comete erros, João...Você nunca? (João titubeia) Acha que vai estragar minha carreira por uma bobagem?

João avança, mas Cipriano o contém.

JOÃO: Eu quero que a tua carreira se exploda! A tua carreira, a tua vida, e todos que contigo estiverem. Vai se arrepender do que fez.

E João dá as costas, Josué se enche de ódio.

JOSUÉ: Você não vai a lugar nenhum!

Josué avança pelas costas de João e bate sua cabeça de contra a porta.
Em João desmaiado no chão.

CENA 3 CASA DE CIPRIANO – PORÃO [INT. / NOITE]

Uma luz se acende e mãos masculinas manuseiam uma vasilha contendo um líquido dourado. Em seguida, a mesma mão despeja um líquido azul tornando a poção esverdeada.
Corta para Josué, desassossegado.

JOSUÉ: Tem certeza que isso aí vai funcionar?

Cipriano vem com uma seringa contendo a mistura esverdeada.

CIPRIANO: Bem mais do que você supõe, meu caro.

Cipriano se aproxima de um João desmaiado. 

CIPRIANO: Bons flashbacks, João Batista.

A cena se afasta, Cipriano aplica a seringa no braço de João e notamos que ele está deitado sobre o desenho de um pentagrama.
A tela se fecha


BADTRIP’S



SEGUNDO ATO



Vista panorâmica da Curto-Circuito / Corta

CENA 4 CURTO-CIRCUITO – SALÃO [INT. / MANHÃ]

Dcr está de costas, atrás do balcão, enquanto fala ao celular.

DCR: Se o Josué tentou tirar o João da reta é porque a coisa é séria, você toma cuidado aí, hen, Raíza. (T) É...Isso me preocupa. Não quero destruir a carreira da Lila, mas não posso deixar o Marco ser preso por um crime que não cometeu.

Cael vem se aproximando logo atrás, sorrateiro.

DCR: Farei o certo, mas antes preciso desvirar algumas peças desse quebra-cabeça.

Dcr vê a imagem de Cael refletida nos copos e olha para trás. Cael o encara, sorrindo, desconfiado.

DCR (ao celular): A gente se fala. Até!

Dcr desliga o telefone, incomodado.

CAEL: Mensagem subliminar, Danilo? Ou foi impressão minha?

Dcr sai detrás do balcão forçando a simpatia.

DCR: (mente) Quando eu visito a minha prima na clínica, a gente costuma passar o tempo brincando de quebra-cabeça. Caso interesse, ela terá alta hoje.

CAEL: Fico feliz por vocês.

Dcr assente e vai dando as costas.

CAEL: Tá acontecendo alguma coisa, Danilo?

DCR: (se volta, sonso) De que tipo?

CAEL: Você não fala mais sobre as investigações. Parece distante da nossa amizade.

DCR: Impressão sua, Cael. Eu nunca vou desistir de descobrir quem matou a minha esposa. Eu só...Tenho andado cansado de tudo isso.

CAEL: E costuma relaxar na Coffee Break?

Dcr para, observando-o.

DCR: Espero que não veja problema se o seu sócio frequentar um café.

CAEL: Você acha que ele é inocente, não é?

Dcr pensa um pouco, sagaz.

DCR: Eu só acho que todo mundo merece o benefício da dúvida. 

CAEL: Não se esqueça que foi por causa do Marco que você ficou 3 meses em coma.

DCR: Eu também não esqueço que eu sofri o acidente, Cael, por conta de um plano seu que não poderia dar errado.

Os dois se encaram. Clima tenso. Dcr sai de cena, deixando Cael abismado.

CENA 5 CARIOCA NEWS [EXT. / MANHÃ]

Roger e Rafaela se aproximam da entrada, quando Joana surge diante de Roger, preocupada.

JOANA: Podemos conversar?

Roger encara uma Rafaela curiosa.

Para disfarçar, Roger abraça Joana e lhe dá um beijo perto da boca.

ROGER: Saudades, Joaninha.

Joana nada diz, constrangida.

RAFAELA: Não vou segurar vela, tá?

Rafaela entra no prédio.

ROGER: Me desculpe, Joana, mas ultimamente eu tenho me sentido a Julie Roberts em “Dormindo com o Inimigo”.

JOANA: Achei que se dessem bem...Enfim, a coisa lá anda estranha, Roger.

ROGER: Como assim?

JOANA: Dei falta de alguns pacientes, dentre eles, a Helena, tia do Danilo. Disseram pra mim que muitos estão em ala de segurança máxima, mas nenhum deles constam na lista presencial.

ROGER: Se eles não estão no hospício, onde mais estariam?

JOANA: Essa é a questão. Tem um homem que chamam de Erom, mas se apresentou pra mim como Gustavo, dono da marca Desejo Proibido.

ROGER: Desejo Proibido?! A do nosso Projeto Negro?

JOANA: Isso, exatamente. Ouvi dizer que ele é tio de Valquíria, aquela garota que anunciou nossa morte pelas mãos do homem do capuz preto, lembra?

ROGER: Isso tá ficando intrigante.

JOANA: Então veja bem: Se o alvo de sua tese anda frequentando uma clínica, onde algumas pessoas somem sem que ele ache isso estranho...

ROGER: É porque a clínica toda é comandada por gente perigosa.

CAM busca Hans escorado numa parede, ouvindo tudo.

CORTE DESCONTÍNUO PARA

Erom sentado em sua cadeira, abismado.

CENA 6 KATY O’NARA COSMÉTICOS S.A – ESCRITÓRIO [INT. / MANHÃ]

EROM/GUSTAVO: Você está me dizendo que o fotógrafo da Carioca News anda me investigando?

Hans de pé, diante dele.

HANS: Ele acha que você tem alguma coisa a ver com o sumiço de pacientes num hospício e (sorri debochado)...Com um tal Projeto Negro.

EROM/GUSTAVO: Esse Roger Ribeiro divide o apartamento com a Rafaela, não é? A tal que ressurgiu dos mortos e, dizem, para entregar o Marco.

HANS: Exatamente. Parece que os dois não andam se bicando. Rafaela é muito pretensiosa.

EROM/GUSTAVO: Você parece conhecê-la bem.

HANS: Faço bem o meu trabalho, Gustavo. E espero ter ajudado.

Erom se levanta e cumprimenta Hans.

EROM/GUSTAVO: Sei recompensar bem quem me ajuda. 

No olhar de Hans, interesseiro.

Vista aérea do Colégio França, pouco movimento / Corta

CENA 7 COLÉGIO FRANÇA – SECRETARIA [INT. / MANHÃ]

A porta é aberta, Cipriano entra atolado de pastas, fecha a porta atrás de si usando o pé.

RAÍZA (O.S): Trabalhando muito, hen.

Cipriano vê Raíza mexendo em alguns papéis, faz cara de satisfação forçada.

CIPRIANO: Raíza! (sarcasmo) Sinto um déja-vu. Você sempre aparece aqui de surpresa.

RAÍZA: Não vim brigar, Cipriano. Sei que fui rude, mas não quero criar inimizades com os meus parentes.

Raíza sorri, fingida. Cipriano se aproxima, põe as pastas sobre a mesa e pega nas mãos de Raíza.

CIPRIANO: E não seria o normal entre parentes? Eu sentia falta de brigar com a minha sobrinha.

Ambos sorriem, igualmente falsos. 

RAÍZA (sarcástica): Acho que de tédio o Josué não morre. (Raíza se afasta, olha em volta) Falando nele, como anda se comportando o novo diretor? Se utilizando de forças ocultas?

Cipriano a encara, observa seu sarcasmo.

CIPRIANO: Foi bom você ter vindo. Josué anda se descontrolando um pouco...

RAÍZA: Um pouco? Não precisa ser tão gentil assim.

Cipriano se afasta, faz uma pausa dramática.

CIPRIANO: É que ontem o João Batista esteve aqui e...

Raíza, já tensa.

RAÍZA: O que houve com ele?

CIPRIANO: João surtou, Raíza (reação em Raíza). Parece que eles discutiram, Josué perdeu a cabeça e o agrediu.

RAÍZA: Discutiram por causa de quê?

CIPRIANO: (mente) Não sei...Quando cheguei, João já estava desmaiado aqui. Josué disse que o ajudaria, mas depois disso, não sei de mais nada.

RAÍZA: Josué agredindo o João? (pensa)  Acha que se o João tivesse descoberto alguma coisa...?

CIPRIANO: Josué preza demais a própria carreira. É melhor que o João não tenha descoberto nada. 

Raíza o encarando, quando a porta ao fundo se abre, Josué entra e olha a cena, chateado.

JOSUÉ: O que cê tá fazendo aqui, garota?

RAÍZA: Senti saudades do colégio. Não é de todos que a gente sai amarrada numa camisa de força, não é?

JOSUÉ: Quer experimentar de novo, quer?

RAÍZA: Por quê? Tá difícil encontrar um substituto?

Josué cerra os olhos, desconfiado. 

CIPRIANO: Se vão transformar isso aqui em ringue, é melhor que eu saia.

RAÍZA: Não, Cipriano. (fitando Josué) Não quero atrapalhar o trabalho de vocês. Tenham um bom dia.

E Raíza sai esbarrando em Josué, que segura a raiva.

JOSUÉ: Ela veio xeretar, não foi? Ela já sabe o que aconteceu?

CIPRIANO: Ora, meu caro. Você acha que se ela soubesse mesmo você estaria aqui, tranquilamente? O tempo que ela passou no hospício fez bem a ela e a você.

Cipriano sorri, mas Josué se mostra hesitante.

CAM BUSCA Raíza
atrás da porta, ouvindo tudo. Sagaz, Raíza deixa a cena.

Alguns takes da cidade / Corta

CENA 8 FACHADA – APTº 301 [MANHÃ]

RAÍZA (O.S): Como assim o João sumiu?

Corta para o interior do aptº - SALA

Raíza diante de um Bruno preocupado.

BRUNO: Ele saiu ontem do serviço dizendo que ia apanhar o Josué no colégio, mas até agora nada.

RAÍZA: E o que o Josué disse?

BRUNO: Que ele nem sequer passou no colégio. (Bruno segura nas mãos da filha) Raíza...Se você souber o que pode ter acontecido...Onde ele pode está...

Raíza pensa um pouco, hesita, mas encara o pai, decidida.

RAÍZA: Pai...O Josué mentiu.

Bruno faz que não entende, mas não tem tempo de questionar. Ouvimos um barulho de chaves e a porta se abre, revelando João, todo arrumado, tal qual na noite anterior, e com um saco de pães na mão.

Bruno vai até ele, aliviado, e o abraça.

BRUNO: João! Por onde andou?

João se mostra confuso.

JOÃO: Fui comprar pão, tio. Não me diga que chamou essa daí pra adivinhar onde eu tava?

BRUNO: João, você saiu do serviço ontem dizendo que ia ao colégio, e só agora você aparece?

RAÍZA: A gente ficou preocupado.

JOÃO:A gente”? Não seja descarada! Você e aquele herói de quadrinho querem me ver pelas costas.

BRUNO: Por favor, João!

João se afasta de Bruno e joga o saco de pães com força sobre o sofá.

JOÃO: Por favor uma pinoia! 

E João sai de cena, deixando Raíza e Bruno sem reação.

CENA 9 QUARTO – APTº 301 [INT. / MANHÃ]

Na porta se abrindo, Raíza entra com cuidado.

RAÍZA: João?

João está na sacada, de costas, nem se move.

RAÍZA: Meu pai ficou preocupado. O que aconteceu entre você e o Josué ontem pra você só voltar agora?

João continua na mesma posição, sem nada a dizer.

RAÍZA: Cê tá me ouvindo?

CAM vai dando um zoom pelas costas de João até mostrar sua face em pânico olhando para baixo.

Alguns flashes alternam entre ele e os flashbacks de quando Raíza ameaçou jogá-lo de cadeira de rodas do alto de um prédio.

= = FLASHBACK = =

Cena 1 (Episódio 23, Temporada 2)

Raíza leva João até a beirada da abertura. O vento bate no rosto de João, deixando-o amedrontado.

JOÃO: Raíza, o que cê tá fazendo? Me leva daqui...

RAÍZA: Sabe, fiquei pensando...A Ari deve ter levado um baita susto ao se deparar com o seu assassino...(Raíza encosta a boca em sua orelha) Você não acha? (em João, tenso)

JOÃO: (olhando para o vão / temendo o pior) Todo mundo sabe que foi o Víctor. Não sei por que o Danilo quer se atormentar ainda com isso, agora me leva daqui?

RAÍZA: Peça por favor, com jeitinho.

JOÃO: Eu posso gritar, sabia disso? Eu posso gritar e a polícia vai te levar presa, gosta da ideia?

RAÍZA: Por estarmos trocando uma ideia? Ninguém me viu entrar, sabia disso? E ninguém vai me ver sair.

Raíza, disposta, faz que vai empurrar a cadeira.

JOÃO: Não, Raíza! Não!

= = FIM DO FLASHBACK = =

No que Raíza toca seu ombro, João se volta apavorado e agarra Raíza pelos braços.

JOÃO: VOCÊ NÃO VAI FAZER ISSO COMIGO! NÃO VAI!

E João a empurra violentamente para dentro do quarto. Raíza, atônita, bate com as costas num móvel. Bruno chega da porta, sem entender.
João escorado na parede, ofegante, olhos arregalados, suando frio, enquanto observa a sacada de soslaio.

JOÃO (em voz baixa): Ela vai me matar...Ela vai me matar...

A tela se fecha



TERCEIRO ATO



FADE IN

CENA 10 APTº 301 – SALA [INT. / TARDE]

Raíza anda de um lado para o outro, mãos na cintura, preocupada. Bruno surge com um copo d’água.

RAÍZA: E aí? Ele falou mais alguma coisa?

BRUNO: Ele disse que só teve uma lembrança ruim. De quando você...

RAÍZA: Tá, eu sei. Mas é estranho, concorda? Ele nunca surtou antes por conta disso.

Bruno se aproxima, faz segredo.

BRUNO: Acha que ele anda usando drogas?

RAÍZA: Não combinaria com ele, mas eu vou dar um jeito de descobrir isso.

BRUNO: Fico feliz que se importe com ele, apesar de tudo.

Raíza sorri, fazendo que sim, sem vontade. Em seguida o abraça.

RAÍZA: Eu vou indo, pai. Vou ver o que descubro.

BRUNO: Mas antes você vai comer alguma coisa.

Bruno vai saindo até outro corredor.

BRUNO: Porque aposto que você e o Danilo sobrevivem à base de macarrão instantâneo.

Raíza sorri e sai da tela.

BRUNO (O.S): Eu fiz sopa de legumes, então faça o favor de/

Bruno surge na sala, e Raíza não está mais lá. Bruno vai até a porta fechada, para e põe a mão no peito, abismado.
João, de olhos arregalados, observa escondido.

CENA 11 COLÉGIO FRANÇA [EXT. / TARDE]

Raíza anda firme, sustentando óculos escuros tipo aviador, em direção a entrada do colégio.

No logotipo do Colégio.

Corta para o INTERIOR

Um homem aparentando 50 anos está sentado do lado de dentro do corredor, lendo um jornal. Assim que vê Raíza, ele sorri, se levanta, e abre a porta.

HOMEM #1: Raíza...Seu tio Josué tá em aula. E o seu Cipriano foi resolver um probleminha lá em cima. Se quiser esperar.

RAÍZA: Sim, claro, mas...Será que eu posso ir na cantina?

CORTA PARA

CENA 12 COLÉGIO FRANÇA – SALA DE CÂMERAS [INT. / TARDE]

(Ambiente mal iluminado, dois monitores exibem várias partes do colégio)

Raíza fecha a porta atrás de si, retira os óculos e observa as telas. Em seguida, aperta algumas teclas, vídeos do colégio se alternam entre SALAS DE AULA, PÁTIO, SECRETARIA, ENTRADA. Nesse momento, um vídeo da noite anterior mostra João Batista entrando. Raíza, impaciente, avança o vídeo, até que numa das cenas, Josué sai da secretaria. Depois, o vídeo exibe a entrada já pela manhã, denunciando um corte de gravação.

RAÍZA: Eu sabia! Aí tem coisa.

OUVIMOS passos, Raíza se aflige, mas não tem tempo de deixar o vídeo como estava. A porta é aberta e um funcionário moreno, magro, de uns 25 anos, entra, mas não vê Raíza.

FUNCIONÁRIO #1: Ué, mas... Quem mexeu aqui? 

Raíza está estacada logo atrás dele, surpresa por voltar a ficar invisível.

FADE OUT
FADE IN

Vista aérea da Curto-Circuito / Corta

CENA 13 CURTO-CIRCUITO [INT. / TARDE]

Roger entra com a sua bolsa a tiracolo, vai observando ao redor, aparentemente vazio, até que se volta e dá de cara com Cael apoiado no balcão.

CAEL: Acho que aqui não tem nenhum furo pra você.

Ambos sorriem e se cumprimentam.

ROGER: Como vai, Cael? O Nilo tá por aí?

CAEL: Fazendo o trabalho dele. Daqui a pouco ele desce. Aceita um drink enquanto isso?

ROGER: Ah, não, eu...(pensa) Pensando melhor...Aceito sim, mas só se você me acompanhar.

CORTA PARA

Roger e Cael sentados à mesa, tomando coquetel de frutas. Cael põe o copo sobre a mesa, sob o olhar disfarçado de Roger.

ROGER: Parece que ele vai demorar...

CAEL: Vocês se tornaram grandes amigos, não é? Suponho que não seja novidade que o Danilo acredita na inocência do Marco quanto ao assassinato de Ari.

ROGER: Isso seria ruim pra ele.

CAEL: Por quê?

ROGER: Porque a inocência do Marco pode ser o fim de carreira da Lila.

CAEL: (finge ingenuidade) Não vejo como, afinal, a Lila não é a autora do vídeo em que supostamente o Marco aparece matando a Ari.

ROGER: Mas para todos os efeitos, Lila é a autora a partir do momento em que publicou.

Na expressão pensativa de Cael.

CAEL: Ahn...Se incomoda se eu te deixar sozinho?

ROGER: Claro que não, imagina. Fique à vontade.

Cael se levanta e sai de cena. Roger, relutante, olha o copo que Cael deixou.

CORTA PARA

Cael ao telefone, no canto do balcão.

CAEL: Preciso falar contigo o mais rápido possível.

Suspense em seu olhar.

VOLTA PARA

Roger, hesitante diante do copo. Até que ele abre a bolsa, pega um lenço branco e, cuidadosamente, apanha o copo. Quando se prepara para guardar na bolsa/

DCR: Saqueando copos, Roger?

Roger desmonta de susto.

ROGER: Meu Deus! Quer me matar do coração, amigo? Quase enfartei agora.

Dcr se senta diante dele, achando graça. 

DCR: Não vai me dizer o motivo do crime?

ROGER: Crime?...Ah (ri nervoso), uma bobagem...(mente) É que a Rafaela, sabe? Faz uma janta que uma maravilha, mas é uma desastrada...Aí eu vi esse copo lindo dando sopa/

DCR: And the Oscar go to...Roger Ribeiro! O pior ator do ano.(Roger olhando sério para Dcr, tenso) Roger, você acha que eu não percebi que há uma semana você vem aqui com o papo de que tá com saudades de mim, e só enrola? O que tá acontecendo?

ROGER: Mas amigo, eu realmente sinto saudade de você. Você não?

Dcr só o encara, com os cotovelos sobre a mesa.

ROGER: Tá bom, eu conto...Mas primeiro você vai me prometer que não vai contar pra ninguém, hen.

DCR: (batendo continência) Palavra de herói.

Roger aproxima o rosto, faz segredo.

ROGER: O meu boss me prometeu uma promoção caso eu conseguisse o DNA de Marco e Cael. Percebe o nível da minha missão?

DCR (curioso): DNA? Estranho... Eu achava que você era o fotógrafo da redação, não um agente investigativo.

ROGER: Não é? Me sentindo puramente o Tom Cruise numa missão quase impossível, até porque o seu sócio tem pouquíssimo cabelo ou quase nada, né?

Dcr põe a mão no queixo, pensativo.

DCR: É verdade...(encara Roger, firme) Leve o copo.

ROGER: Jura? 

DCR: Juro. Eu só preciso que você faça algo pra mim.

Roger, desconfiado.

Takes da cidade / Vista aérea de uma Clínica /

CENA 14 FACHADA - CLÍNICA VIDA NOVA [TARDE]

Corta para a RECEPÇÃO

Ambiente de paredes brancas, pisos na cor cinza, balcão de madeira com pedra de mármore, e um vaso de planta no canto. Uma mulher negra, cabelos pretos amarrados em um rabo de cavalo, está atrás do balcão atendendo o telefone.

Dcr e Raíza está de pé cochichando.

RAÍZA: Você propôs isso ao Roger? Acha que a Rafaela não vai desconfiar?

DCR: Os dois moram juntos. Se ela considerasse o Roger um perigo, ela arrumaria outro lugar.

RAÍZA: Mas ela pegou o cargo que seria dele. No mínimo, eu ficaria com o pé atrás com os meus novos inimigos.

DCR: Rafaela é presunçosa. Sempre acha que tem razão em tudo, que nada poderia detê-la. 

RAÍZA: Que nem os meus tios Cipriano e Josué. Queria muito saber o que aconteceu com o João na noite passada.

DCR: Desde que isso não envolva uma seita.

Raíza olha de repente pra ele, como se tivesse recebido uma luz, mas é interrompida com a chegada de
ANA, que surge na porta, com a sua pequena mala azul. Ela coloca a mala no chão, e observa emocionada.

ANA: Sinto que fiquei aqui por anos.

Dcr e Ana se abraçam. Até que Dcr desfaz o abraço, lacrimejando.

DCR: Lembra do que conversamos. Nada de bebidas pra não dar brecha pra jornais sensacionalistas.

ANA: Eu gostaria de ver a minha mãe. A gente pode ir lá agora?

Dcr encara Raíza, chateado. 

CORTA PARA

CENA 15 CARRO [EXT. / TARDE]

Josué, no banco do motorista, observa uma mulher abrindo a porta do outro lado. Rafaela entra, apressada.

RAFAELA: Espero que seja algo importante. Não posso sair do serviço sempre que/

Josué a pega pela nuca e a beija na boca. 

RAFAELA (sorriso sacana): Me chamou pra isso?

Josué sorri, mais sacana ainda.

JOSUÉ: Acha pouco? (Rafaela franze a testa) Ok, o negócio é o seguinte: aquele fotógrafo que trabalha com vocês...Como é que é mesmo o nome dele?

RAFAELA: Roger.

JOSUÉ: É, esse mesmo. Eu ouvi dizer que ele tem uma bomba nas mãos, mais precisamente um projeto que poderia acabar com a reputação do colégio.

Rafaela ri, debochada.

RAFAELA: Mas é o quê? O Roger? Querer acabar com o colégio? Quem te falou isso?

JOSUÉ: Ele não é amigo do Danilo? Que por desgraça vem a ser amigo de infância de Raíza? Parece que ele anda investigando as mortes ocorridas desde o início da minha gestão e dando o nome de Projeto negro. Posso com isso?

Rafaela vai desfazendo-se o sorriso, pensativa.

RAFAELA: Projeto negro?...O projeto que ele escondia de mim...? Não pode ser...

Josué acaricia o rosto de Rafaela.

JOSUÉ: Então é verdade mesmo? Não me basta a Raíza e os problemas que eu tenho, ainda tenho que me preocupar com um abelhudo?

Rafaela o encara, preocupada.

RAFAELA: Eu posso pegar o projeto pra você.

JOSUÉ: (sonso) Faria isso por mim?

Rafaela pega na mão de Josué e retira de seu rosto, forçando a simpatia.

RAFAELA: Claro...Esse projeto já é seu.

Quando Josué vai beijá-la, o reflexo de
JOÃO BATISTA aparece da janela, Rafaela se assusta.
Josué vê um João de olhos avermelhados, trêmulo e desalinhado, batendo na janela.

Josué abre a porta, João olha para todos os lados de uma forma medonha, como se sentisse perseguido.

JOÃO: Me leva daqui! Ele vai me pegar!

Rafaela ao fundo, sem entender.

JOSUÉ: Do que cê tá falando, João? Quem vai te pegar?

JOÃO: (desesperado) Ele vai me matar...Mas a gente pode evitar isso. É só a gente salvar a Ari, entende?

JOSUÉ: João, onde é que você tá com a sua cabeça? A Ari tá morta!

JOÃO: MENTIRA!

Josué se assusta.
João sacode seus ombros.

JOÃO: Você tá querendo me desestabilizar, mas não vai conseguir. 

[O texto em itálico marca a badtrip de João]

E quando João o larga e se volta, tudo ao seu redor se torna opaco, ele se vê próximo a um abismo e, transtornado, ele espia o extenso buraco. Pelo seu PONTO DE VISTA, ARI está caída no abismo, sobre uma poça de sangue, até que

Ela abre os olhos e ergue a mão.

ARI: Me salve!

Volta no GRITO de João, totalmente alucinado.

Josué segura João pelo braço, revoltado.

JOSUÉ: Olha o showzinho que você tá dando!

João o vê apontar uma arma em sua cabeça e ouve coisas.

JOSUÉ: Eu vou fazer contigo o que eu fiz com a Raíza.

Rafaela, ao fundo, gargalha. 

JOSUÉ: E quando todo mundo esquecer que você existe...(Josué engatilha a arma) Eu te mato!

OUVIMOS um estampido.

VOLTA À REALIDADE

João se sacode, enlouquecido, um carro preto freia bruscamente e João cai sobre o capô.

Dcr e Raíza saem do carro, surpresos com a cena.

DCR: João! Tá a fim de morrer, é?

João vai se afastando, em pânico. Pelo seu PONTO DE VISTA, Dcr e Raíza estão de roupão e capuz preto, empunhando um cajado. Quando ambos retiram o capuz e apenas aparece uma sombra negra no lugar da cabeça.

João GRITA apavorado.
Algumas pessoas param para assistir a cena, curiosos.

JOÃO: Você não são desse mundo! (põe as duas mãos na cabeça) Vocês não existem! PAREM COM ISSO!

RAFAELA: Gente, ele ficou maluco?

Ana se aproxima cautelosamente de João.

ANA: Isso tá me cheirando a badtrip.

JOSUÉ (impaciente): O que essa garota tá falando?

Ana se aproxima de um João trêmulo, desconfiado. Ela toca suavemente sua mão e ambos se olham fixamente.

Dcr tenta se aproximar também, mas João começa a bater os braços para afastá-lo.
PELO SEU PONTO DE VISTA,
Dcr torna a aparecer com o capuz e sem cabeça, em uma cena medonha.

DCR (V.O / sádico): A gente perde a cabeça algumas vezes, João...Isso é normal...

Em João, alucinado.
VOLTA À REALIDADE

DCR: A gente perde a cabeça algumas vezes, João...Isso é normal (faz que vai tocá-lo / João, trêmulo, suando frio). Você quer desabafar?

E no impulso, João ARREMESSA Dcr – GRITOS de Ana ao fundo - que cai no meio da pista, OUVIMOS pneus cantando o asfalto e o carro para rente a Dcr, que encara a lataria. 

João sai em disparada, Dcr se levanta.

DCR: Eu vou atrás dele!

Raíza segue atrás. Ana observa Josué disfarçando um sorriso.

CORTA PARA

CENA 16 UMA RUA QUALQUER [TARDE]

Onde João corre desesperado, sempre olhando para trás, CAM tremida, muita perturbação o envolvendo. Em um momento, João vê Dcr e Raíza de capuz, se aproximando. Quando João olha para frente, assim como num sonho, ele não está mais numa rua, e sim

NUM PRÉDIO QUE NOS REMETE AO PALCO DA MORTE DE ARI (2x21)

Tudo como antes, chão empoeirado, cimento de um lado, e outros materiais de construção de outro. Ouvimos barulho de gota d’água mesclando com sinos de igreja.

ARI (O.S / voz ecoa): João...

João procura em volta, abismado.

ARI (O.S / voz ecoa): João...Não...Isso não tá certo...

João dá alguns passos e, num efeito rápido de transição, logo ele se vê num 

QUARTO DE HOSPITAL.
Ari está deitada na cama.

JOÃO: Ari! (lacrimeja) Ari, é você?

De repente, VÍCTOR surge cobrindo o rosto de Ari com um travesseiro (2x08).

VÍCTOR: Não se meta, aleijado!

João tenta avançar, mas não consegue sair do lugar, olha para as pernas, e elas não respondem. 

ARI: Por que finge que não pode andar? Isso não tá certo, João!

Ele olha em volta e se vê sozinho de novo, olha para o outro lado, e o ambiente volta a ser o 

PRÉDIO.
CAM vai girando ao redor de João, marcando a sua perturbação, enquanto OUVE vozes.

= = INSERT DE ÁUDIO - 2X08 = =

JOÃO (O.S): Ainda bem que eu não sou o noivo, se não ficaria preocupado. Dizem que dá azar, né?

= = 2X21 = =

DCR (O.S): Eu sei que é clichê a noiva se atrasar, mas você não acha melhor ligar pra Raíza ou pro seu Bruno?
JOÃO (O.S / sarcasmo): Eu já tentei, mas já pensou se a Ari desistiu?

= = 2X23 = =

RAÍZA (O.S): Tá com medo, tá? (surtada) Diz que tá com medo! Diz que tá com medo!

= = FLASHBACK = =

RAÍZA TENTA OBRIGAR JOÃO A CONFESSAR, PERANTE A CÂMERA, QUE MATOU ARI

João treme, olhando de soslaio para o cano da arma.

JOÃO: Você não teria coragem...

RAÍZA: Você vai confessar que matou a Ari e que não está paralítico coisíssima nenhuma, ouviu bem? (Raíza espera) OUVIU?

JOÃO, DE CADEIRA DE RODAS, QUASE É ARREMESSADO DO PRÉDIO PELA RAÍZA

RAÍZA: Ninguém me viu entrar, sabia disso? E ninguém vai me ver sair.

Raíza, disposta, faz que vai empurrar a cadeira.

JOÃO: Não, Raíza! Não!

E numa FANTASIA, João despenca do alto do prédio
Ao mesmo tempo em que ele, desesperado,
EMPURRA Ari, vestida de noiva, jogando-a para fora do edifício.

= = FIM DO FLASHBACK = =

FUSÃO PARA

João caído na CALÇADA, aos prantos, enquanto Dcr está por cima dele, petrificado.

JOÃO: Ela tá morta, ela tá morta! Eu matei a Ari, alguém ajuda! Por favor!

Raíza ao fundo, estagnada.

A cena passa a ser vista através de uma câmera.

CORTE DESCONTÍNUO

Para a mesma cena sendo vista no computador.

CENA 17 REDAÇÃO NOVO DIA [INT. / TARDE]

Beto assiste, admirado.

BETO: Você sabe que esse cara devia tá drogado, né? Ninguém confessa uma coisa dessas justo pro viúvo.

Hans, se sentindo importante.

HANS: E alguém por acaso recorda o que não viveu, caro Beto?

Em Beto, vendo Hans dar as costas, satisfeito.

CENA 18 REDAÇÃO CARIOCA NEWS [INT. / TARDE]

Em Lila, mostrando a tela do computador com pesquisa sobre drogas.

LILA: João teve uma badtrip, ou seja, uma viagem por uso exagerado de drogas que dá a sensação de que nunca terá fim.

RAÍZA: Ele dizia que queria acordar do sonho...Pode ser que nada que ele tenha dito faz sentido.

LILA: Nada faz muito sentido numa badtrip. A pessoa tem crises de pânico, confusão, sente que tudo ao redor se mostra tal como num sonho, cores ganham cheiro, mortos ganham vida. 

DCR: Então ele matou a Ari? (pensa, sem acreditar) Ele tava na igreja, todo mundo viu.

LILA: Pelo o que a Raíza relatou, João não se lembrava do que fez na noite passada, mas, de repente, lembrou de um fato importante na vida dele; depois ele deu esse ataque, lembrando da morte de Ari. Fica claro que ele sente culpa, e que a medida que o tempo passa, mais ele irá regredir a memória, até...

RAÍZA: Até...?

LILA: Se ele não tiver ajuda, ele pode morrer.

Dcr e Raíza se encaram, espantados.

CORTA PARA

CENA 19 APTº 3101 - SALA [INT. / TARDE]

Dcr entra na frente, seguido por Raíza.

DCR: O Josué e o Cipriano não iam drogar o João porque ele descobriu o nome da próxima série de João Pedro Tusset. Tem mais coisa aí.

RAÍZA: Mas quem vai comprar essa ideia? Você viu. Pra Lila, o João é tão culpado quanto o Marco. Até porque, ninguém lembra do que não viveu.

Dcr vai até a rack, abre uma porta, e retira uns livros revelando uma caixa de madeira.

DCR: Há controvérsias. Ela mesma disse que numa badtrip, nada faz muito sentido. Assim como num sonho, (Dcr senta no sofá e abre a caixa / Raíza senta em seguida) a gente pensa que tá no controle, mas vivemos uma ilusão. Um sentimento de culpa, e nos tornamos culpados.

E Dcr retira o Livro das Trevas da caixa e a abre.

RAÍZA: Não vamos fazer de novo, né?

DCR: Com medo de descobrir que foi uma escrava do Marco no século 19? (Raíza dá um sorrisinho amarelo) Não se preocupe. É que Cipriano foi um grande mago, logo...

RAÍZA: Ele não usou apenas drogas conhecidas.

DCR: (olha as páginas do livro) João se comportou de forma semelhante a minha tia. Sua mãe deve conhecer alguma coisa capaz de...(aponta o dedo na página) “Dourado Proibido”?

Ambos se encaram, curiosos.

RAÍZA (lendo):Deveriam ser apenas crisântemos amarelos se não fossem elas a representação da vida e morte para muitas pessoas. Ele a transformou na flor de ouro cobiçada, fez-se a fusão com outras ervas e deu a ela o símbolo da juventude eterna. Pobres homens! Ninguém pode voltar a ser jovem se não nascer de novo. Pobres homens! Pecam por serem vaidosos, e se sobreviverem à morte, terão que pagar seus pecados num eterno pesadelo real.”

Dcr e Raíza surpresos com a revelação.

DCR (lendo):Salve a todos que conseguir, antes que eles o levem para si.” 

RAÍZA: Dcr...Ela se refere ao Cipriano e a Erom, não é?

DCR: Mas eles levariam o João pra onde? E o Erom não existe.

Em Raíza, disfarçando a aflição, como se escondesse algo. Ela se levanta, decidida.

RAÍZA: Temos que ir, Dcr! O João não tá seguro no hospital.



QUARTO ATO



CENA 20 HOSPITAL CENTRAL - RECEPÇÃO [INT. / NOITE]

Em Raíza encarando Ana e o pai Bruno.

RAÍZA: O Josué levou o João? Mas pra onde?

BRUNO: Desculpe, mas eu deixei a Ana com ele quando/

ANA: Eu que peço desculpas. Eu devia ter feito um escândalo, mas o seu Josué foi tão amável...Ele disse que conhecia um hospital que tinha melhores condições de tratar o João. 

RAÍZA: Miserável!

BRUNO: Raíza!

RAÍZA: Miserável mesmo! (firme) Pra que hospital o senhor acha que ele o levou?

No olhar preocupado de Bruno
Na dúvida em Ana
E na troca de olhares cúmplices entre Dcr e Raíza.

CORTA PARA

CENA 21 HOSPITAL CENTRAL [EXT. / NOITE]

Dcr e Raíza saindo apressados.

DCR: Não vai dar tempo, Raíza! A essa altura o João já deve estar no hospício.

RAÍZA: Bem justo, não? Mas o João tem uma coisa que nos pertence. (Raíza abraça Dcr) E não precisamos de carro.

Os dois vão desaparecendo até sumirem de vez.

Vista aérea da estrada à noite, onde poucos carros circulam/

CENA 22 CARRO [INT. / NOITE]

Josué dirige enquanto fala ao celular.

JOSUÉ: Tudo certo, Cipriano. Vou garantir que nada que saia da boca dele faça sentido.

Ele olha para o lado, João está suando frio, murmurando.

JOÃO: Ela está morta... És um herege, pior do que todos eles.

Josué ouve, sem entender.

JOSUÉ (ao telefone): O João tá delirando de novo. Deve achar que tá no século 18 (ri).

JOÃO: Não é justo que sejas feliz depois de tanta hipocrisia.

JOSUÉ: João, dá pra parar com isso?

De repente, pelo PONTO DE VISTA de Josué, Dcr e Raíza surgem a frente do carro
Josué se assusta, pisa no freio
Corta para o EXTERIOR

Josué freia a tempo de bater numa árvore. Ele sai do carro, admirado.

JOSUÉ: Vocês estão malucos? Como é que vocês fizeram aquilo?!

RAÍZA: A pergunta é: Como é que você tem coragem de pensar em jogar o João no hospício?

Josué põe as mãos na cintura.

JOSUÉ: Tá com pena? Você tá com pena? Eu to pensando no melhor pra ele.

RAÍZA: (irônica) Como pensou em mim, né? Você sabia que ele corre risco de morte?

DCR: Seu Josué, ele precisa se desintoxicar, o caso/

JOSUÉ: Me admira você, Danilo, um cara que parecia ajuizado dar corda pra essa louca.

RAÍZA: Não vejo porque prender o seu filho, Josué (baque em Josué). A menos que ele tenha descoberto o que não devia.

Dcr olha espantado para Raíza.

JOSUÉ: O que cê disse?

RAÍZA: Foi isso que o João descobriu, e você quer esconder? 

JOSUÉ: Quer fazer companhia a ele, é? Pois eu mando os dois pro subsolo de Saturno fazer companhia aos aliens!

DCR: A gente não tem tempo, Raíza, vamos pegar o João.

Dcr pensa em ir até João, mas este sai do carro, aos GRITOS.

JOÃO: FOGO! FOGO! POR QUE MATARAM A ELISABETH, POR QUÊ?

Josué segura João pelos ombros e o prensa de contra o carro.

JOSUÉ: Não tem fogo aqui, tá ouvindo?

João o encara, com medo.
[POV de João]

= = FLASHBACK | Episódio 3x12 e 3x13 #Círculo Fechado = =

Josué está de batina preta, chamas ao redor do interior de uma IGREJA (cena nos remete ao 3x13), e Dcr com as roupas de época.

JOSUÉ: Elisabeth está ardendo no inferno.

João chora, aflito. Josué aponta para o chão, onde o corpo de Raíza está coberto pelas chamas.

João cobre a boca, horrorizado, se joga em Raíza

CORTE DESCONTÍNUO

O corpo de Raíza desaparece, e João se vê numa estrada de terra, olhando Dcr caído, enquanto agoniza. João vai se levantando e vê a flecha cravada nas costas de Dcr.

DCR: Fuja, Blake!

João GRITA, apavorado e logo se vê na estrada atual onde Cipriano e Bruno estão de conluio.

CIPRIANO: Estás me dizendo que George – o Magnífico, escapou de sua mira?

BRUNO: Você viu? Eu fui certeiro, não tinha como ele escapar com vida!

CIPRIANO: Isso nunca podia ter acontecido, caro Lennox. Agora, mais do que nunca, George tem que morrer.

JOÃO: Não! Ele vai matar o meu irmão, façam alguma coisa!

Quando olha de volta, Raíza e Marco, em trajes de época, confraternizam.

RAÍZA: Me caso com você no dia que quiseres. É só marcar, que lá estarei.

Os dois beijam-se na boca e sorriem.
Até que o fogo os consomem, se espalhando por toda a parte.

= = FIM DO FLASHBACK = =

João olhando tudo aquilo, atônito, põe as mãos na cabeça, CAM girando ao seu redor, até o momento em que João desaba no chão, inconsciente.

CORTE DESCONTÍNUO

Em João acordando numa cama.

CENA 23 HOSPITAL CENTRAL – QUARTO [INT. / MANHÃ]

João dá de cara com Josué, mais adiante estão Dcr e Raíza.

JOSUÉ: Como se sente?

João encara Josué, de forma estranha.

JOÃO (confuso): O que aconteceu? Onde eu to?

JOSUÉ: Você tá no hospital. Não se lembra de ter surtado?

RAÍZA: Você foi vítima de drogas, João.

JOÃO: O quê?

JOSUÉ: Dá pra calar essa boca? Não tá vendo que ele não tá bem?

Raíza se aproxima, indiferente.

RAÍZA: O João teve uma badtrip e você queria jogá-lo num hospício.

Em João assustado.

JOÃO: Eu ia ser internado?

JOSUÉ: Eu não tenho experiência com drogas como você, Raíza. Lamento se vocês não perceberam a minha aflição em ver meu outro sobrinho enlouquecendo.

DCR: Tem ideia de quantas pessoas são internadas, sem estarem loucas, Josué?

JOSUÉ: Podem me dar licença pro meu drama? Eu só queria o melhor pra ele.

Raíza quase o empurra e se aproxima de João.

RAÍZA: Do que é que você lembra?

João a olha firme, meio temeroso. Encara Josué, Dcr, com um olhar vago, como se pensasse em algo.

JOÃO: Eu tive um sonho. Sonhei que eu vivia em outra época. Que o Danilo era o meu irmão, George. (Dcr e Raíza se entreolham) E que você, Raíza, tava morta.

Ambos se olham firmes, João tenta dizer mais alguma coisa, quando OUVIMOS a porta ser aberta.
Bruno nem chega a entrar.

BRUNO: Danilo, será que você pode vir aqui um instante?

CORTE DESCONTÍNUO

Para Dcr, preocupado.

CENA 24 HOSPITAL CENTRAL – CORREDOR [INT. / MANHÃ]

DCR: Não sei se lembra, mas a gente não pode ser vistos juntos.

Marco segura um tablet, sob o olhar de Bruno.

MARCO: (sarcástico) Eu odeio fazer o papel do amante, mas acho que você vai querer ver isso.

Marco mostra o tablet com a notícia do jornal NOVO DIA:
Herói de Lila Machado defende assassino confesso – Viciado em drogas, João Batista Lopes confessa assassinato da esposa do herói, mas recebe apoio do mesmo”

Volta em Bruno.

BRUNO: Esse Hans vive pra querer desmoralizar o Danilo.

MARCO: Parece até que ele sabe que você me apoia. Quando você resolver provar a sua tese, ninguém vai acreditar em você. Todos vão te ver como o herói confuso que vive à caça do assassino perfeito de sua esposa.

DCR: Isso é um absurdo! A Lila certamente vai contradizê-lo/

MARCO: Não seja tolo, Danilo! Lila não vai escrever uma linha para defender o João, se não for pra ratificar que eu sou o assassino. Nem se o Freddy Krueger confessasse o crime, ela ia aceitar. É a carreira dela que tá em jogo.

DCR: Eu não vou deixar que essa briga de jornalistas atrapalhe a justiça que tem que ser feita.

CAEL (O.S): Sempre justo, não?

Dcr, Bruno e Marco veem Cael chegar acompanhado de Lila, essa fazendo uma cara feia.

LILA: Você tá defendendo esse cara, Danilo? É isso mesmo?

MARCO: A senhorita já foi mais elegante, querida.

LILA: Eu to falando com o meu namorado. Ou seria ex-namorado?

DCR: Lila, eu tenho direito de querer apurar os fatos, mesmo quando eles parecem óbvios/

LILA: E você resolve fazer isso quando eu provo a culpa do Marco, né? Quando eu tentei demovê-lo da ideia de que ele poderia não ser o assassino, você simplesmente disse: “Marco não é um cara do bem, com certeza já cometeu diversos crimes, então não me sinto mal em torná-lo meu vilão.”

MARCO (irônico): Me sinto importante quando me mencionam.

CAEL: Você se acha muito esperto, né, Marco? O que você fez pra convencer o Danilo a ficar do seu lado?

MARCO: Usei o meu charme, oras.

CAEL: Não tem funcionado com a Raíza.

BRUNO: Já chega vocês dois! O assunto aqui não é a minha filha.

DCR: Lila, eu não to do lado do Marco, eu apenas quero entender como alguém espera meses pra entregar um vídeo como aquele.

LILA: Eu tenho tentado entender como dediquei o meu trabalho para te ajudar. 

DCR: Eu não pedi pra virar herói de livro, Lila. Você expôs a minha vida achando que o verdadeiro assassino não ia tentar nada contra uma pessoa pública, alvo da imprensa. Mas quantas coisas já aconteceram? O Víctor, a minha mãe, a sósia da Ari...Todos morreram. E aí surge alguém com um vídeo que parece zerar com tudo. 

LILA: Esse vídeo veio pra terminar um ciclo em sua vida. 

DCR: Você tem ideia de que esse vídeo teria salvado a vida do Víctor? Da Soraya? Teria me poupado de passar por tudo que passei?

Olho no olho, tensão.

LILA(magoada): Desculpe, se eu só te trouxe aborrecimento.

Lila abaixa a cabeça e dá as costas.
Cael só encara Dcr, este chateado. 

FADE OUT
FADE IN

CENA 25 REDAÇÃO NOVO DIA [EXT. / TARDE]

Hans, de óculos escuros, desce a escada munido de sua mochila, distraído, mas confiante. Quando se aproxima, ele passa na frente de Raíza, encostada na parede, também de óculos escuros.

RAÍZA: Como vai, Hans?

Hans se volta, sobressaltado, retira os óculos. Sorriso irônico.

HANS: Mas olha se não é a Raíza....Como tem passado seu querido primo?

RAÍZA: Qual é o teu problema, hen? Competir com a Lila ou só prejudicar a minha família?

HANS (sonso): Não preciso competir com a Lila, porque sei do meu talento.

RAÍZA: O seu talento é trabalhar pra um jornal meia boca que vive de falso marketing pra atrair as pessoas (ódio em Hans). Esse é o seu talento. E pela sua abordagem, tenho a impressão de que você dedica muito tempo a mim e ao Dcr. Só queria entender o porquê.

Hans pensa um pouco, dá um leve sorriso e depois dá de ombros.

HANS: Você bem parece uma heroína, não é? Tem um passado conturbado, fez coisas extraordinárias, escapou de um hospício... Eu bem disse a Lila que ela ia perder um ótimo material engavetando a sua história.

RAÍZA: Do que você tá falando?

HANS: Que a Lila nunca foi uma parceira fiel. E eu vou adorar vê-la na sarjeta com a história do Nilo engavetada por falta de verbas. Aí eu quero ver ela voltar com o projeto antigo.

RAÍZA: Esse é aquele momento em que eu tenho que adivinhar o que você quer dizer?

HANS: Nilo foi apenas um golpe de sorte na vida da Lila. Um mero acaso do destino que ela soube aproveitar bem. A heroína dela de verdade faz coisas bem mais interessantes do que sobreviver a um coma. Fale com o Roger. Ele ainda deve ter guardado o romance: “Raíza – O futuro lhe pertence”.

Hans põe os óculos de volta e sai, deixando Raíza atônita.



CENAS FINAIS



CENA 26 REDAÇÃO CARIOCA NEWS – ESCRITÓRIO [INT. / TARDE]

Um envelope sendo colocado na mesa. Roger, de pé, se mostra animado.

ROGER: Eu só consegui a amostra do Cael...

Alexandre, sentado, abre o envelope. Em seguida, sorri, satisfeito.

ROGER: Quanto a do Marco, eu/

ALEXANDRE: Seu salário vai ganhar um adicional a partir do mês que vem. 

ROGER: Jura?

ALEXANDRE: Não, eu cumpro. Agora, por favor, pode ir.

ROGER: Obrigado, boss! Qualquer coisa, pode contar comigo!

E Roger abre a porta todo atrapalhado. Quando a porta é fechada, Alexandre tira o telefone do gancho.

CORTA EM

LARA, na MANSÃO DE CAEL
atendendo o telefone.

LARA: Alô?

ALEXANDRE (V.O): Por quanto tempo você achou que ia me enganar, hen Lara?

LARA: O que é que você quer, Lex?

ALEXANDRE (V.O): Quero fazer algo que você me impediu lá trás (T). Quero conhecer o meu filho...Cael.

Em Lara, estupefata.

CENA 27 APTº 301 [EXT. / TARDE]

João e Bruno acabam de descer do carro. João ainda mantém a cara de quem não dormiu bem, é abraçado por Bruno. Neste instante, João vê alguém fora da tela, e se mostra tímido.

Ana se aproxima.

ANA: Boa tarde.

BRUNO: Boa tarde, Ana. Acho que vocês não se conhecem, né? João, essa é Ana, prima do Danilo.

João, surpreso, dá a mão e ambos se cumprimentam.

JOÃO: Prima do Danilo? (T) Você não é aquela que/

ANA: Que matou a própria tia enquanto sofria uma badtrip ou...Quase isso? Acho que você ainda tem uma vantagem sobre mim.

João contém o sorriso de admiração, e ambos trocam olhares. 

Takes da cidade / Transição da tarde para noite

CENA 28 RUA DA CIDADE [NOITE]

Um ônibus para. Joana desce, exausta, ajeita a bolsa com dificuldade, enquanto caminha.

Corta para
Um carro parado, onde lentamente é mostrado Josué, ao volante. Josué olha para alguém fora da tela.

JOSUÉ: Alguém te viu?

Rafaela aparece na janela, à espreita.

RAFAELA: Não, mas a gente tem que ser rápido.

Imediatamente, Joana surge logo atrás e flagra a cena. Pelo seu ponto de vista, Rafaela entrega uma pasta preta a alguém que não é visto.

RAFAELA: Se o Roger desconfiar que eu roubei o projeto dele...

JOSUÉ (O.S): Aquele babaca só se esforça pra ser o que é: Um babaca. Não se preocupe com ele.

E Josué beija Rafaela na boca.
Em Joana, sem acreditar.

JOANA: Rafaela e o seu Josué?

Joana abre a bolsa, procura aflita por algo, até que pega o celular. Ela disca, mas ouvimos uma mensagem eletrônica:
Este número está fora da área de cobertura ou desligado/”

JOANA: Droga!

Joana começa a digitar um SMS, mas quando se encosta no muro, mãos enluvadas COBREM a sua boca. Joana resmunga, assustada.
O celular cai no chão.

CORTA PARA

CENA 29 CURTO-CIRCUITO – BAR [INT. / MANHÃ SEGUINTE]

Roger entra esbaforido com um celular na mão.

ROGER: Nilo, a Joana sumiu!

Dcr sai detrás do balcão, assustado.

DCR: Como assim? O que aconteceu?

ROGER: A mãe dela encontrou o celular da Joana caído na calçada. Veja o que tá escrito!

Roger mostra o celular e Dcr espia, curioso.

DCR (lendo):A Rafaela roubou seu projeto pra dar a/”

Dcr encara Roger.

DCR: Você ta achando que...?

ROGER: Ela foi raptada, Nilo. É a prova de que meu projeto tá certo. O dono da Desejo Proibido pode ter alguma coisa a ver com isso!

DCR: Peraí! Desejo Proibido? O que é isso?

ROGER: Você se lembra que eu tava pesquisando sobre o milagroso creme que é o preferido da maioria das pessoas que cometeram suicídio ou foram internadas?

DCR: Sim, mas/

ROGER: O tal Gustavo O’nara é dono dessa marca e tio de uma das garotas surtadas. Segundo Joana, ele sempre marca presença na clínica. 

DCR (pensativo): Depois disso eu não posso deixar a Ana visitar a Helena.

ROGER: E nem tem como. Ela é outra que sumiu.

DCR: O quê? 

ROGER: A Joana não sabia o que tava acontecendo, mas muitos pacientes estão sumindo de lá. Tá na cara que esse Erom tá metido nisso.

DCR: Erom?

ROGER: Erom Garcia ou Gustavo. A mesma pessoa, tá bom pra você?

Dcr pensativo, vai saindo.

DCR: Ahn...Eu preciso dar um pulo lá em cima...Já volto.

CORTE DESCONTÍNUO

Para Dcr, já ao celular, se apressando em pegar uma chave de cima da mesa.

DCR: Raíza, preciso que você venha comigo num lugar.

Dcr some da tela.

CENA 30 KATY O’NARA COSMÉTICOS S.A [EXT. / MANHÃ]

Um caminhão de carga entra na garagem do depósito, alguns funcionários ao redor. CAM se afasta e um carro preto estaciona em frente à empresa.
Um funcionário se aproxima da janela, fala algumas coisas as quais não ouvimos, e quando ele sai da frente, o rosto de Erom ao volante aparece.

O PONTO DE VISTA é de Dcr e Raíza, que surgem na cena. Ambos se entreolham, surpresos.

RAÍZA: Mas é o Erom? O mesmo Erom?

DCR: Como isso é possível?

O carro de Erom entra na outra garagem.
Raíza tenta conter a tensão, e sem encarar Dcr, toma coragem.

RAÍZA: Dcr...Eu preciso te dizer uma coisa.

No rosto de Raíza
O suspense marca.

RAÍZA: Foi ele quem matou sua mãe.


FADE TO BLACK


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